Quando saímos do restaurante reparo que está a nevar. Tudo à nossa volta está branco. Isto podia ter sido uma noite perfeita, mas o Tyler tinha de estragar tudo.
Olho para trás. Podia voltar e deixa-lo aqui...
- Vens ou vais ficar aí? - pergunta-me o Tyler zangado.
Viro-me novamente para a frente e reconheço a andar até ao carro dele. As botas pretas do Tyler deixam umas pegadas gigantes comparadas com as minhas. Suspiro, olhando para o céu. Quando sai do restaurante deixei 100 dólares em cima do balcão para tentar pagar alguns estragos, mas acredito que o prejuízo fique muito maior do que 100 dólares.
Quando chegamos ao seu BMW peço-lhe as chaves.
- Não te vou deixar conduzir o meu carro. - ri-se como se eu estivesse a gozar com a cara dele.
- Queres que vá contigo, não queres? Então dá-me as chaves do carro. - Estendo a minha mão para ele. - Não estavas à espera que eu te deixasse conduzir bêbado, pois não?
- Eu não estou bêbado e não, eu não quero que venhas comigo. - responde, cruzando os braços no seu peito.
Viro-me rapidamente e começo a andar de volta para o restaurante. Que merda é esta? Não estou para a aturar o orgulho dele e apesar de saber que ele não está a dizer a verdade, não tenho forças para o contradizer.
Quando chego á porta sinto a sua mão a puxar-me.
- Desculpa. Toma. - Mete as chaves na minha mão e vira-se. Sei que está envergonhado.
Suspiro, pela milésima vez hoje, e volto para o carro. Cada vez que entro neste carro questiono-me como é que ele teve tanto dinheiro para o comprar. É este o nosso problema. Eu não sei nada sobre ele.
- Para onde queres ir? - Pergunto-lhe assim que o Tyler entra no carro.
- Vamos pra minha casa. - O seu tom está tão agressivo como há pouco. Reviro-lhe os olhos e meto o carro a trabalhar.
Da última vez que fui a casa do Tyler não correu nada bem e tenho a certeza que desta vez também não vai correr melhor.
O clima dentro do carro está tão denso que eu até abro a janela. Pelo caminho vou espreitando o Tyler pelo canto do olho. O seu olhar nunca deixa a janela do carro e está com um ar pensativo. Gostava de saber no que ele pensa... O seu punho ainda está cerrado por causa dos nervos e tem um pequeno corte, provavelmente por causa dos pratos que partiu. Ele próprio está um caco. Tem umas olheiras gigantes e o cabelo todo despenteado. Será que ele sofreu tanto como eu? Provavelmente não, deve ser estado a comer aquela gaja...
- CUIDADO! - grita o Tyler ao meu lado e eu acordo do transe. Quando vejo um gato a atravessar a rua travo a fundo, fazendo nos lançar os dois para a frente. - MAS TU ÉS MALUCA? - Estou envergonhada. Não costumo ser má condutora, mas o Tyler destabiliza-me. - Eu bêbado sou melhor condutor do que tu. Agora faz me um favor e presta atenção à estrada em vez de mim. Não tenciono morrer hoje. - Agora quem está zangada sou eu. Ele quer que eu esteja atenta à estrada? Então é isso que ele vai ter.
Olho para a estrada à minha frente. Está vazia. De um lado e do outro só há arvores. Ótimo.
Faço rapidamente a mudança e prego a fundo. 100... 120.... Sinto os olhos do Tyler colados a mim. 140... 150... Os BMW costumam ter muita resistência por isso espero que este também tenha. Quando alcanço os 180 sinto a adrenalina nas minhas veias. O controlo que tenho no carro e a velocidade faz me sentir livre. Quando vejo uma curva mais à frente não abrando. Vamos lá ver o que vales. Ajeito-me no volante e preparo-me. 190!
- O que é que estás a fazer? - Pela sua voz parece que está com medo, mas quando olho para ele rapidamente vejo que está com um sorriso. Um sorriso nervoso, mas pelo menos sei que é um sorriso.
- Aprende a conduzir, Tyler Scott. - provoco-o, acelerando mais um pouco.
- Só não me dês cabo do carro, por favor. - diz e mete a mão na minha perna. Fico surpreendida quando sinto a sua mão, mas quando ele apercebesse do que fez tira-a logo. Abano a cabeça para me concentrar. É agora.
Troco de mudança e viro rapidamente o volante. As rodas do carro viram-se rapidamente fazendo um barulho que me dá ainda mais adrenalina. Que saudade que eu tinha de fazer isto.
- VAIS ME DAR CABO DAS RODAS! - grita o Tyler, mas está a rir-se.
Assim que a curva acaba vou abrandando. Por mais que goste de fazer isto não posso correr o risco de estragar o carro do Tyler e para além do mais estamos quase a chegar ao seu apartamento.
- Onde é que aprendeste a fazer isto? - o clima entre nós já parece estar mais leve. Finalmente.
- O meu avô ensinou-me.
- Uau! - O seu sorriso é radiante, mas eu sei que lá no fundo ele acreditava que eu ia nos matar. - Vais ter de me contar como ele te ensinou isto e, claro, vais ter de me ensinar.
- E tu contas-me mais sobre ti? - vou olhando para ele, sem nunca deixar a estrada de vista. O seu maxilar torna-se mais tenso. Não tenho resposta.
Que estúpida que eu sou. Quando estava tudo a correr bem e ele estava com uma boa disposição é que eu lhe pergunto isto. Mas pensando melhor, se ele quer ser meu namorado tem de me falar sobre ele. Não posso namorar com alguém que eu não conheço e se ele ainda não se sente preparado sobre isso, então não há outra opção senão acabarmos de vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
With(out) you (português)
RomantikKath tinha uma vida ideal até chegar ao secundário e conhecer Tyler, um rapaz popular na escola cheio de tatuagens e conhecido pelas suas lutas no ringue, tal como o seu melhor amigo Adam. Porém são poucos os que conhecem o passado de Kath e do quan...