15. O mosteiro de Hango

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Quando acordei, estava em meu quarto, deitada na cama. Uma das servas cuidava de mim.

Perguntei por Esmeranda. Responderam-me que velava o corpo do filho.

Perguntei por Gregoriska. Responderam-me que estava no mosteiro de Hango.

Não fazia mais sentido fugir. Kostaki não estava morto? Muito menos casar. Poderia eu casar com o fratricida?

Três dias e três noites passaram-se em meio a sonhos estranhos. Em minha vigília ou em meu sono, via sempre aqueles dois olhos vivos no meio do rosto morto: era uma visão horrível.

Na manhã do terceiro dia, quando deveria acontecer o enterro de Kostaki, trouxeram-me, da parte de Esmeranda, um traje completo de viúva. Vesti-me e desci.

O castelo parecia vazio. Estavam todos na capela.

Dirigi-me ao local da cerimônia. Na entrada, Esmeranda, que fazia três dias eu não via, veio em minha direção.

Era a imagem da Dor. Com um movimento lento como o de uma estátua, pousou seus lábios gelados na minha testa e, com uma voz que parecia já vir do túmulo, pronunciou as mesmas palavras:

- Kostaki ama Hedwige.

Os senhores não podem fazer ideia do efeito que tais palavras produziram em mim. Aquela declaração de amor feita no presente em vez de no passado; aquele a ama, em vez de a amava; aquele amor de além-túmulo, imiscuindo-se no mundo dos vivos, causou-me uma impressão terrível.

Ao mesmo tempo, uma estranha sensação se apoderava de mim, como se eu tivesse sido efetivamente esposa do defunto, e não noiva do que ainda vivia. Aquele caixão me atraía, contra a minha vontade, dolorosamente, como a serpente atrai o pássaro que ela fascina. Procurei Gregoriska com os olhos. Avistei-o, pálido e de pé, recostado numa coluna. Seus olhos estavam longe. Não posso dizer se me viu.

Os monges do convento de Hango rodeavam o corpo, entoando cânticos do ritual grego, às vezes tão harmoniosos, em geral tão monótonos. Eu também queria rezar, mas a prece morria em meus lábios. Estava de tal forma abalada que me parecia assistir antes a uma assembleia de demônios que a uma reunião de padres.

No momento em que levaram o corpo, fiz menção de segui-lo, mas minhas forças recusaram-se a me obedecer. Senti minhas pernas faltarem e me apoiei na porta. Esmeranda veio em minha direção e fez um sinal para Gregoriska.

Gregoriska obedeceu e se aproximou.

Esmeranda dirigiu-se a mim em língua moldávia.

- Minha mãe me ordena que lhe repita palavra por palavra de seu pronunciamento - disse Gregoriska.

Esmeranda retomou a palavra. Quando ela terminou, ele disse:

- Eis as palavras de minha mãe: "Você chora meu filho, Hedwige, você o ama, não é verdade? Soulhe grata por suas lágrimas e seu amor. Doravante você é minha filha como se Kostaki tivesse sido seu esposo. Agora você tem pátria, mãe e família. Vertamos a soma de lágrimas que devemos aos mortos e voltemos ambas a ser dignas daquele que não existe mais... eu, sua mãe, você sua mulher! Adeus, volte para nossa casa. Seguirei meu filho à sua última morada. Quando retornar, me trancarei com a minha dor e só me verá quando a houver vencido. Não se preocupe, irei matá-la, pois não desejo que ela me mate."

Não pude responder a essas palavras de Esmeranda, traduzidas por Gregoriska, senão com um gemido.

Subi ao meu quarto, o comboio se afastou. Vi-o desaparecer na curva do caminho. Embora o convento de Hango distasse apenas dois quilômetros do castelo em linha reta, os acidentes do solo obrigavam a estrada a desviar, demandando cerca de duas horas para alcançá-lo.

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