Capítulo Décimo Último

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Part II – of the end.

Jojo — chamou, vendo os olhos azuis focarem-se nos seus. A bagunça que eram os cabelos do Joestar mostrava o quão longe estavam indo e um impossível rubor tomou-lhe a face. Era lindo, encantador, volupioso mas tolamente inocente. Em seus interiores, o Brando ria enquanto investia suas marcas em Jojo, trazendo-o para a beira do abismo. — Bebeste?

— Por que perguntas? — em uma voz dançante à música maquiavélica alheia, Jonathan questionou.

— Estás com um hálito diferente do habitual. Tens o gosto de um mentiroso — Dio traçou os contornos dos lábios do outro com a língua, fazendo o seu próprio hálito fundir-se ali num beijo curto e profundo. — Não estás mentindo... ou estás?

— Dizer que o deleite não me acompanha será mentira? Ou dizer que a bebida é dispensável seria? — vestiu-se com as roupas da traição, desabotoando a própria camisa. As mãos cobriram o peito de imediato, como se quisessem abrir algo, e, finalmente, Dio pôde ver o que tanto almejava. — Diga-me, se, de peito aberto e lábios entregues, eu ainda seria capaz de mentir para ti, Dio?

— Tu cedes tão fracamente aos meus encantos, Jojo... — correndo as mãos por onde as de Jonathan tocaram, Dio provou da bebida que queria, mas que não deveria.

— Ou serás tu — interrompeu. —, Dio, tão entregue aos meus segredos que arriscaria os próprios? — em um movimento que quase pareceu uma investida, o Joestar tomou os lábios alheios nos seus mais uma vez. E, erguendo o corpo esquálido rente ao seu, carregou o Brando até a beira da cama. — Diga-me, quem é o mentiroso agora?

— Não mais é importante — Dio inverteu as posições, sentando-se sobre a virilha de Jonathan. Atirou longe o que ainda preso estava de seus suspensórios e deixou que a blusa social acompanhasse-o. — A menos que algum de nós confesse, hm?

Com um gemido de escárnio, a ave finalmente voou pelo quarto. As garras negras tangiam cada espinho, arrancando deles o próprio veneno. O gato punha-se quase imperceptível em meio a todo aquele cenário de guerra, comiserando-se em carne e osso. Os cacos de vidro refletiam os voos audaciosos, e as seduções afiadas dos príncipes, mas não mostravam, por trás dos olhos de Jonathan, todo o ódio que corroía seus interiores. Enquanto, na cama, os corpos disputavam por dominância, as mentes arquitetavam estratégias horrendas. As doces palavras ecoadas dos lábios nada mais eram que tiros camuflados e só esperavam para ver quem seria o primeiro a cair baleado. Com volúpia e sensualidade, Dio deixava que seus gemidos camuflassem-se em Jonathan, cravando em seus ouvidos o som do pecado enquanto sentia-o preenchê-lo por completo. De dentro para fora, conquistavam e eram conquistados, mas nem tudo dura para sempre.

O sexo nada mais era que um ato fantasioso, enganoso e traiçoeiro, que gerava falsas sensações de prazer. Sensações essas que consumiam-se mutuamente até imitarem com perfeição o que chamavam de amor. Jonathan agraciava o loiro com seus toques e palavras, enquanto seu corpo chocava-se profanamente contra o dele.

Mais rápido — dizia, quando sentia o aperto falhar em seus quadris. Logo, ouvia em notas cada batimento do coração eivado de Jojo e derretia-se quando era falsamente amado. — Amo-te, Jonathan — numa investida bruta, o Brando urrou de prazer. Prendeu-se nos lençóis avermelhados e repetiu, melosamente, alimentando o Joestar com seu veneno impiedoso.

Fora um reflexo, no entanto, Jojo respondeu ao falso amar de Dio. Algo dentro de si ainda lutava, permanecendo e afogando em seus próprios fluidos de traição. Questionava-se se realmente amava Dio. Que fosse como o irmão que não era, que fosse como o filho que seu pai tanto considerava, que fosse como a criatura que um dia chegou a admirar.

Um Gato Pulando A JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora