02- Símbolo de Reencontro

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Dois dias depois da briga dos saqueadores com a "garota da burca", as pessoas começaram a usar a trilha do "Vale da Serpente" quando tomaram conhecimento de que o Vale estava livre dos ladrões. Faziam isso agora sem medo algum, sabendo que os saqueadores haviam sido mortos. Os ladrões restantes, foram pegos e presos no dia seguinte pela guarda real.

Gélica saía da sala do trono, depois de se inteirar sobre o assunto dos bandidos do Vale com a rainha sua mãe. Adentrou no seu quarto. Estava mais crescida agora. Os seus traços faciais e corporais estava agora mais definidos. Ficara de frente ao espelho, tirou os brincos e o colar, deixou no tampo da banca, soltou o cabelo e livrou-se dos sapatos.

Desde a guerra, há três anos atrás, Gélica assim como as outras cinco Princesas ficaram muito abaladas com a perda de Dayanna.
Ela fechou os olhos e estendeu os braços na cama com o rosto voltado para cima. De repente, uma voz fina e suave ecoou no quarto:

- Aposto que está pensando no meu irmão...

Ela abriu os olhos e levantou.
Quem falou?

- Quem é você? O que está fazendo aqui no meu quarto?

A Princesa sentou na extremidade da cama.

Encontrava-se uma mulher encostada na parede junto ao limite da porta. Gélica não a vira quando entrara pois que ela estava escondida atrás da porta quando a abriu.

- Não lembro de você... Gostar tanto de fazer perguntas, Gélica.

"Essa voz..." - A voz era familiar, uma voz zinha na sua cabeça dizia que era impossível o que ela quis deduzir.

A mulher caminhou até estar de cara com a Princesa. Trajava roupas brancas; por detrás da burca que lhe encobria o rosto. Levou as mãos até o alfinete que prendia a borda e foi removendo-a. Ela reconheceu logo aquele sorriso, aqueles traços faciais, aquelas bochechas arrozadas como se tivesse levado um tapa eram inesquecíveis, inconfundíveis.
Sim, era ela...

- Impossível. Você... Você é. - ela debatia-se incrédula.

A dedução dela estava certa, sempre esteve desde que reconhecera aquela voz. Era quem ela imaginara. Seus olhos encheram-se de lagrimas e uma vontade enorme de chorar e não parar mais tomou conta dela.

- Dayanna! - exclamou atônita, olhando para a amiga.

- Não acredito que vai ficar aí e não vai me abraçar. - Dayanna se conteve, mas não aguentou por muito tempo até as lagrimas também invadirem os seus olhos.

Gélica precipitou-se abraçando forte a amiga. Era mesmo ela! Como? Não a queria largar mais, queria que aquilo fosse mesmo real e não um sonho. Mas era mesmo real, Dayanna estava ali, ela conseguia senti-la. O seu coração batendo era verdadeiro, o seu abraço era verdadeiro, sim, era tudo verdadeiro...

- Como? Como você? Mas... Nos disseram que você tinha morrido.

Dayanna ergueu as mãos e passara no rosto de Gélica para limpar as suas lágrimas, de seguida livrou-se da túnica, e ambas assentaram na cama como faziam antigamente, quando estavam no Festival.

- Como puderam dar-me por morta se nem o meu corpo encontraram ham? - ela resmungou.

Gélica sorriu e afagou o cabelo de Dayanna, agora estava crescido e ondulado.

- No princípio ninguém quis acreditar, principalmente Sayisman, revirou os destroços do castelo para procurar seu corpo durante dias, e nada mais conseguiu encontrar a não ser os restos de Petúnia.

O rosto de Dayanna ficou soturno e sentiu um aperto no coração. Queria saber como ele estava.

- Perdoe-me. Eu tive de o fazer.

CORONA AURORA - O Regresso da Tulipa (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora