18 - Eu gosto de você

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Maeve Bettencourt – Ponto de Vista

25 de junho de 2014 (quarta-feira)


Era quase nove e meia da manhã, quando eu acordei com a Sra. Cazanueve balançando meu ombro.

— Maeve, querida... Você já pode ir para casa.

Pisquei várias vezes, até minha visão conseguir focar no rosto da mulher que sorria para mim. Olhei para o relógio em meu punho e espreguicei na poltrona.

— Vocês só estão chegando agora?

— Não. Chegamos mais cedo, mas quis deixá-la dormir um pouco. Não sabia se você precisava ir embora, então tive que te acordar.

— Tudo bem. Eu dormir até demais. — sorri para ela ao me levantar. Olhei para a menina que dormia serenamente em seu berço e peguei minha bolsa no chão — Ela se comportou muito bem. É um anjinho.

— Obrigada por ficar de babá esta noite. Meu marido e eu realmente precisávamos sair para comemorar nosso aniversário.

O Sr. Cazanueve, que entrou logo em seguida no quarto, me acompanhou até a saída e pagou pela minha noite. Depois de nos despedirmos, me encolhi em meu casaco, enquanto seguia o caminho de casa pela manhã fria.

Não levou mais que alguns minutos para que meu celular tocasse e eu visse o número de mamãe no visor. Ao atender, sua voz dura e fria apenas ordenou:

— Venha para casa. Seu pai e eu precisamos conversar com você.

Apressei-me em obedecer. Passei o percurso todo tentando me lembrar de algo que eu pudesse ter feito para aborrecê-los. Não consegui pensar em nada que não tivesse a ver com Louis, mas torcia para estar enganada.

Entrei pela porta com o coração apertado e segui ao encontro de meus pais na sala, onde se sentavam com as feições de sempre.

— O que houve?

— Sente-se. — meu pai disse.

Atendi seu comando e me sentei, esperando pelo pior.

— Sua avó está doente. — a mulher ao meu lado foi direto ao ponto — Ela foi diagnosticada com Alzheimer e a doença está avançando.

Minha mãe parou de falar para aguardar alguma reação, mas a voz em minha garganta estava presa. Com os olhos lacrimejando, neguei com a cabeça.

— Adalene apresentou vários sintomas. Os delírios de perseguição foi um deles. Não sei quantas vezes ela foi à delegacia dizer que havia alguém planejando algum mal a ela.

Com as palavras de meu pai, lembrei de quando vovó me arrastou até a delegacia sem algum motivo aparente para falar com o delegado. Céus, como eu pude não notar? A culpa apertava meu peito.

Enxuguei meu rosto com os dedos e pedi para que mamãe me levasse para vê-la. Eu não podia deixar de ficar ao lado de minha avó naquele momento. Ela era a pessoa que eu mais me sentia segura e confortável naquela cidade. E eu não aguentava saber que não podia ajudar com seu sofrimento.


29 de junho de 2014 (domingo)


O motivo do meu corpo tremer da cabeça aos pés, incrivelmente não era por medo. Era raiva. Puro ódio e desprezo por alguém.

Chandler, que segurava minha mão, olhou para mim espantado ao perceber como eu estava alterada. Sem dizer nada, foi me guiando para longe de todos que saboreavam o almoço beneficente que a prefeitura estava oferecendo naquela tarde.

Bienvenue Mon ChériOnde histórias criam vida. Descubra agora