11- Planetas

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Uma vez ouviu falar que todos temos nosso próprio conjunto planetas.
Disseram que seus gostos eram seus cometas e asteróides.
Falaram que seus amigos seriam seus satélites.
Achou bobo, como seriam as pessoas universos inteiros dentro de mundos tão pequenos e insignificantes?
Noutro dia, passou a se identificar como Lua, rondando aqueles que amava, emanando a luz que refletia, pura e bela.
Reconheceu Mercúrio. Tão quente e febril quanto poderia ser, ao mesmo tempo que tão frio como uma geleira. Mesmo que pequeno, exalava grande beleza e coragem, enfrentava o astro rei sem nem ao menos titubear.
Percebeu Vênus. Seu brilho era capaz de chamar a atenção a anos-luz de distância e sua sensibilidade para com tudo ao seu redor o deixava belíssimo, encantando quem o olhava.
Identificou Terra. Era intensa e única dentre a tantos planetas. Rochosa e ao mesmo tempo transbordando alegria. Passava todos os dias por suas constantes transformações que mudavam todo o seu curso. A vida saltava de seus poros, inspirando os outros e tirando os sorrisos mais puros e sinceros.
Avistou Marte. A cor vermelha lhe causava uma inquietação dentro de si, a vida que um dia tivera se encontrava estampada em sua coloração. Seu calor se esvaindo aos poucos, o tornando seco. Quis abraçar Marte. Quis volitar por sua órbita escura e entristecida.
Sorriu a Júpiter. Sua infelicidade era encoberta por todos os seus seguidores, que o idolatravam mesmo não tendo nada mais do que gás para oferecer a todos eles.
Conheceu Saturno. Sempre rodeado por suas luas, sorrindo mesmo que seu entorno seja congelante. Desvendou o mistério de seus anéis que adornavam o belo planeta, contagiando-se com suas ida e vindas.
Viu-se amigo de Urano. Estava sempre deitado, como um bom preguiçoso. Amante de Shakespeare, nomeava seus amigos como personagens de livros. Andava sempre adornado de anéis coloridos, era extravagante com sua coloração azulada.
Sondou Netuno, que por sua vez era a alma gêmea de Urano, tendo seu azul intenso completado pelo do outro. Suas tempestades eram intensas, porém seu acalento vinha sempre que dava telha.
Sentiu-se Plutão. Pequeno e por vezes parecendo insignificante. Esquecido dentre todos os outros 8 grandes planetas. Mais frio que os Polos Terrestres. Mas mesmo assim, existente entre tantos outros astros, os observando de longe orbitar em seus ritmos próprios, afastado de todos mesmo que sua maior vontade fosse orbitar em torno de cada grandioso sistema como um pequeno cometa.
Nunca se viu como Sol. Tão grande e poderoso, inalcançável e borbulhante, fonte de energia e felicidade. Mas tinhas seus sóis, cada qual com sua história.
Enxergou seus cometas e seus asteróides, tão majestosos quanto o próprio sol, deixando rastros coloridos. Por vezes se despedaçavam e causavam alvoroço ao colidirem, por outras apenas continuam orbitando em seus próprios universos, deixando pequenos fragmentos de si por onde passavam.
Conseguiu identificar algumas pequenas constelações ao meio de tantos astros, destacando-se tão puramente que era impossível não notar cada conjunto de estrelas feitas de fogo vivo. Pôde ver alguns buracos negros se formarem e sugarem para si toda sua alegria momentaneamente, mas como em toda a escuridão sempre há um pontinho de luz (por mais que muitas vezes ele seja minúsculo e considerado insignificante como Plutão).
E então se viu percebendo seu próprio universo, dentro de seu mundinho particular antes considerado pequeno e insignificante, onde orbitavam sua Via Láctea completa, com todos os astros, satélites, cometas e asteróides possíveis.
Viu que, sim, cada um constitui aos poucos seu próprio universo, percebeu que seu mundo não se resumiria apenas a Via Láctea, podendo expandir-se por muitas galáxias.
Sentiu, afinal, que o universo estava em seus ossos, os planetas em sua alma e as estrelas em seus olhos.
Sorriu enfim, deixando-se expandir por seu pequeno universo particular.

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