— Meu amor?
Joe se espreguiçou na cama, custou para ele abrir os olhos, estava realmente cansado. Era como se ele tivesse dormido por muito tempo.
O ruivo abriu os olhos, e a sua frente, estava Gwilym, sorrindo para o namorado.
Gwilym... Era seu namorado?
— Eu dormi por quanto tempo? — A cabeça de Joseph doía, ele sentou na cama, passando as mãos pelos cabelos arrepiados por causa do permanente, sentindo que estava deixando algo extremamente importante passar.
E por mais que estivesse tentando se lembrar, não conseguia.
— Desde ontem a noite.
Gwilym acariciou o queixo liso dele, sorrindo e deixando um beijo em sua bochecha, o homem usava apenas calças de moletom, estava com uma expressão sonolenta, mas mesmo assim era incrivelmente lindo.
— Eu acho que tenho que levantar...
Joseph saiu da cama, olhando para o quarto que estava ao seu redor, e tudo era familiar. A cama bagunçada, sua vitrola, sua pilha de discos, o baixo que estava aprendendo a tocar, porta retratos com imagens de sua família e amigos, tudo estava no lugar... Mas nada parecia certo para ele.
— Joe? — Gwilym levantou, indo atrás dele. — Para onde está indo? Aconteceu alguma coisa?
— Eu sinto que estou esquecendo de alguma coisa importante... Mas eu não faço ideia do que seja.
Ele foi andando até a minúscula sala do apartamento, depois para a cozinha apertada, enquanto tentava se lembrar de alguma coisa.
— Amor nada de anormal aconteceu ontem. — Gwilym se apoiou na parede, cruzando os braços, olhando para o namorado com o cenho franzido. — Você tem certeza de que tudo não passou de um sonho?
— Como assim um sonho?
— Vai parecer que tudo não passou de um sonho.
Rami observava Joseph, desacordado, em cima da antiga cama de seu apartamento em Nova York, que apenas os dois conseguiam ver, já que o prédio havia sido demolido para a construção de uma confecção já faziam dez anos. Bom, Joseph e todas as outras serpentes estavam presas no feitiço de ilusão mais poderoso que os três corvos conseguiram fazer, acompanhado de um feitiço ainda mais perigoso.
E este iria acabar com a existência das serpentes, se elas não acordassem e fizessem algo para impedir o que estava acontecendo.
Mas eles com certeza não iriam acordar.
— Um sonho. — Gwilym afirmou. — Quando acordamos, esquecemos dos sonhos, bom, a maioria deles...
— Parecia tão real. — Joseph suspirou frustrado. — Eu queria tanto me lembrar...
— Amor, seja lá o que aconteceu, não era real.
Gwilym se aproximou de Joseph, o abraçando apertando. O ruivo conseguia sentir o toque do moreno, conseguia sentir o cheiro do perfume que ele sempre usou e conseguia vê-lo. Ele estava perfeitamente acordado, e nada havia acontecido.
— Serpentes são incrivelmente patéticas.
Rami atravessou a parede do apartamento ilusório, e quase que imediatamente, um corvo pousou em seu ombro.
— Onde você está? — Ele ouviu a voz de Allen através daquele corvo, os dois usavam as aves para se comunicar.
— Nova York. — Respondeu, acendendo um cigarro. — E você?
— Londres. — Respondeu ele. — Coloquei o último pra dormir, já estão todos espalhados, como nossa senhora mandou.
— Acha que isso vai segurá-los até terminarmos a extração?
— Tenho certeza. Vamos voltar para nossa torre, nossa senhora não consegue fazer a extração sem nossa ajuda, e quanto mais rápido fizermos isso, menos chance deles acordarem.
— Então eu já estou indo.
O corvo que estava sobre o ombro de Rami saiu voando, enquanto o mesmo se transformou em um corvo ainda maior, voando para longe daquele lugar.
Enquanto em Londres, deitado na cama de seu quarto, na casa onde morou até os seis anos de idade, Benjamin também estava preso a uma outra realidade.
E para ele seria ainda mais difícil acordar.
— Benjamin! Você vai se atrasar pro seu curso de teatro!
O loiro abriu os olhos verdes, dando de cara com sua mãe, a mulher de olhos esmeralda e cabelos dourados sorria para ele. Benjamin perdeu os pais em um acidente de carro quando tinha seis anos, e sua mãe estava ali, na sua frente, do jeitinho que ele se lembrava dela.
Mesmo que, naquela ilusão, o acidente nunca tenha acontecido.
Ele teve uma vida boa e feliz ao lado dos seus pais, teve até uma irmãzinha, seu tio Philip cuidava muito bem dele, era seu tio favorito, ele estava fazendo o curso de teatro que sempre quis, sua família estava ali, ele teve a vida que merecia.
— Só mais cinco minutos mamãe... — Ele virou para o lado, estava tendo um sonho incrível, até sua mãe atrapalhar e fazer ele esquecer de tudo.
— Sem essa de cinco minutos, seu pai e sua irmã já estão na mesa esperando você.
A única coisa que ele não lembrava era da roupa que sua mãe estava usando, ela usava um vestido branco estilo grego e vários braceletes de ouro.
— Mãe a senhora vai a alguma festa temática? Por que está vestida assim? — Benjamin coçou os olhos, ele já tinha visto aquele vestido, mas não no corpo de sua mãe.
— Não, eu gostei tanto dele. — A loira sorriu, caminhando em direção à porta. — Anda logo, eu fiz seu café da manhã preferido.
Ele levantou da cama, ainda preguiçoso, se vestindo tão rapidamente quanto uma preguiça para ir tomar café da manhã, ele desceu as escadas, indo até a cozinha, sentando-se à mesa, ao lado de sua irmã Emily, que era loira assim como ele, mas tinha belos olhos mel.— O vagabundo finalmente decidiu fazer algo de útil. — comentou a loira, levando um soquinho no ombro de seu irmão mais velho.
— Não enche Emily!
— Ei vocês dois! — O pai de ambos chamou a atenção, desviando os olhos do jornal. — Mal acordaram e já estão assim?
— Ele sempre começa. — Disse Emily.— Ela sempre começa. — Disse Benjamin.
— Não interessa quem começou, o mais importante é quem termina.
E de repente, sua mãe não estava mais usando o vestido grego, Benjamin pensou em perguntar, mas deixou aquela questão de lado, vai ver ele ainda estava meio confuso por causa do sono.
O loiro atacou um prato de panquecas com mel e framboesas antes de sair de casa correndo, e ao sair correndo de casa, algo terrível aconteceu.
Bom, terrível apenas naquela realidade.
Benjamin estava correndo para não se atrasar para o curso quando foi atropelado.
Aquela ilusão tentava se igualar à realidade a um ponto que desastres aconteciam a todo momento, assim como na vida real.
E graças àquela coincidência.
Benjamin abriu os olhos.
Já que a melhor maneira de acordar de um sonho é morrendo nele.
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The Deal • The Final Chapter
Fanfiction"O que eu posso fazer? Eu estou aqui faz apenas um ano!". "Você é o único que pode nos salvar Benjamin, lembre-se disso". Depois de milênios, os agentes da morte decidiram que deveriam acertar as contas com os enganadores da humanidade.