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   Benjamin andava e chorava ao ponto de soluçar.

   Ele tinha que fazer alguma coisa, mas ele não sabia o que, não estava aguentando toda aquela pressão em cima dele. Roger disse que ele era o único que poderia salvá-los, só ele podia salvar a família, e aquilo era assustador.

   Ele só foi serpente por um ano, porque logo ele tinha que ser o único em condições de lutar? Estava se sentindo tão sozinho que poderia morrer de angústia.

   Chegou até o final do corredor, que dava para uma ponte que atravessava um grande buraco redondo, com várias almas presas nas paredes, entre tochas de fogo verde e cordas negras, que brilhavam como fios de ferro. Ele tentou controlar o choro para atravessar a ponte.

   Havia uma esperança, ele era a esperança, ele não podia desistir, ele precisava voltar para casa com todos os nove, ele precisava continuar...

   A imagem de um Joseph idoso sentado no chão e chorando ainda o perturbava.

   Ele atravessou a ponte correndo, passando por um extenso corredor assim como o primeiro, até acabar em outra sala redonda, aquela tinha estátuas de anjos cobrindo o rosto e com as asas para baixo, cada um tinha um corvo pousado em seu ombro, e no centro da sala, estava ela.

   — Olha só o que temos aqui... O mais novo. — A mulher loira sorriu, vendo Benjamin secar rapidamente as lágrimas. — Se eu me lembro bem... Deveriam ter dois aqui, não é mesmo? 

   Benjamin não disse nada, ele apenas fechou os punhos, olhando para aquela mulher quase queimando em ódio.

   — Eu não vou deixar você vivo garoto, então eu tenho uma proposta pra você, que tal... Lutarmos até eu te matar? 

   — Por que eu entraria em uma luta sabendo que eu iria morrer?

   — Bom, você não tem seus poderes para te ajudar, e como eu quero uma luta justa... — A loira tirou algo das costas. — Reconhece isso?

   Benjamin sentiu o coração apertar.

   — Bom... Você tinha uma irmã mais velha chata que fazia tranças em seu cabelo e gostava de te ensinar a andar de cavalo... É uma pena.

   Ela jogou a espada de Paul na frente do loiro, que encarava o objeto sentindo as pernas querendo tremer.

   — Vejamos, eu também tenho outra coisa comigo, era do seu pai, ou melhor,  a serpente que cuidou de você como se fosse um pai rígido.

   E o que ela jogou foi o punhal de Roger, ele raramente o usava, geralmente era para cortar os corpos substitutos das almas e tomar sangue deles.

   — Se usar a espada da sua irmã morta ou o punhal do seu pai morto, eu não uso os meus poderes.

   Ele olhou para as duas armas diante dele, o punhal tinha o cabo e a lâmina feitos de ouro, e havia um rubi encravado nele, algumas manchas de sangue ainda estavam na lâmina, já a espada era bem maior e sua lâmina era prateada, haviam vários nós celtas talhados nela e uma escrita no meio da lâmina, ele lembrava o que significava.

   "A força de Wenhuyer", bom, ela queria dizer que, enquanto segurasse aquela espada, estaria recebendo força de seu povo.

   Benjamin estava bem longe de pertencer àquele povo, mas ele segurou a espada e desejou que tudo o que Paul lhe disse sobre ela fosse verdade.

   — Boa escolha. — O punhal desapareceu, e um bastão apareceu nas mãos da loira.

   Ela foi pra cima dele com tudo, quase o atingindo no olho com o bastão, Benjamin desviou se jogando no chão, sendo atingindo por um chute, mas ele conseguiu revidar dando uma rasteira nele.

The Deal • The Final ChapterOnde histórias criam vida. Descubra agora