Sensações familiares e desconhecidas

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— Você... você é louco?! — Hinata arregalou os olhos subitamente se afastando alguns passos para trás. A surpresa e indignação era tão grandes que ele sentia dificuldades para falar — você... q-qual.. seu problema!?

Kageyama apenas suspirou e começou a falar pacientemente, como se estivesse explicando um problema de matemática com uma criança.

— Você ficou alguns meses sem tomar a ukai, provavelmente por isso seu corpo começou a demonstrar os sinais típicos de abstinência agora. Em casos assim, não basta apenas começar a usar de novo e tudo vai voltar como antes as mil maravilhas... você ficou meses sem um cio, e agora seu corpo está finalmente voltando ao " normal", ou seja, tudo o que você guardou e restringiu por meses vai voltar de uma só vez. Eu só estou oferecendo uma saída, quer dizer, é óbvio que sem um alfa com você nessas condições agora vai ser extremamente doloroso, muito mais do que é em um cio normal.

O ruivo apenas ficou estatístico no lugar, não acreditando nas palavras que saia da boca alheia. Eles ficaram se encarando, um perplexo e descrente, e outro tranquilo, até que o alfa cortou o silêncio proferindo:

— Estou praticamente salvando a sua vida, sabe...

Nesse momento, Hinata soltou uma risada incrédula. Aquilo só podia ser uma brincadeira de mau gosto.

Primeiro, eles eram ambos líderes de clãs opostos. Não eram inimigos mas também não eram exatamente melhores amigos.

Segundo, eles se conheciam de verdade em menos de um dia.

Terceiro, Hinata nunca conseguiria se imaginar...transando com ele. Quer dizer, seria estranho no mínimo, não apenas pelos motivos citados anteriormente, mas também pela situação estranha que eles estavam vivenciando.

— Você quer que eu me venda... venda o meu corpo... para você? — Disse, como se estivesse tentando entender.

— Não seria uma venda...— Kageyama parecia quase ofendido — Quer dizer, você obviamente está ganhando muito mais nisso do que eu.

— Sem chance.

Kageyama bufou pela resposta. Ele continuou:

— Pode não parecer no momento, mas eu tenho alguma dignidade, eu sou o líd.... E-ei, o que está fazendo?! — Enquanto falava, o alfa levantou-se do sofá e foi em sua direção. Cada passo que ele dava, era um que ele recuava, até suas costas baterem na parede da sala. — F-fique aí, não quero você mais perto!

No mesmo momento, ele parou, no entanto estava próximo o suficiente para que o menor tivesse que inclinar a cabeça levemente para fitá-lo assustado. Não estava com medo dele, mas ainda estava digerindo a informação de que o outro estava propondo sexo como "pagamento temporário".

O maior inclinou a cabeça para o lado, o que fez com que alguns fios escuros escapassem para a têmpora.

— Eu não vou fazer nada que você não queira.— Disse ele simples — Estou tentando te convencer de que isso vai ajudar nós dois, mas se você se recusa, posso pensar em outra forma de pagamento.

Os olhos azuis escuros se fixaram nos castanhos com firmeza. Apesar de não o conhecer a muito tempo, Hinata tinha certeza absoluta de que ele estava sendo sincero, seu cheiro forte denunciava isso, o que era desconcertante.

No entanto, mesmo que quisesse responder algo no momento, seria impossível, pois aquela mesma sensação, aquele mesmo arrepio subiu pela sua coluna desta vez mais forte, ao que seus olhares não se desprendiam um do outro. Subitamente o azul pareceu se tornar mais escuro.

Corvos X ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora