Capítulo 1 Reencontro familiar

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 Foi mergulhada nesses pensamentos, enquanto admirava a natureza pela janela do trem, que Renata lembrava daquela noite em que esteve com Joubert, ou melhor Job, como gostava de ser chamado.

Já passava das 17h30 quando a locomotiva chegou em seu destino e a despertou daquelas lembranças. A voz do maquinista avisava no alto-falante que acabavam de chegar ao destino.

Criada pelos tios, desde os 3 anos de idade, quando perdeu os pais em um acidente de carro, na cidade tranquila do interior de Minas Gerais, chamada Ouro Preto, Renata passou toda a sua infância e parte da sua adolescência. Mas foi há quase 08 anos, quando completou maioridade, que deixou tudo para trás com intuito de morar na capital em busca de estudos e um bom emprego.

Renata levantou juntamente com as poucas pessoas que ocupavam o mesmo vagão em que ela estava. Enquanto aguardava a liberação para saída, arrumou seus longos cabelos loiros encaracolados que caíam sobre seu rosto fino, atrapalhando aqueles olhos verdes de enxergar o degrau para descer do seu assento.

Do lado de fora, sua tia Miranda aguardava ansiosamente por sua chegada, para passar as festas de final de ano em sua companhia.

- Renata meu amor, como está linda! - Foi com essa exclamação e com abraço carinhoso que Miranda a recebeu após descer do trem.

Naquela estação podia sentir o calor humano das pessoas que aguardavam parentes e amigos que desciam também de outros vagões. Estavam em clima de festas natalinas e a cidade toda lindamente enfeitada para a tão esperada época do ano.

Era sempre nesse período que Ouro Preto se apresentava mais movimentada e com rostinhos diferentes a caminhar por aquelas ruas de pedra estreitas bem interiorana.

Tudo continuava simples, as casinhas baixas com janelas de mastros de madeiras, algumas coloridas de azul, outras em tom pastel, mas todas acompanhadas de telhados estilo colonial. Na praça a igreja com sino que tilintava aos domingos avisando o início da missa matinal e ao fim do dia; na mesma praça o mercado principal da cidade e poucas lojas completavam o principal comércio.

Foi com muita felicidade, sorrisos e muita empolgação que Renata e tia Miranda tomaram um táxi rumo à casa onde morava somente sua tia com esposo e um neto de 10 anos, que eles cuidavam após a morte da filha que havia falecido com complicações durante o parto.

Chegando na porta da casa, Renata desceu do carro e enquanto aguardava o motorista tirar suas malas do porta-malas, observava atenta os detalhes do lado de fora da casa que permaneciam do mesmo jeito desde a última vez que tinha visitado sua família.

Entraram pela sala onde tinha um quadro com retrato dos seus bisavós em preto e branco pendurado na lateral da parede. O sofá era simples, de 03 lugares, coberto por uma linda manta bege. Uma pequena árvore de natal ocupava um canto da sala com poucos presentes sob os pés. A estante, de um marrom claro, sustentava alguns singelos enfeites natalinos e alguns retratos dos familiares.

- Renata!!! - Ronaldo, seu tio, veio apressado da cozinha estendendo os braços e a acolheu em um caloroso abraço - Quanta saudade!!! Você faz muita falta, menina! Aaah, continua linda como sempre! - Segurou a pelas mãos e rodopiou a menina, olhando de cima abaixo como se conferisse se estava tudo em ordem. Afinal, Ronaldo, apesar de tio, a tratava como se fosse sua filha.

- Tio Ronaldo! Também senti muito sua falta! - falou retribuindo com um abraço e um sorriso.

- Depois quero que me conte tudo que tem feito em Belo Horizonte, mas primeiro vamos tomar um cafezinho que preparei com muito carinho.

- Seu cafezinho e sua broa de fubá são irrecusáveis e além do mais, estou morta de fome!!

Seguiram todos para cozinha, Renata foi abraçada a Ronaldo e contava como foi a viagem. Comeram, riram e conversaram tanto que até perderam a noção do tempo.

A noite já havia caído quando tia Miranda arrumou os aposentos de Renata, deixou cobertor, travesseiro e toalhas limpas sob a cama. Ao lado, no criado mudo, deixou uma jarra de vidro com água e um copo, cobertos por um cobre jarra e cobre copos transparente com peças em acrílico, nas pontas, dando todo um charme e sutileza. No armário, tia Miranda, deixou um cobertor sobressalente e mais alguns lençóis.

Na porta, sem ser notada, Renata olhava os movimentos da tia que cuidava de tudo e todos, sempre com muito carinho.

- Que susto, menina! Estava parada a muito tempo aí na porta? - tia Miranda se assustou quando ia se virando para sair do quarto e conferindo se tudo estava como gostava de deixar.

Renata sorriu, deu um abraço na tia e disse:

- Minha tia amada, como sempre tão cuidadosa com todos. Obrigada pelo cuidado e carinho. - Beijou a testa da tia, a pegou pelas mãos até a cama, sentaram e Renata continuou:

- Tia, senti muita falta da senhora em Belo Horizonte. Meus dias sem os seus cuidados não eram os mesmos. O seu abraço, o seu cafuné, seu carinho era o mais me doía de saudade naquela cidade onde só se ouvem os barulhos dos carros.

Renata deitou na cama e colocou a cabeça no colo da sua tia e ficaram ali conversando por algum tempo matando a saudade dos tempos em que moraram juntas.

Com todo carinho e cafuné, adormeceu ali mesmo.

- Mãe, mãe!! - era assim que Pablo, neto de Miranda, a chamava - O celular de Renata não para de tocar dentro dessa bolsa - falou o menino ofegante por ter corrido e estendeu a bolsa entregando nas mãos da mãe.

- Shiiiii!!! Fale baixo, menino! Renata acabou de adormecer. Vamos, me dê essa bolsa aqui, vou deixar ao lado da cama e vamos direto para o banho tirar todo esse suor do corpo.

Tia Miranda apagou a luz, encostou a porta e foi cuidar de Pablo que não parava de falar e contar como foi seu jogo de futebol com outras crianças na rua.

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A gente se vê no próximo capítulo.

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