O que você quer agora?

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Duas batidas foram feitas na porta.

— Entre.

Um homem com a aparência típicas de surfista entrou no escritório com naturalidade. Seu rosto era bronzeado pelo sol, assim como a pele dos braços e pernas que eram mostradas nas bermudas e camisas com desenhos de coqueiros e praias.

Seu cabelo loiro longo era amarrado em um rabo de cavalo, e uma barba por fazer era evidente em seu rosto bonito.

Ele se sentou em uma das cadeiras em frente a mesa do Rei, onde dois notebook estavam ligados à disposição e algumas pilhas de papéis organizadas.

O mais velho se inclinou na cadeira e disse para o moreno à sua frente:

— Juro que a cada vez que vejo você está mais alto. Isso é assustador.

— Talvez não. Considerando que nas últimas vezes que nos encontramos você estava bêbado e drogado...

— Ah, é verdade. — Ele deu uma gargalhada rouca. A voz prejudicada pelo alto consumo do cigarro. — Enfim, gostei do convite inusitado. Do que você precisa, ó grande Rei?

Kageyama fez uma careta para ele e disse:

— Quero que me fale sobre a Ukai.

O outro piscou surpreso, logo depois deu um sorriso contente.

— Olha só, alguém está se interessando pelos meus bebês. — O Rei apenas franziu a testa pela denominação dada às drogas, mas revelou. Ukai era muito excêntrico. — Bom, eu criei ela basicamente para neutralizar os sintomas de um ôme...

— Isso eu já sei. — O moreno deu um olhar que beirava a sarcasmo. — Pode parecer surpresa, mas eu sempre estou de olho em você e nos seus... "bebês". Nunca se sabe quando eu preciso de alguns... recursos seus. Por isso você está aqui.

Ukai não se aguentou, e soltou mais uma risadinha. De fato, as rugas de expressão ao redor dos olhos completaram seu rosto sorridente. Era tão estranho que até mesmo Kageyama esboçou um pequeno sorriso contra vontade.

— Preciso que me fale dos sintomas da abstinência e quanto prejudicial pode ser ficar sem a droga.

— Certo, certo... Bom, primeiro varia de ômega para ômega. Sempre é diferente. Para alguns aparece os sinais mais cedo ou mais tarde, ou para outros nem aparece com tanta frequência. — Ele respirou fundo e pareceu se concentrar em algum ponto do passado. Seu olhar ficou vidrado, como se estivesse se lembrando de alguma coisa. — De qualquer forma, começa com inquietação. As mãos ficam procurando pela droga, chamando, querendo tocar, querendo usar. E quando não encontram nada, a pessoa começa a se desesperar. Tudo fica difícil. Acordar, levantar, andar e até respirar. Parece que aquilo é excruciante para viver, você precisa daquilo. Logo depois vêm a febre. Alta, parece que você está morrendo de frio, no entanto seu corpo está mais quente do que nunca. Seu corpo tenta poupar energia quando a febre vem e começa a tremer. E essa tremedeira não pára, não importa se a febre baixa ou não. Seu corpo fica tremendo, porque de algum modo ele sabe. Sabe que isso foi apenas o começo. E então vem o pior na minha opinião, sua respiração fica acelerada, e com isso vem o aumento da frequência cardíaca. Mas parece que fica tão forte que você consegue ouvir o seu coração martelando em seu peito, querendo sair. E você vai desejar que ele pare de bater, porque então vai se melhor do que toda aquela dor. — Seus olhos se voltaram para o Rei na sua frente. Geralmente o cientista estava sempre brincando, se divertindo rindo e não se importando com nada a sua volta. No entanto desta vez. Apenas desta vez, seu olhar estava sério. — E depois vem o de sempre. Desidratação clínica, ansiedade, alucinações e ... — Ele hesitou.

Corvos X ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora