O templo tinha algumas fissuras no teto e nas paredes. A luz do sol adentrava de maneira sorrateira por elas, clareando debilmente o espaço.
Lembranças do passado invadiram a mente de Dayanna por segundos. Estar naquele lugar fê-la sentir novamente o mesmo aperto no coração que sentira quando a sósia lhe dissera que matara o Anaylah e o Halyana.
As paredes continham desenhos de uma mulher empunhando uma espada, um exército lutando contra outro exército, o que ela deduzira que tivesse sido feito por sua irmã. Os dois marchavam no câmara escura. Diferente de Dayanna, Zannar conseguia enxergar perfeitamente com pouca luz, por conta disso ela andava agarrada com a mão posta ao pescoço dele. No fundo do espaço, a luz do sol não chegava até lá. No meio daquela escuridão, Dayanna avistou um par de pontos vermelhos e depois mais dois:
O que era ela tinha certeza, eram olhos vermelhos, assim como os de Zannar. Então do escuro revelou-se uma loba do mesmo tamanho e aspeto, e junto dela duas crias evidenciaram-se, ambos fizeram a Dayanna lembrar-se de quando encontrara o Fofudo. Ela deu um riso. As duas crias precipitaram-se para perto de Zannar, com pequenos roncos...
Dayanna boquiabriu-se e entendera logo o agora porquê de ele correr como louco. Não era por causa da chuva, ele sentira o cheiro das feras tentando forçar a entrada no templo e quis proteger a sua família.
- Ah! que coisinhas mais fofas. - ela tomou as crias nos braços, realmente pareciam ser o mesmo Zannar de há três anos atrás.
A loba aproximou-se de Zannar e fitou Dayanna com a testa franzida.
- Opa! - ela disse retraíndo-se. - Desculpa por segurar os teus filhotes. - a loba fechou e abriu os olhos como se estivesse dizendo "sem problemas" - Pelos vistos você arranjou mesmo uma família, não é?
Ela pós as crias no chão e elas saíram correndo pelo templo brincando.
- Pensei que já não haviam muitos da tua espécie... - e não haviam, Zannar e a loba ao seu lado eram os únicos lobos de sua espécie, agora com suas crias.
Horas mais tarde, Dayanna saiu para visitar todas as suas amigas, antes passou pela vila em que estava Caroline. Ficou lá um dia inteiro. A princípio ela queria ficar com o bicho, mas depois de vê-lo com sua família decidiu deixá-lo para tomar conta deles, ela sabia como poderia chamá-lo, caso precisasse.
Camioura ficara tão emocionada ao ver a amiga que já não quis que ela fosse embora, na verdade todas elas tiveram a mesma reação
- Por enquanto não posso ficar, algumas coisas pendentes para serem resolvidas. - Dayanna contou segurando as mãos dela.
Camioura estava agora com o cabelo curto na medida do pescoço. Crescera um pouco ao longo dos três anos.
- Promete que nos veremos de novo? - ela pediu.
- Sim, eu prometo. Em breve estaremos todas juntas outra vez. - Dayanna retraiu o canto da boca num sorriso e a abraçou.
Mais tarde ela continuou a sua viagem para lá do continente.
REINO DE GIRASSOL
Gélica abriu os olhos, e lá estava ela debaixo do mar, sob águas densas e escuras. Ela meditou por segundos e nadou até a superfície, quando lá chegou, olhou de um lado para o outro e avistou a praia, não sabia onde estava, aquele lugar não era sequer familiar - apenas sabia que o lugar era tão belo quanto tenebroso. A areia fina e úmida salpicava-lhe na sola dos pés, o vento soprava sobre as águas deixando-as mais fria e as ondas reagiam. Então voltou-se para o mar e notara que, das águas soava uma voz, retumbante e maliciosa, proferindo o seu nome com tristeza e aspereza em conjunto:
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CORONA AURORA - O Regresso da Tulipa (Livro 2)
FantasiaTrês anos após a Guerra no continente Midraj, surge uma nova ameaça, porém, desta vez, é algo mais incomum e misterioso. As coroas das Rainhas estão sendo roubadas, por quê? É isso que o Conselho terá de descobrir, pois que, por detrás dos roubos e...