23.2 - Como se eu fosse te perder

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Maeve Bettencourt — Ponto de Vista

21 de agosto de 2014 (quinta-feira)


Louis abriu a janela com tanta facilidade que fiquei chocada. Aquilo só mostrava a familiaridade que ele tinha em entrar na minha casa escondido.

Não era normal eu me sentir como uma criminosa ao entrar em meu próprio quarto, mas quando pisei no cômodo, parecia errado. Sentia como se aquele não fosse mais o meu lar, apesar de estar da mesma forma em que deixei da última vez que estive ali.

Como já passava das nove horas da noite, meus pais provavelmente não estariam em casa. Papai e mamãe estariam de plantão até a madrugada, o que abria uma brecha para que Louis e eu pegássemos a caixa sem precisar enfrentá-los. Porém, Michelle estaria de babá e contaria que fomos buscar algo deixado por Maurice Sauzey, então ela também não podia saber que estivemos lá.

— Faça silêncio. — pedi para William com a voz baixa, colocando o dedo indicador sobre os lábios.

Caminhei em passos cuidadosos pelo corredor. Pude ouvir a babá assistindo TV na sala e espiei para confirmar se poderia continuar. Fiquei aliviada ao ver que a Srta. Depardieu estava adormecida no sofá.

Tentei procurar a caixa de onde estava parada, mas não a avistei pela sala. Apontei para o fim do corredor, mostrando o quarto dos meus pais. Pensei que estaria lá, pois já tinha procurado no meu. Pomeroy me seguiu quieto e quando entramos, fechou a porta.

— Procure no armário. — falou. Fiz o que disse enquanto o rapaz vasculhava o resto do aposento. Não tivemos sucesso em nossa busca, fazendo Louis se sentar na cama decepcionado. Caminhei até ele, pensando onde Michelle poderia ter colocado os arquivos — Então é aqui que os seus pais transam... — fiz uma forte expressão de nojo ao ouvir a insinuação do garoto enquanto ele batia no colchão.

— Cruzes, Louis!

— Você será a herdeira desta cama. — ele puxou minha mão, fazendo com que eu caísse sobre seu corpo — Não quer aproveitar do que é seu por direito?

— Muito engraçado. — forcei um sorriso amarelo — Você está muito descarado hoje, sabia?

— O que posso fazer? — Louis se aproximou de meu ouvido, fazendo sua respiração quente me corar. Não consegui me mexer, pois ele agarrou minha cintura com suas mãos firmes — Você mexe comigo. — sussurrou — E não me deixa mexer com você.

Percebi que a situação estava ficando perigosa demais quando William mordeu levemente meu queixo, deixando sua barba roçar em minha pele. Tentei disfarçar o arrepio que subiu pela minha espinha, mas ele riu percebendo.

— Vamos, precisamos encontrar os relatórios. — falei afobada, conseguindo correr de sua armadilha. Louis fechou os olhos irritado e se fingiu de morto, deitado na cama — Rápido.

Apertei os passos pelo corredor, tomando cuidado para não fazer barulho. Vi a porta do quarto dos gêmeos encostada e uma enorme saudade fez meus olhos se enxerem de lágrimas. Segurei a maçaneta por alguns segundos, pensando se era uma boa ideia. Algum deles poderia estar acordado e fazer um alvoroço ao me ver, chamando a atenção de Michelle. 

Fechei os olhos por um instante, até que Louis pôs sua mão sobre a minha e me ajudou a abrir a porta.

Para meu alívio, Romeo e Juliette dormiam serenamente, cada um em seu respectivo berço. Apertei os lábios para não chorar. Eu estava há um pouco mais de uma semana sem vê-los e os dois já pareciam ter crescido.

Bienvenue Mon ChériOnde histórias criam vida. Descubra agora