Não era como se algo a perturbasse. Nunca era, na verdade.
Seus olhos sempre aflitos não paravam em um único lugar, sempre correndo de ponta a ponta do cômodo claro.
O pé direito batia incansavelmente sobre o piso de madeira, fazendo com que sua perna tremesse e parte de seu corpo balançasse.
No peito, algo prensava seu coração, lhe doía a alma, lhe arrancava as entranhas.
Mas não era como se algo a perturbasse. Nunca era, na verdade.
As lumes fechadas, a respiração falha, o desgosto claramente representado em sua face.
Os lábios soltando palavras desconexas, talvez alguma canção que ouvira há algum tempo, não se sabe bem.
Os cabelos desgrenhados lhe caindo nos ombros cabisbaixos, a aura de pena que cobria-lhe o corpo.
Mas não era como se algo a perturbasse. Nunca era, na verdade.
A pele ansiando por toques reconfortantes, a mesma derme da qual negou a tantos.
A mente trabalhando a mil, com histórias e mais histórias que nunca teriam ao certo um fim.
O corpo perdido entre tantos, respirando amarguras diversas e expirando pedidos de ajuda. Exalando tristeza em deixar um baque surdo ao cair no chão.
Mas não era como se algo a perturbasse. Nunca era, na verdade.
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Compilado de Aleatoriedades
Kısa HikayeDiferente do meu habitual, deixarei aqui alguns contos e Oneshots que escrevi durante os anos, para que vocês possam ler e aproveitar um pouco das minhas aventuras literárias nada convencionais, assim como meus devaneios literários que tenho guardad...