VIII

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Todos estávamos obstinados, pelo destino de nosso planeta, a dar uma bela surra em Klaus. Como iríamos encontrá-lo? A resposta era bem simples. Depois das pesquisas descobri que aquela jóia emite ondas eletromagnéticas em baixa frequência. Programei um software e conectei ao satélite local. Funcionaria como um filtro para selecionarmos pontos específicos, onde as chances de encontrarmos Klaus fossem elevadas.
Rua 94, pulso eletromagnético de 11.2Hz—falei, olhando para o monitor do notebook—é a leitura mais congruente que consegui.
Então seguimos à procura de Klaus. Rich e Serena foram para a praça da rua 17, enquanto me teletransportei com Lana para a rua onde Klaus supostamente estavam. Lá estava ele, sentado no banco com uma latinha na mão. Instintivamente saltei na direção de Klaus, que calmamente desviou meu golpe e me jogou no chão. Fiquei boquiaberto, porque ele sequer se levantou. Seria extremamente trabalhoso enfrentá-lo, porque, em tese, ele poderia acessar o potencial do celestial preso naquela jóia. Klaus se levantou aos poucos e fitou-me, enquanto eu estava no chão. 
Vocês são patéticos—falou—nem conseguem formar uma boa emboscada. Como pensam em me derrotar com esse pensamento tão medíocre?!
Eu me levantei com dificuldade, enquanto Lana o encarava com furor. O que eu poderia fazer naquela situação? Klaus acabaria comigo, independente da minha imortalidade. Além de ser intelectualmente superior, seu preparo para combate era inigualável.
Billy, o que vamos fazer?—perguntou Lana. Meu olhar de desespero mostrava minha impotência. Eu nem deveria me envolver em algo tão ridículo, eu deveria estar morto. Lágrimas molharam o meu rosto e eu só pensava em amaldiçoar Evil e Death por me envolverem nessa bagunça. De repente, uma forte luz surgiu, a ponto de fazer o sol parecer uma simples faísca. Três sombras se formavam. Aos poucos meus olhos se acostumavam com a luz e eu conseguia ver Serena e Rich juntos. A outra sombra ainda era impossível de se identificar. Fiquei forçando meus olhos para tentar identificá-lo. Quando se aproximou o suficiente, vi um belíssimo homem branco, peitoral e abdômen bem definidos, musculoso e robusto, cabelos médios e loiros, com olhos dourados. Ele possuía um par de asas angelicais enormes que refletiam a luz como um metal. Apenas o fato dele estar se aproximando, dava-me uma sensação de temor. Era pouco mais intensa de quando eu me aproximava de Serena, quando ainda era a Celestial Merascylla.
Esse é Ritrion, o celestial Anjo-caído—falou Serena—Ele é um dos celestiais mais poderosos da nova geração.
Ritrion disparou um feixe brilhante na direção de Klaus, que se esquivou por pouco. A tenacidade daquele homem me impressionava. Não consegui entender a estratégia de Serena em trazer um Celestial pra lutar com alguém que poderia matá-lo. Era como se o levasse para o matadouro. Klaus não era como um humano comum, além do artefato para matar celestiais ele ainda tinha habilidades surreais. Os poderes de Ritrion não seriam suficientes. O celestial investiu velozmente contra Klaus. Os dois colidiram metros depois. A troca de socos era intensa. Klaus tentou atingir os joelhos de Ritrion, que deu um salto para evitar o golpe. Serena assistia de longe, confiante, como se estivesse certa de que seu companheiro venceria. A jóia do anel que Klaus usava começara a brilhar. Ela almejava a alma daquele celestial. Ele tentou segurar o pulso de Ritrion, mas o celestial empunhou uma espada, que surgiu, literalmente, do nada, e cortou seu braço. Klaus se derramava em sangue e agonizava de dor. O anel parou de brilhar no instante em que seu braço, desconexo do corpo, caiu no chão. Fiquei boquiaberto. A agilidade de Klaus parecia ser insuperável, mas Ritrion contrariara todo esse conceito.
Está acabado—sorriu Ritrion—e vocês planejando usar alquimia.
Por fim o celestial se aproximou de Klaus, que estava totalmente vulnerável, porque perdera muito sangue e lutava pra sobreviver. Ritrion finalizou cortando sua cabeça. Sinceramente, até aquele momento, eu não conseguia acreditar que o inimigo que ameaçara inúmeros celestiais fora derrotado em minutos. O quão poderoso era Ritrion em relação aos outros celestiais?
Já posso pegar meu troféu?—perguntou ele. Serena assentiu e disse:
Apenas permita que nos despeçamos primeiro.
Ela colocou as mãos em meus ombros e explicou:
Ritrion tem uma dimensão para fazer experiências com criaturas. Ele chama de Caos. Para matar Klaus, havia um preço, e a melhor opção foi trocar você, para que Ritrion pudesse nos ajudar. Isso salvará a terra.
Rich, você sabia disso?—perguntei. O garoto começou a chorar, e me respondeu:
Serena me disse que a humanidade seria aniquilada se Klaus não morresse. Nosso plano tinha vários furos, poderíamos falhar... sinto muito, mas optei pelo bem da maioria...
Dei um sorriso e disse:
Então você fez a coisa certa!
Coisa certa?!—gritou Lana—Billy, eles te venderam, sem nem você saber. O que há de certo nisso?
Evil designou Rich para ser meu escudeiro. Se algo acontecer comigo, ele falha em sua missão. Ele aceitou esse risco deixando Serena me vender—respondi—é uma alma em troca de quase 8 bilhões.
Lana me abraçou forte, aos prantos. Eu não fazia ideia de onde iria, mas sabia que seria um caminho sem volta. Sacrifícios são necessários... diversas vezes custando nossa saúde, mental ou física, mas no futuro... ah, o futuro nos aguarda! Já estive no Mayhem, um lugar que se assemelhava ao inferno retratado pela grande maioria das pessoas, então o Caos não poderia ser tão ruim. O que poderia doer mais para mim? O que seria mais doloroso do que a morte? Ou um castigo pós-morte? A dor mais forte anula a mais fraca, por isso eu jamais enfrentaria algo maior do que pudesse suportar.
Billy, e o nosso elo?—perguntou Lana—Não conseguimos ficar longe um do outro.
Ritrion respondeu:
O elo será desfeito. Billy será reduzido a um humano comum.
Me mande para o Caos logo—gritei—pare de enrolar.
Ritrion estalou os dedos e minha visão se apagou. Quando pude ver novamente estava em um lugar totalmente diferente do que eu imaginei. Não era algo como o inferno, ou o Mayhem, parecia mais um paraíso. Era uma ilha enorme, com a praia e bastante vegetação. A atmosfera era puríssima, ao contrário do que eu costumava respirar na Terra, quando era um humano. De longe pude ver a silhueta de uma mulher, que se aproximava lentamente. Quando a figura se aproximou o suficiente, pude indentificá-la. Era uma garota, pouco alta, cabelos brancos, olhos azuis e pele claríssima. Estava vestida em roupas brancas e prendia seus cabelos com uma trança que circundava sua cabeça.
Seja bem-vindo ao Caos—ela falou.

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⏰ Última atualização: Mar 04, 2020 ⏰

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