Ele sempre tentava me animar quando eu estava triste. O que ultimamente acontecia com muita frequência. Eu culpava os hormônios, mas no fundo sabia que boa parte era ciúmes por vê-lo com outra pessoa.
Não sei. Parecia errado para mim. Éramos amigos, mas eu sentia mais, só não conseguia entender muito bem o que era. Nos conhecíamos praticamente a vida inteira e era estranho pensar em nós como algo mais que amigos, mais estranho ainda pensar como "apenas amigos".
_Ei, aonde você foi agora? Está com a cabeça nas nuvens? – ele sorriu e bagunçou meu cabelo levemente.
_Sim... só pensando em como você é um babaquinha.
_Nossa – colocou a mão no peito como se ofendido, o que ele não estava é claro. Brincávamos assim o tempo todo.
_Obrigada por todos esses doces, mas eu não estou de tpm. - apontei para todas as guloseimas que ele trouxe e estavam espalhadas na cama.
_Correção – ele abriu um pacote de M&M – você não está de tpm ainda.
Nos encaramos e caímos na gargalhada. Ele tinha razão, eu não estava na tpm ainda, mas quando chegasse seria um misto de lágrimas e ódio.
De qualquer forma o que me incomodava ia muito além de problemas hormonais. Ele era dois anos mais velho do que eu e já estava vivendo coisas diferentes de mim. Uma delas era seu primeiro romance com uma das garotas mais bonitas do colégio. Aquelas do tipo que não te dão um segundo olhar no corredor da escola.
O celular dele apitou e de canto de olho eu vi a mensagem dela. Ele virou a tela levemente, mas mesmo assim eu não perdi o conteúdo "picante" da mensagem. Cristina Sanchez era um inferno na minha vida, literalmente.
Ela não ia muito com a minha cara e era recíproco, mas eu nunca entendi por que uma garota que já está no último ano tem que encher tanto o saco de um calouro.
_Quem é? – me fiz de boba quando vi que ele já estava há muito tempo no celular.
_É aquele menina da escola, Cris. Estamos combinando de sair...
_Ah! – revirei os olhos. Eles nunca tinham tido um encontro, caso contrário eu saberia. Mas com certeza já ficaram, muitas e muitas vezes.
_Ah? – ele sorriu convencido – Eu peguei essa reviradinha de olho aí.
_Não pegou nada. – me joguei na cama, olhando para o teto tentando esconder o maldito sentimento de ciúmes. – É que ela é bem chatinha né, não sei como você aguenta.
_Ela beija bem – ele continuou digitando no celular.
_Eu beijo bem também – eu disse sem pensar e palavras jogadas ao vento não podem ser retiradas. Quando percebi ele estava apoiado do meu lado, olhando no meu rosto, uma sobrancelha sugestivamente arqueada.
_Ah é?
Apoiei em um dos meu cotovelos e o encarei mais de perto, nossos rostos estavam tão próximos que eu podia sentir seu hálito de menta no meu rosto.
_Sim! – sussurrei.
_E quem você já beijou? – ele sorriu debochando – Além do seu travesseiro é claro.
_O Matheus do segundo ano. - joguei, segurando seu olhar.
_O Matheus? – ele ficou sério. A realidade é que não tinha sido bem um beijo, foi mais um selinho na festa de dez anos dele, o que foi alguns anos atrás, mas eu não diria isso a ele. – Eu duvido Mavi.
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NÓS
RomanceMavi e Dante eram inseparáveis como duas almas destinadas a ficarem juntas, até que um incidente os afasta por alguns anos. Porém o destino, famoso em pregar peças, faz com que eles se reencontrem mais tarde em um ambiente inesperado. Ela está mago...