capítulo nove | perto

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_Ei meu amor! Estou tentando falar com você há tempos. O que aconteceu? - minha mãe perguntou do outro lado da linha, sua voz transparecendo aflição. Eu podia até imagina-la enrolando uma mecha de cabelo escuro em volta dos dedos, como sempre fazia pra aliviar a ansiedade.

Eu não queria preocupa-lá de forma alguma, mas ainda era difícil assumir para mim mesma que tinha reencontrado Dante, quem dirá contar pra outra pessoa.

E não, eu não era obrigada a contar nada pra ela! Mas eu não suportaria manter isso escondido por muito tempo. Ela viu como eu fiquei quando ele se foi, me viu quebrar e depois juntar caquinho por caquinho. Foi meu maior apoio nesse tempo e se não fosse por ela nem sei como teria me reerguido.

Fora que eu precisava muito desabafar com alguém que entendesse a situação e me dissesse o que fazer.

Naquele momento, talvez, eu ainda não estivesse pronta! Mas precisava de coragem para contar ou iria surtar.

Tinha pensado muito sobre isso nos últimos dias. Dante foi uma pessoa que eu amei, que eu dei tudo de mim. Ele foi meu amigo... em alguns momentos meu único amigo. Foi meu confidente, a pessoa em que eu podia jurar que poderia confiar cem por cento!

Quando ele foi embora, passei um tempo em negação, esperando o dia em que ele finalmente fosse aparecer no meu quarto com o braço cheio de comida, me chamando pra assistir alguma série qualquer na Netflix!

Isso nunca aconteceu e com o tempo eu me conformei. Aprendi a seguir em frente sem ele.

É lógico, tirei lições valiosas dessa situação.

Um: o amor é uma merda. Deixa a gente bem idiota e deve ser reservado pra livros e filmes melosos.

Dois: só existe uma pessoa no mundo em que podemos confiar e é Deus.

Três: eu não queria nunca mais sentir esse sentimento de ser abandonada. Foi horrível e eu jamais me permitiria passar por isso novamente.

E então ele estava ali. Tão perto de mim. No lugar onde eu jurei que daria uma nova chance a todas as oportunidades que eu perdi. O lugar que seria meu recomeço.

Ali ninguém me conhecia, ninguém sabia da minha história, do meu passado! Eu teria uma chance de seguir em frente sem ficar presa às correntes que Dante prendeu em mim.

Pelo menos foi o que eu pensei.

_Eu estou cheia de trabalho. - respondi. Sem mentiras até aí, apenas omitindo informações. A faculdade era realmente uma parte pesada da minha rotina, tomando grande parte do meu tempo.

_Isso não é desculpa pra não falar com sua mãe. - ela me repreendeu, mas no instante seguinte suavizou a voz. - Sei que você tem se esforçado muito e fico muito orgulhosa por isso! Só não fique tanto tempo sem mandar notícias. Eu fico louca aqui. - ela suspirou do outro lado da linha - E não se mate de tanto estudar.

Mal sabia ela que antes eu morreria do coração.

_Tudo bem! Só estou sem tempo mesmo, sinto muito! Isso não vai se repetir.

Conversamos por um tempo e eu contei a ela como foi minha semana, deixando de fora o dia do jogo de futebol, já que simplesmente não ia aguentar segurar a minha língua e nem minhas lágrimas.

Eu não manteria isso em segredo por muito tempo. Mas ainda precisava pensar melhor no assunto, colocar a cabeça no lugar! Ou tentar!

(***)

_Obrigada por vir comigo!

_Sem problemas... vai ser um prazer segurar sua mão nesse momento difícil! - Ben riu, apertando levemente a minha mão. Estávamos em um clima de flerte que era ao mesmo tempo reconfortante e assustador, e eu não sabia muito bem como agir.

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