A pequena praça, esquecida durante a semana, encheu-se de gente naquela tarde gelada de sábado. Era um final de dia calmo, as delicadas flores de cerejeira caindo com uma lentidão impecável sobre a grama verde, dando um belo contraste ao que as cores se misturavam.
Se ao acaso você virasse o rosto para encarar seu lado direito, poderia encontrar um casal de idade, ambos sentados observando o pôr-do-sol em um banco de madeira surrada, como se estivesse sofrendo com o tempo há anos. O sorriso crescia no rosto da mulher ao que o homem sibilava poucas palavras. Poderia parar sua observação ao vê-los se abraçando ladino, o sorriso crescendo em ambos os rostos envelhecidos.
Em outro canto, mais a sua esquerda, poderia se observar crianças correndo e se jogando no chão, em um jogo da qual você nem imaginaria qual seria, caro leitor, mas o sorriso esboçado em seus rostos gordinhos e infantis mostrava o quão felizes estavam. Sorrisos sinceros, risadas sinceras.
Já mais a sua frente, poderia encontrar um corpo estático perante o pequeno lago de patos. As flores de cerejeira caiam sobre si, deitado, aproveitando o vento gélido bater contra o rosto invisível aos seus olhos. Os fones caídos contra a grama que lhe pinicavam as costas.
O sol ao horizonte sumia tão lentamente quanto as pessoas iam embora, juntando seus pertences e resquícios de seus sentimentos, dos quais nunca saberemos ser falsos ou não.
Pode-se ver o casal se levantando com dificuldade, o senhor apoiar as mãos de sua senhora nas costas e, sem descartar o apoio de sua bengala, sair caminhando sem pressa até algum lugar desconhecido por nós. As crianças acompanharem seus responsáveis enquanto tagarelavam sobre seu dia, e o corpo deitado se levantar e observar o céu estrelado, as lágrimas caindo por seu rosto por razões desconhecidas a nós.
Este em específico não se vai antes de deixar um sorriso sincero em sua direção, sem ao menos saber a razão deste, e então se põe a andar em passos silenciosos pelas ruas mal iluminadas da pequena cidade.
Sob seu olhar atento, as ultimas pétalas da cerejeira caem a sua frente e seus olhos se fecham, a dádiva daquele dia espetacular se esvaindo, assim como sua mera presença em meio ao campo esverdeado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Compilado de Aleatoriedades
Cerita PendekDiferente do meu habitual, deixarei aqui alguns contos e Oneshots que escrevi durante os anos, para que vocês possam ler e aproveitar um pouco das minhas aventuras literárias nada convencionais, assim como meus devaneios literários que tenho guardad...