Rua de armazéns

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O ar sereno da noite parecia tornar a missão do homem encapuzado ainda mais atraente. Tanto o clima frio, quanto o silêncio presente na rua pareciam lhe dizer que seu lugar era exatamente ali. Seu objetivo tinha que ser comprido.

Não havia escolha.

Um curiosidade de estar no território dos reis, era que mesmo que as ruas daquela periferia fossem públicas, as pessoas já sabiam que aquele não era um lugar para ficar passeando. Havia uma atmosfera de perigo no ar, como um aviso.

"Esse é o nosso território"

O homem sorriu por detrás da máscara que cobria quase todo o seu rosto, deixando apenas os seus olhos cor de avelã à mostra.

Usava um sobretudo escuro por sobre as roupas e um capuz sobre a cabeça, além de botas de couro e luvas cobrindo suas mãos. Sua missão era necessitada de descrição claro, mas o mais importante era ninguém ver seu rosto. Como um assassino, sua identidade era seu maior ponto fraco.

Vestido daquele jeito poderia se passar por um estrangeiro, e a roupa justificada por conta do clima cada vez mais frio na região.

Andou pela calçada, evitando ficar muito próximo das luzes dos postes, e escondendo sua presença. Havia memorizado o mapa da região mais cedo, por isso não hesitava em virar as esquinas e entrar nas ruas. A sensação que tinha, ao andar cada vez mais, é que estava chegando no "coração" da sua missão. Parecia que o seu destino, cada vez mais próximo, estava chamando-o e voltar atrás não era uma opção.

Quando virou a última esquina, perto de um bar já fechado, parou. A rua a esquerda era sem saída e composta por vários armazéns. Já estava perto do laboratório, e percebeu alguns homens rondando ali. Eram quatro ao todo, porém um se destacou por estar sem nada cobrindo seu rosto, ao contrário dos os outros, com os capuzes.

Tinha cabelos cinzas, cortados em estilo militar. Estava vestido informalmente, com calça e moletom e tênis de corrida. Usava fones de ouvido e balançava ligeiramente, como se estivesse acompanhando o ritmo de uma música.

Aos olhos do assassino ele parecia meio desfocado em relação aos três homens que obviamente eram guardas e que estavam em posição de defesa, tensos. Ele parecia quase...relaxado. Encostado ligeiramente em um dos postes, sem nunca parar de balançar e parecendo desinteressado com as coisas ao redor, enquanto os outros três estavam em posições específicas: Um perto da entrada da rua, outro sentado na calçada com os olhos atentos, e outro mais para o meio perto de um dos armazéns, mais afastado do restante.

Estava claro que eles não deixariam ninguém passar dali.

O homem encapuzado começou a se sentir ansioso, o frio quase não sendo mais sentido naquele momento.

Não teria como passar por aqueles homens sem matá-los, porém essa opção não era viável. Se tivesse que chutar, diria que um deles, se não todos, tinham transmissão direta com alguém de fora dali. Provavelmente para passar o relatório de tempos em tempos. Isso dava a ele uma margem de trinta minutos no máximo.

No entanto, para que pudesse chegar ao laboratório e cumprir a sua missão sem problemas, precisaria de mais do que isso. Então matá-los não iria ajudar em nada.

Foi quando lhe ocorreu uma ideia. Se afastou do local, indo para a rua anterior a essa, e fitou o muro de uma das casas. Ele poderia ir por de cima do telhado, achar um caminho seguro por entre os armazéns e chegar no laboratório sem ser visto. Teria tempo o suficiente para completar sua missão, e até que fosse descoberto, já estaria tudo pronto. Ou metade para ser otimista.

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