Fui ao meu primeiro jogo de futebol aos sete anos.
Lembro como se fosse ontem do dia ensolarado de primavera que mais tinha cara de verão. Estava quente e minha mãe me obrigou a passar uma camada extra de filtro solar, dando seu usual discurso sobre a importância de cuidar da pele. Lembro do caminho animado até o pequeno campinho de futebol que ficava em nosso bairro, simples e sem cobertura, fazendo com que o sol batesse constantemente no meu rosto, levando-me a apertar os olhos para enxergar a partida. Também lembro da minha mãe muito alegre, vestindo uma blusa azul masculina, que eu nunca descobri de quem era, as bochechas marcadas com tinta igualmente azul, as cores do time.
Era um dia atípico, já que nosso local regular de passeio era sempre o shopping center da cidade.
Naquele dia quando saí de casa eu nem imaginava, mas mais tarde iria descobrir que simplesmente odiava futebol.
Não só por não sentir a mesma euforia desconcertante de todos os torcedores, que vibravam e se contorciam com cada lance, mas também pela agonia que eu sentia toda vez que ele tocava na bola.
Ele era bom é claro! O melhor do time, mesmo com tão pouca idade.
Dias antes eu escutei uma conversa de nossas mães e o assunto era seu inegável talento para o esporte! O que lhe renderia ao longo dos anos uma gama considerável de popularidade.
Certo é que jogar parecia natural pra ele.
E era angustiante para mim.
Vê-lo correr de um canto ao outro atrás de uma bola, com todos aqueles jogadores em cima, tentando marcá-lo a todo custo, me dava queimação no estômago.
E então, naquele dia, aos vinte minutos do segundo tempo, eu confirmei que nunca seria uma boa apreciadora do esporte. Não importa o quão amigos éramos.
Um garoto, três vezes maior, invadiu a área para tentar a posse de bola, e simplesmente porque ele podia, lhe chutou os pés.
Aquilo rendeu uma queda feia... e um braço quebrado... e claro, muitas lágrimas!
Minhas e dele!
Sempre fui uma chorona sentimental e naquela noite fui para a cama pensando em todas as formas de me vingar do José Henrique Guimarães, do primeiro ano fundamental Dois A, por ter machucado o meu melhor amigo!
E também prometi a mim mesma que nunca mais assistiria um jogo de futebol na vida.
O que não aconteceu!
Logo quando o braço do meu amigo se recuperou ele voltou aos gramados. E eu voltei a assistir os jogos de futebol, o que sempre me rendia uma forte dor de barriga, seguida por uma angústia intensa, de fazer qualquer um querer se esconder. Mas fazer o quê, não é? Naquela época eu faria qualquer coisa por ele.
(...)
_Você está linda!
Muita gentileza, já que eu fiz o mínimo de esforço para me arrumar pro dia de hoje. Minha legging e camisa preta eram a prova disso. Aquele era o look mais esportivo que meu guarda-roupa poderia proporcionar, ou que minha imaginação limitada para moda conseguiria criar.
Ben, Samuel e eu tínhamos acabado de nos encontrar em frente ao pequeno estádio onde aconteciam todos os jogos de futebol da universidade. O lugar era próximo ao campus e parecia muito bem equipado, considerando que não se tratava de um time profissional.
Estávamos apenas esperando por Rosa. Ela enviou uma mensagem avisando que estava presa no trânsito e atrasaria uns dez minutos do combinado. Nada para se desesperar já que o jogo só começaria mais tarde.
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NÓS
RomanceMavi e Dante eram inseparáveis como duas almas destinadas a ficarem juntas, até que um incidente os afasta por alguns anos. Porém o destino, famoso em pregar peças, faz com que eles se reencontrem mais tarde em um ambiente inesperado. Ela está mago...