19- Convite

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— O quê?! — Mhirnann vociferou. — Eu falei para vocês esquecerem a ideia de entrarem na biblioteca, por que não me obedeceram?

— Desculpa , Majestade, mas, tecnicamente foi a vossa informação que no levou até lá. — Camioura falou acusadora.

Nimsay e Gélica perceberam a acusação direta e lançaram um olhar bravo para ela.

— Minha mãe, a bronca pode ficar para depois, penso que, o que temos a dizer é mais importante do que o fato de termos lá entrado. Além disso nós não fomos apanhadas.

— Mas foram vistas. — retrucou.

— Esta bem, mãe! Nós tomamos cuidado, mantivemos o rosto oculto. Dias atrás um homem draconiano invadiu a biblioteca, passou por toda a guarnição e levou especificamente uma tal pedra da lua. — Mhirnann fitou Gélica, logo a metiza percebeu que ela não estava surpresa com a notícia. — A Senhora já sabia, não é?

— Todo o conselho já sabe disso.

— E o que era aquela pedra da lua? — Dayanna quis saber. — porque pareceu ser importante pelo esforço que o homem teve para a conseguir.

— Foi posta lá por ordem do velho mago, o guardião. Só ele sabe ao certo a utilidade da pedra.

— Pelos vistos não era único. — Gélica observou.

     De seguida todas elas foram novamente para a varanda de outrora, após livrarem-se das roupas. Serviram-se de um banquete rico e gostoso. Ao fim da tarde, foram treinar arco e flecha longe da vista da guarnição e de qualquer outra pessoa.
Dayanna as ensinava como deviam fazer. Como segurar o arco e posicionar a flecha e o corpo. Quando o sol se pós, os archotes foram acesos, as ruas ficaram clareadas de tal maneira que o fogo dava um contraste estupendo com os girassóis do reino todo. Girassol tinha muitas particularidades, bem, todos os reinos tinham, mas nenhum se comparava aos vagalumes amarelos que apareciam todas as noites, colorindo os jardins e toda a extensão do reino.
Era o que Dayanna estava a apreciar quando já todo mundo dormia. Ela debruçou-se na balaustrada da varanda.

    Os vagalumes assemelhavam-se pequenos salpicos do sol, sendo os girassóis como se fossem numerosos sois. O vento da noite era mais fresco, mais calmo, cheiroso, no modo pensar de Dayanna. Ela sentiu uma presença se aproximar, era Gélica. Chegou perto e debruçou-se de igual modo na balaustrada e pôs o cabelo atrás da orelha.

— No que está pensando? — perguntou.

    Houve uma hesitação na hora de Dayanna responder, para ela estava a ser mais do que confuso tudo aquilo. Era uma confusão enorme que se formara na sua mente. Suspirou e sorriu ironicamente.

— Em tudo. — respondeu. — Às vezes penso que... Seria melhor se tivesse morrido há três anos.

— Não diga isso! — Gélica a repreendeu.

— É sério. Meu passado é incerto, noutrora achava que eu tinha sido criada como as outras. Agora descubro que eu... Se é que aquela garota sou eu era... Ah, já não sei no que pensar.

— Olha, eu acho mesmo que devíamos obrigar aquele velho a explicar tudo o que está naquele livro.

— Eu acho que se... Eu acredito que aquela garota sou eu mesmo. Isso explicaria o porquê de ele não me contar nada, talvez quisesse poupar-me da dor de saber que eu não tinha pai nem mãe, que fui apanhada no meio de cadáveres e que morri numa guerra. Além disso, aquele lobo junto dela. é igualzinho ao Fofudo.

— Mas isso não explica o fato de seres filha dos senhores primordiais. Nem tampouco como você teve uma infância no reino de Tulipas.

Gélica suspirou e notou o fio de lágrima se evidenciando no olho dela, puxou-a para mais perto e apoiou a cabeça dela no seu peito enquanto a abraçava. Nos últimos dias, Dayanna voltou a pensar em Anailah e Halyan. Percebeu o quão parecido os dois eram com Sayisman, convencidos, atenciosos...

CORONA AURORA - O Regresso da Tulipa (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora