15 - Nascer do sol

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Maeve Bettencourt – Ponto de Vista

5 de junho de 2014 (quinta-feira)


Era como se não houvesse mais forças em mim para me levantar. Com a cabeça deitada no travesseiro macio e confortável, eu me mantinha chorando silenciosa e ininterruptamente.

Não queria falar com ninguém, não queria ver ninguém. Eu só queria a minha amiga de volta.

Era o segundo dia de velório de Dariella. Entretanto, eu sabia que não teria forças para outra tarde inteira na funerária, tendo que encarar o corpo pálido e sem vida da menina que já havia brincado comigo na infância.

Minha mãe estava me dando um tempo sozinha, para ver se eu conseguia reunir forças a fim de conseguir ir ao enterro, porém eu duvidava que seria possível.

Era de amargar a boca pensar em como alguém poderia ser capaz de machucar uma pessoa tão doce e gentil como Dariella Nicholl.

Eu estava seriamente no limite com aquela droga de situação. Quantos enterros eu ainda haveria de ir? Quanta dor eu ainda haveria de aguentar? Porque, sinceramente, eu não acreditava ter energia e estômago para isso.

— Maeve... — senti o toque suave e carinhoso em meus cabelos, causando uma sensação boa e familiar — Já está na hora de irmos.

— Eu não vou conseguir. — agarrei-me ao travesseiro, ouvindo um suspiro pesaroso de minha mãe — Não vou suportar assistir Dariella sendo enterrada.

— Você precisa se despedir.

— Não quero me despedir. Quero-a de volta.

— Estaremos te esperando no carro, tudo bem? Saímos em cinco minutos.

Eu ouvi seus passos leves se afastando e saindo do quarto. Logo depois, agarrei o travesseiro com mais força e pela milésima vez pedi para acordar daquele pesadelo.

...

O dia estava frio e mais acinzentado do que o normal. O vento forte fazia meu cabelo bater dolorosamente contra o meu rosto e tampar minha visão, mas eu não o impediria de me fazer parar de assistir a pior cena da minha vida.

A Sra. Nicholl estava debruçada sobre o caixão escuro e brilhante, chorando de maneira desolada. Fechei meus olhos. Não suportaria continuar assistindo aquilo. Meu corpo estava fraco e abatido, minhas pernas não suportavam mais o meu peso.

Era horrível. Era desumano.

Senti-me um pouco mais firme por ter os braços de Chandler ao meu redor. Eu precisei deles para me esconder e me manter em pé quando o caixão foi posto na cova funda e estreita. Seu paletó estava molhado, suas mãos geladas e respiração calma. E por mais que fosse um abraço amigo em uma hora de dor, eu ainda não me sentia melhor. Provavelmente, demoraria para que isso acontecesse.

Virei o pescoço a tempo de ver o primeiro punhado de terra sendo jogado sobre o caixão. Era como se a terra descesse pela minha garganta.

Quando havia terminado o enterro, as pessoas começaram a deixar o cemitério. Mas eu me mantive escondida no peito de Chandler, sem querer me mexer no caso da dor aumentar.

— Maeve, precisamos ir. — não respondi ao sentir a mão pesada de meu pai em minhas costas — Já acabou.

Segurei o tronco de Hogan com mais força e ele esfregou os meus braços.]

— Eu a levo embora, quando estiver pronta. — seu peito vibrou quando ele falou com o delegado, de maneira calma e compreensiva. Logo após, eu não podia ouvir nada além do vento agitando as folhas das árvores e o coração do rapaz — Ei, linda, vamos sair daqui? Não é o melhor lugar para você ficar agora.

Bienvenue Mon ChériOnde histórias criam vida. Descubra agora