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   — Vamos pra discoteca?

   Gwilym o convidou para ir ao seu lugar favorito, e mesmo que estivesse com uma sensação horrível tomando conta de seu corpo, ele aceitou o convite com um sorriso.

   — Claro querido. — Ele voltou para o quarto, abrindo o guarda roupa e escolhendo o que deveria vestir. Escolheu sua camisa rosa estampada favorita e uma calça jeans, deu uma levantada no cabelo e estava pronto para sair, seu namorado se vestiu de uma maneira mais simples, mas não havia problema.

   Os dois saíram do apartamento, e tudo era exatamente como Joseph se lembrava, os corredores monótonos do apartamento, a entrada sempre vazia, diferente da rua, sempre barulhenta por conta dos carros e ônibus que passavam ali. Ele saiu pela rua saltitando, como sempre fez durante toda a sua vida, e Gwilym apenas o acompanhava andando, rindo de como o seu pequeno estava animado.

   — Não sabe porque eu estou te levando na Discoteca?

   — Sinceramente não.

   — É nosso aniversário de namoro.

   Joseph não pode deixar de sorrir, mas havia algo errado, ele se lembrava de namorar Gwilym, mas era como se ele conhecesse seu namorado há cinco minutos.

   — Quantos anos?

   — Dois anos querido, eu não acredito que não se lembra. — Gwilym pareceu um pouco chateado.

   — É que... Não parece que faz tanto, é estranho, eu não sei...

   — Esquece isso. — Ele segurou a mão do ruivo, acariciando a mesma. — Vamos nos divertir hoje, você vai adorar.

   — Joseph!

   Era uma noite escura e chuvosa, mas Benjamin não desistia de procurar o único lugar que as pessoas além dele não enxergavam, algum prédio antigo que estava por perto, ele não conseguia avançar mais do que aquilo.

   O loiro corria desesperado pelas ruas, ele tinha que achar algum lugar fora do comum, ele precisava achar Joseph, ele precisava entender o que estava acontecendo...

   O casal chegou até o local, Joseph sorriu ao ver as mesmas pessoas ali, o DJ Tim, Alice preparando os melhores drinks no bar, os discos decorativos nas paredes, as luzes...

   — Eu gosto tanto daqui. — Joseph disse com um sorriso no rosto, segurando a mão de Gwilym e o levando com ele para a pista de dança. — Vem dançar comigo!

   — Joseph!

   Benjamin chamou, ainda correndo por nova York, sem se importar com o frio ou com a chuva, até que viu um prédio no meio da rua, os carros passavam por ele, mas ele continuava intacto.

   — Joseph... — Benjamin correu entre os carros só para chegar até aquele prédio, foi um tanto assustador para os motoristas ver alguém entrar na frente dos carros e desaparecer logo em seguida.

   Os dois já estavam dançando, Joseph estava tão feliz por estar naquele lugar que estava se esquecendo da sensação estranha de que algo precisava ser reparado, e ele teria ficado ali por mais tempo, se não fosse o chamado de um antigo amigo.

   — Olha só se não é o John!

   Anitta era uma das amigas que Joe que sempre estava na discoteca, e assim que ela o chamou de John, ele sentiu uma vibração estranha percorrer seu corpo.

   — John... — Ele olhou para Gwilym. — Meu nome é John Anderson, por que estou... Acostumado à você me chamar de Joseph?

   — Joseph? Eu nunca te chamei assim. — Gwilym coçou a nuca, o que ele geralmente fazia quanto estava mentindo. — Deixa isso de lado, vamos continuar dançando.

   Benjamin entrou no prédio e foi rapidamente para o elevador, não sabia em qual apartamento Joe morava quando era vivo, então resolveu usar seus poderes para descobrir.

   Quarto andar, apartamento 48.

   O elevador não subiu tão rápido quanto ele queria, estava agoniado, assim que as portas se abriram, ele saiu correndo, se jogando contra a porta, vendo a mesma cair no chão. Ele entrou no apartamento, a decoração era incrivelmente brega, o que fez ele ter certeza de que estava no lugar certo.

   O loiro correu até o quarto, vendo seu marido desacordado em cima da cama, sem barba e com o permanente no cabelo.

   — Aí meu Deus! — Ele ficou ao lado do ruivo na cama. — Joe! Por favor Joe acorda!

    "Joe! Por favor Joe acorda!"

   — Tem alguém me chamando...

   O ruivo se afastou de Gwilym, ele reconheceu a voz, sentindo um calor em seu coração maior do que quando Gwilym o tocou ou o abraçou, ele não conseguia se lembrar do dono da voz, mas sabia que aquilo tinha haver com o sonho do qual ele tentava se lembrar de qualquer maneira.

   — Joe, não. — Gwilym o agarrou. — Fica calmo, deve ter algo acontecendo em sua cabeça...

   — Me solta! — Ele se afastou bruscamente, atraindo a atenção das pessoas na pista de dança. — Você talvez nem seja meu namorado de verdade! Não consegue acertar meu nome!

    "Para acordar de um sonho, você precisa morrer, por favor Joe, tente... Tente morrer."

   Ele estava com medo de tentar o que a voz indicava, mas aquela voz lhe transmitia tanta segurança e paz que ele não perdeu tempo em sair correndo da discoteca, Gwilym estava correndo atrás dele, mas ele não queria olhar para trás. Correu de volta para seu prédio, sem tempo para esperar o elevador, subiu até o terraço, se aproximando da beirada, pronto para pular.

   — Não faça isso! John!

   Gwilym tentava gritar, mas não adiantou.

   Ele se jogou de cima daquele prédio.

   E acordou gritando, dando de cara com o homem mais lindo que já tinha visto em toda a sua vida.

   — Joseph! — Benjamin o abraçou, ouvindo ele chorar desesperadamente.— Já passou... Já passou amor.

   Foi a experiência mais perturbadora de Joseph desde que ele viu a alma de Gwilym presa no porão, a vida pacata que ele deveria ter não passou de uma ilusão, agora ele estava no mundo real, tendo seus poderes sugados lentamente enquanto sua família estava espalhada pelo mundo, todos correndo risco de vida.

   — Eu sei que é difícil... Mas temos que acordar.

   Os dois ficaram abraçados por um tempo, até Joseph conseguir conter as lágrimas e olhar para o marido.

   — Eu fiquei com tanto medo... Você também estava preso?

   — Todos estão, eu tive sorte, mas duvido que os outros tenham a mesma sorte e acordem sozinhos. — Ele acariciou os cabelos do ruivo. — Temos que ajudá-los, eles estão espalhados e precisam da gente...

   — Estamos em Nova York não é... Por que não ficou em Londres? O Freddie, o John e o Jim estão lá!

   — Eu estava desesperado para te achar, eu não sei o que foi aquele clarão, mas se você morava nesse apartamento quando virou serpente, talvez todos estejam em algum lugar importante para a transformação deles.  Estamos em Nova York, então... Vamos para a França, pegamos o Lawrence, depois para Londres atrás daqueles três, de lá vamos para Belfast... A Grécia é um louco longe não é?

   — O problema é o Roger, ele nunca nos disse onde o jardim do Éden ficava...

   — Vamos acordar o Brian, ele deve saber. — Benjamin se levantou, estendendo a mão para o ruivo. — Vamos para a França?

   — Vamos.

   O ruivo sorriu fraco, agarrando a mão do esposo, e os dois usaram seus poderes para irem até a França.

The Deal • The Final ChapterOnde histórias criam vida. Descubra agora