Começo por fim – Penso que sabes que sou de Portland desde que nasci. Conheci o Adam quando tinha 5 anos e desde aí que somos muito ligados. A família dele fazia jantar com a Monica e o Jace , e éramos tipo uma família.
- Monica e Jace?
Aqui está umas das perguntas que eu mais temia. - Eu sou adotada. - Não tenho coragem para olhar para Tyler, mas sei que o olhar dele esta fixado em mim.
- E os teus pais biológicos?
- Não sei. Desde pequena que estou com eles os dois. Foram me buscar a uma instituição em Portland e nem eles nem eu sabemos nada sobre os meus pais biológicos. Só sei que fui deixada à porta da instituição com um bilhete a dizer para cuidarem de mim. - As lágrimas surgem e sou interrompida pela empregada que traz as bebidas e a comida.
Tyler reclama por me ter interrompido e eu peço desculpa pelo seu comportamento à empregada. Quando esta se vai embora pega na minha mão.
- Mas então, o que isso tem haver com eu te chamar de Katherine?
Suspiro. - Um dia, estava em casa sozinha quando oiço a porta abrir. Notei que era o Jace a entrar em casa e que estava podre de bêbado e por isso não lhe disse nada. Quando desço o piso para ir à cozinha ele estava lá com uma garrafa de Whiskey quase vazia na mão. Tentei-lhe tirar a garrafa para ele parar de beber e ela acabou partida no chão. - Ao recordar me disto começo a chorar cada vez mais. Suspiro outra vez, fazendo uma pausa, e o Tyler aperta a minha mão dando me força para continuar. - O Jace levantou-se para me bater só que eu fugi para me esconder dele. Estava cheia de medo e ele estava bastante bêbado. Nunca o tinha visto assim e por isso fui me esconder no armário do quarto de hospedes. Ele começou-me a chamar de "Katherine" pela casa toda e quando me encontra tirou-me do dentro do armário e encostou-me à parede.
Tiro a mão da dele e tapo a cara. Estou a chorar compulsivamente e oiço uma cadeira a arrastar. Tyler levanta-me da cadeira e abraça-me com força. Dá me festas na cabeça e beija-me a testa. - Se não quiseres continuar eu não vou insistir mais.
Agora que comecei não vou parar. - Ele encostou-me à parede e começou a despir-me. As mãos dele começaram a descer pelo meu corpo e quando reparei já estou toda nua. Ele pegou em mim e meteu-me numa cama, prendendo-me. - Sei que estou a manchar a T-Shirt do Tyler com a maquilhagem, mas não consigo parar de chorar. - Quando estava prestes a acontecer... - engasgo-me com o choro preocupando ainda mais o Tyler.
- Calma Kath, eu estou aqui, não te vai acontecer nada.
Olho para Tyler e encosto a cara no seu ombro. - Estava quase a acontecer, mas a Monica entrou no quarto com uma arma na mão. Quando reparei, vi que o Jace estava em cima de mim morto.
Revivo todo o momento. O corpo morto, o sangue espalhado pela cama, a arma que caiu da mão de Monica após o tiro e os meus gritos. Passando um tempo a polícia entrou em casa, retirou o corpo morto e levou Monica para a prisão.
Choro tanto que as pessoas, à minha volta, começam a reparar. Continuo abraçada a Tyler. Um abraço que me faz sentir em casa e segura. O seu cheiro e o seu calor são tão reconfortantes que por mim ficava assim toda a noite, mas estamos no meio de um restaurante.
Tyler parece que leu os meus pensamentos. - Queres levar o jantar e comemos noutro lugar mais calmo?
Aceito a proposta e entramos no carro com a comida na mão.
- Conheço um sítio que é calmo e tem uma vista brutal. O que achas de fazermos um piquenique?
- Obrigado Tyler. E desculpa por ter estragado o nosso jantar.
- És maluca? Não estragaste nada. Pelo contrário. Mostraste que confias em mim e era isso que eu queria, Kath.
Tyler mete a mão outra vez em cima da minha perna, só que deste vez eu meto a minha por cima da dele. No início reparo que fica espantado com o meu gesto, mas depois vejo que um sorriso nasce no seu rosto.
Sei que não conheço este rapaz loiro há muito tempo, mas a verdade é que ele não é como o pintam. Falam de um rapaz rude e convencido, enquanto eu só vejo um rapaz carinhoso e que precisa de amor. Sei que ele foi malcriado e estúpido quando nos conhecemos, mas acredito que é uma barreira que o protege de algo. Dou por mim a querer saber mais sobre o Tyler. Donde será? Como serão os seus pais? O que pretende fazer depois da universidade? Tem irmãos? Tenho tantas perguntas, e sei que vou ter respostas porque não me esqueço da promessa dele.
Chegamos a um lugar plano com uma vista para Washington. É um sítio lindo e bastante calmo. As luzes da cidade parecem pequenos pontos brilhantes no céu. Não sei como o Tyler conhece este sítio, mas já é um dos meus lugares favoritos deste Estado.
- Tyler, isto é lindo!
Tira uma manta da bagagem e estica no chão. - Gostas? É pra aqui que eu venho quando preciso de um tempo só pra mim. - Abre as embalagens da comida. - É servida, senhora?
Tento acompanhar o seu humor e sento-me ao seu lado.
Começamos a comer, a olhar para a cidade. O meu hambúrguer, apesar de já estar frio, é bastante saboroso. Tyler tem bom gosto quanto a escolher restaurantes.
- Kath. - Poisa a comida e vira-se para mim. - Desculpa estar a clicar na mesma tecla, mas o que aconteceu depois do tiro?
Poiso também a comida e limpo a boca a um guardanapo.
- A polícia apareceu. Retirou o corpo de cima do meu e levou a Monica para a cadeia. - Falo a olhar para o horizonte, a recordar tudo novamente. - Foi a julgamento, e apesar de me ter defendido, foi presa. Nunca tive coragem de a ir ver, Tyler. Ela protegeu-me e eu nunca a fui visitar.
Recomeço a chorar e abraço o Tyler. Recebe-me de braços abertos e reconforta-me, novamente.
- Tem calma Kath, a culpa não é tua. E ela deve compreender o porquê de nunca teres lá ido. O passado perturba-te é normal não a quereres ver para não recordares tudo novamente.
- A culpa é minha sim Tyler. Nunca devia ter-lhe tirado a garrafa da mão. Se não lhe tivesse partido a bebida ele não se metia comigo e não acabava morto. Fui burra porque não soube ficar quieta.
- Tu não tens culpa de nada Kath. Pelo contrário. Tu és a vítima nesta merda toda. Ele ia violar-te porra. Devias ter orgulho pela força que tens por estares aqui depois de tudo o que se passou. - Tyler pega na minha cara e massaja-a com o polegar. - És uma rapariga que se preocupa com os outros, já reparei nisso nos últimos dias, e por isso é normal que lhe quisesses tirar a bebida. Agora não tens culpa de ele querer fazer mal a uma das melhores pessoas que ele teve na sua vida.
Tyler olha pra a minha boca e para os meus olhos repetidamente, e quando reparo estou com a cara a poucos centímetros da dele. Uma mão dele continua na minha cara e a outra dirige-se para o meu pescoço, empurrando os meus lábios para o dele.
O seu beijo é uma mistura de sensações: desejo, tristeza, amor, medo e carinho. Abro a boca e a sua língua vem de encontro à minha, dominando totalmente a minha. Subo para o colo dele e ele agarra-me as costas. Ficamos assim por algum tempo até que encostamos as nossas testas e começamos a rir.
- Não sabias que beijavas tão bem Katherine Evans.
- Ainda há muita coisa que não sabes sobre mim, tal como eu não sei sobre ti.
- Penso que temos tempo para descobrir, não?
-O que queres dizer? - Saio do colo dele para continuar a comer.
- Nunca disse isto a ninguém, mas... - sei que o que vai dizer o deixa desconfortável por que começa a olhar para o horizonte. - Sei que talvez ainda é demasiado cedo, mas... sei lá Kath, quero estar presente na tua vida, quero ser a pessoa em quem tu confias. Estou a ser estupido eu sei.
- Espera. Queres ser meu amigo? Mas isso já és. - Começo a rir, mas quando olho pra Tyler vejo que não é isso que ele se refere. O que ele está a falar não é de amizade, mas sim de amor.
Ao reparar isso levanto-me e beijo-o, só que desta vez quem domina não é ele, mas sim eu.
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With(out) you (português)
RomantizmKath tinha uma vida ideal até chegar ao secundário e conhecer Tyler, um rapaz popular na escola cheio de tatuagens e conhecido pelas suas lutas no ringue, tal como o seu melhor amigo Adam. Porém são poucos os que conhecem o passado de Kath e do quan...