capítulo quatro | (des)encontros

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...É que eu gostava tanto de você...

(...)

Eu devo admitir que nunca fui uma pessoa baladeira!

Por um tempo na minha adolescência eu até fui convidada pra algumas centenas das mais loucas festas da cidade.

Confesso que fui em algumas.

Confesso que gostei de algumas.

Mas também confesso que esses convites só apareciam por eu estar... digamos... "associada" a uma certa pessoa.

Sendo assim, quando essa pessoa se foi, os convites também se foram. E eu passei alguns longos anos com um círculo restrito de diversão e amizades. O que consequentemente levou a raras festas... ou qualquer outra coisa que envolvesse interação humana básica .

Não.

Eu não era uma esquisita sem amigos.

Eu só não tinha tantos amigos quanto eu imaginava!

Por isso no momento em que soube que ia mudar de cidade decidi que minha jornada de festas seria retomada, mesmo que esse não fosse nem de longe meu ideal de diversão.

Então, observando meu reflexo pelo espelho que ficava firmemente pendurado atrás da porta branca do meu quarto , minha ficha caiu.

Eu estava enferrujada.

Fazia um tempo bom que eu não me arrumava para ir a uma festa.

Na realidade, essa seria minha primeira vez em uma balada.

Uma balada de verdade.

Nada daquela luz de gelatina horrorosa e pista xadrez das festas de quinze anos.

O vestido ombro a ombro rosê, era uma das peças de roupa mais bonitas que eu tinha. Era uma coisinha velha que eu desenterrei da décima camada do meu guarda-roupa e que eu ganhei dois anos antes, quando pesava no mínimo três quilos a menos. Estava mais justo, mas dava pro gasto!

Também tentei a sorte com saltos altos de um bege sem gracinha! Se Deus fosse bom comigo, eu aguentaria toda a noite com muita elegância em cima deles.

Às onze em ponto encontrei com Samuel e Rosa na porta do local combinado, uma balada exclusiva na zona sul, onde Rosa magicamente conseguiu três pulseiras VIPs.

Uma longa, porém não tão interessante história, segundo ela.

O lugar era maravilhoso!

Por fora uma fachada quadrada, mas elegante, toda trabalhada em vidro e madeira! Um jardim florescia ao redor, com plantas que subiam pela parede de uma forma quase artística.

Por dentro ainda mais incrível, mantendo o convencional do que se espera de uma balada, mas com um toque a mais. Pelo que pude ver era dividido em três ambientes: uma pista de dança, um bar e um mezanino.

Esse último espaço rodeado por vidros que impediam a visão do que tinha lá dentro, mas eu logo descobri o que era, quando fui arrastada, por uma Rosa super animada, pela escada que dava acesso ao local.

Pelo visto nossas pulseiras eram realmente VIPs, já que não tivemos nenhum problema para entrar.

_Aí estão vocês! - Rosa disse quando parou em frente a uma mesa onde dois homens estavam.

O andar de cima era bem mais reservado, com uma espécie de restaurante e bar privativos. Como eu suspeitei o lugar era cercado por um vidro refletivo, que mostrava boa parte do andar de baixo, praticamente toda pista de dança e bar.

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