Ao amanhecer, quando o sol ainda se evidenciava débil, e o céu ainda tinha a cor de fogo, Dayanna vestiu o seu manto negro, cobrindo o rosto e a cabeça com a burca e saíu a cavalo. Ainda pensava em Sayisman, porém as visões que ela teve quando tocou na sua cabeça continuavam a perturbá-la. Ela deixara o reino de Gardênia há dois dias; era fácil chegar em Girassol montada num Grifo, o tempo de viagem era mais curto por serem dois reinos do sul. Na décima hora do dia, a rebelde estava a meio do caminho, dentro do "Bosque Amarelo". Nessa época do ano, as folhas das árvores ficavam completamente amarelas, dando um contraste digno de se apreciar. O Bosque Amarelo era tido como o habitat dos "Espíritos de Girassol", todo o final do ano, nas comemorações do Sboldwin, que era o aniversário do reino, os espíritos dos guerreiros tombados nas guerras apareciam, e alguns até iam ter com seus parentes vivos. Era a epóca anual que Dayanna mais gostava, o mesmo acontecia também em Tulipas, e ela podia ver a mãe às vezes.
Entretanto, nos confins do bosque, que era a parte mais escondida, escura e diferente, estava um casebre de um velho mago. Dayanna aterrissou, prendeu o grifo e marchou para dentro do casebre, não era a primeira vez que lá estivera, a aparência do local não lhe chamava atenção.
- Eu sabia que tarde ou cedo você voltaria, Xanva. - principiou o mago, fumando cachimbo na parte escura do casebre.
A porta bateu atrás da rebelde. Ela parou e fitou o homem envolvido na escuridão e fumaça. Ele jazia sentado numa cadeira de balanço e se movia para frente e para trás.
- Então também deve saber o porquê de eu estar aqui, não sabe? - Supôs a rebelde, retirando a burca e caminhando quatro passos à direita e mais quatro para frente. Embora estando escuro, Dayanna memorizara o interior do casebre na perfeição.
O Mago estendeu a mão e sugeriu:
- Sente-se, filha, deve estar cansada, do interior do reino até aqui é um longo percurso...
- Pare com isso. Me diz imediatamente o que quero saber.
- Eu mandei você sentar, Xanva! - vociferou o Mago.
Obediente, o que era raro, ela tomou um assento para sí. O Mago continuou sentado fumando o cachimbo e a expelir círculos de fumaça no ar. Ela o fitava impaciente, enquanto batia levemente com a mão na coxa direita.
- Diz-me: o que você viu, Xanva? - perguntou o Mago.
A princípio Dayanna hesitou, mas logo tomou palavra. Parecia respeitá-lo. Muito.
- Não tenho a certeza do que vi. Se foi apenas... Não sei bem o que é, mas, tem a ver com Sayisman.
- Humm! Pense mais um pouco, acalme-se e desbloqueie a sua mente. Lembre-se do que lhe ensinei enquanto esteve aqui.
Ela inspirou e expirou. Fechou os olhos e começou a contar o que vira:
- Ele estava destruindo cidades, matando pessoas inocentes, de todas as idades sem o mínimo de piedade.
O velho franziu o rosto e respondeu-lhe:
- Ele não estava, Xanva. Ele já fez tudo isso que você viu.
Um aperto de tristeza passara pelo coração de Dayanna ao ouvir aquilo. O Sayisman que ela conhecia não seria capaz de matar pessoas inocentes. Incrédula ela perguntou:
- Quando isso aconteceu?
- Há três anos.
- No período do Festival da Corona?
- Sim!
- Impossível, algo não está certo. Isso deve ser uma visão errada. - tentava convencer a si mesma.
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CORONA AURORA - O Regresso da Tulipa (Livro 2)
Viễn tưởngTrês anos após a Guerra no continente Midraj, surge uma nova ameaça, porém, desta vez, é algo mais incomum e misterioso. As coroas das Rainhas estão sendo roubadas, por quê? É isso que o Conselho terá de descobrir, pois que, por detrás dos roubos e...