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O sol já não estava mais no céu, agora restava apenas a lua para iluminar a noite. Caminhei em passos longos até a floresta e em segundos já estava no meio dela, respirei o aroma doce das folhas e grama molhada. Era noite, era o horário perfeito. Me livrei de todas as minhas roupas e andei até uma pedra, ela era alta e eu costumava vir aqui quando era criança, em baixo dela havia uma cachoeira e um belo lago. Rosnei alto e em um belo mortal minhas mãos se transformaram em garras grandes e negras. Meus olhos eram diferentes de olhos de lobos normais, eu era um alfa e melhor ainda, o Supremo Alfa.
Minhas patas encostaram a beira do rio e fui em direção a grama, sentindo ela macia em minhas patas. Uivei alto, André e Felipo escutariam. Mesmo em continentes diferentes, mesmo com a tecnologia de hoje em dia, eu preferia chamar meus melhores lobos assim, só com o som do meu uivado eles saberiam a raiva e o desespero em meu corpo. Corri pela mata quebrando galhos com minhas patas, maiores do que a minha própria cabeça humana. Eu tinha 3 metros de altura e quatro metros e meio de cumprimento, eu era grande como um quarto pequeno. Correr era bom e meu lobo estava com muita, muita fome. Farejei o cheiro de dois servos e não me contive em abocanhá-los de surpresa, os matando e os devorando.
Despois de acabar o meu jantar, coloquei seus ossos no rio e me transformei de volta, meu corpo estava cheio de sangue e fedido. Coloquei minhas roupas e corri em direção a mansão, não usei a porta da frente, dei um pulo alto o suficiente entrando em meu quarto pela janela. Não gostaria que vissem meu corpo coberto de sangue animal, vampiros detestavam. Lobos gostavam, não era como o sangue humano é claro, mas nós saciava e eu particularmente, preferia matar animais do que matar pessoas. Sempre fui contra a política de meu pai e aos seus bailes que se resumiam em um belo banquete de sangue humano.
Tirei minhas roupas mais uma vez e fui ao banheiro, a banheira como sempre estava cheia e aquecida, agradeci a lua por isso. Entrei na mesma e senti meu corpo relaxar. Limpei meu corpo me livrando de cada gotícula de sangue presente nele. Sai da banheira e botei uma calça de moletom e um blusão, afinal, fazia 10 graus na Itália e mesmo eu sendo um lobo, gostava de coisas e roupas quentes.
Peguei meu notebook e vi alguns arquivos das empresas e notícias das alcateias, aparentemente estava tudo em ordem, o que era de se esperar. Felipo, André e suas companheiras são pessoas muito capacitadas e confiáveis. Me deitei na cama, sentindo o colchão afundar com meu corpo e fechei os olhos, respirando fundo. O cheiro mais uma vez veio de encontro a minhas narinas, Corvina. Seu cheiro era como uma droga, era como o sangue mais doce e perfeito. Ah, eu queria agarra-la!
Fechei os olhos e meus ouvidos se ampliaram, me fazendo escutar tudo. Era bom ter dons, mas era melhor ainda ter ligação de alma com alguém. Um rosnado saiu de minha boca ao sentir meu corpo desconfortável. Não, não era eu que estava desconfortável, era Corvina! Senti seus músculos tensos e escutei seus resmungos e chouro baixo. Rosnei alto e em segundos já estava invadindo seu quarto sem medo algum.
Meu corpo ficou tenso ao vê-la na cama se remexer e chorar baixo. Seus belos cabelos estavam colados em sua testa e uma ruga de expressão era formada ali. Corvina se mexia na cama e falava palavras incoerentes, não segurei meu corpo e eu já estava ao seu lado.
-Corvina?!- seus olhos verdes foram abertos e a mesma me encarou assustada
-Killian!- me assustei quando a mesma me puxou e me abraçou.
Ela parecia uma criança com medo do bixo Papao, talvez estivesse com medo dele mesmo.
-O que aconteceu?- quebrei o abraço e segurei seu rosto tentando não ser bruto e a mesma tinha lágrimas espalhadas por sua face angelical
-Eu não conseguia respirar..- sua voz era fraca e a encarei atento a cada palavra -No sonho, eu estava presa e havia coisas em meu corpo, na minha barriga, era como um pacto..- ela tremia -Muito, muito sangue..- mais lágrimas caíram e senti seu corpo se acalmando, ela não estava com vergonha de chorar na minha frente e fiquei feliz por isso
-Havia bruxos?- pergunto sério
-Sim, era como um aviso..- ela parecia confusa e procurando palavras -Era um homem, ele me mostrava o que iria acontecer comigo e falava "não deixaremos!"- ela apertava meu braço com força e seus olhinhos de coruja estavam amedrontados, canalhas! Matarei qualquer um que deixar corvina assim.
-Nada vai te acontecer, eu juro.- encaro seus olhos e antes que eu possa me levantar sua mão forte segurou meu braço
-Fica um pouco, por favor..- sua voz era envergonhada mas amedrontada, me segurei para não sorrir com seu pedido. Eu ficaria e faria o que ela quisesse!
-Tudo bem.- me sentei na cama e corvina me encarou, respirei fundo quando senti a mesma se aproximar de mim e deitar sua cabeça em meu peitoral, o cheiro dos seus cabelos era de deixar qualquer um louco.
-Desculpe por isso.- ela diz e a encaro confuso -Não queria atrapalhar seu sono.- seu braço enlaçou minha barriga e a mesma me abraçou
Eu estava deitado na cama com Corvina abraçada em mim, senti seu corpo se relaxar aos poucos e estava usando meu alto controle para não agarra-la ali mesmo, afinal, iríamos nos casar amanhã e não teria problema algum adiar alguma coisa, principalmente uma tão boa como essa. Não, eu não podia. Mas o decote de sua camisola de seda quase transparente e seus seios amassados em minha barriga pulando para fora não me ajudavam muito. Rosnei baixo e coloquei uma de minhas mãos em sua perna a puxando mais para mim.
-Você nunca me atrapalha morena.- apertei fracamente sua perna e senti seu corpo se arrepiar
Corvina relaxou e dormiu em meus braços, eu certamente não iria dormir com esta mulher tão colada e agarrada a mim.
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CORVINA -2
WerewolfKillian tinha um dever a cumprir, um dever como líder. O único problema era que ele iria liderar dois mundos! Lidar com o seu poder era um desafio, principalmente quando se tem 200 anos e está prestes a comandar tudo. Ele só não sabia que, a...