Quentinha e Gostosa.

2.5K 171 40
                                    

- Não, madrinha. Não se preocupe, eu vou caminhando! - falei antes de desligar o telefone.

Juci não poderia vir, o pneu do carro furou e ela estava esperando para trocar. Me despedi de Josh antes de ligar para ela, então apenas sai caminhando.

Estava distraída quando ouvi um trovão seguido de um raio. O céu estava tão escuro quanto os olhos do garoto na hora da raiva.
Tentei andar mais rápido para fugir da chuva. Falhei miseravelmente ao sentir uma gota gelada de água cair em minha testa.

Olhei para trás em busca de algum lugar para esperar a chuva parar. Falhei novamente. Estava no meio de uma praça, sem lugar algum para me esconder e não sentir aquela água infernalmente gelada cair em mim.
Já estava desistindo de tentar quando ouvi uma buzina irritante soar atrás de mim...

- O que quer infeliz? - gritei ainda sem saber quem era.

- Ia só te oferecer uma carona, mas infelizes não fazem esse tipo de coisa - respondeu o cara no volante.

- Aah me desculpe, Josh!

- Você é educadinha assim sempre? - perguntou irônico.

- Lembra que ia me oferecer carona? A água está gelada aqui fora... - falei sem vergonha alguma. Coisa de brasileiro ser sem vergonha.

- Entre! - ele falou e sorriu. Nem parecia aquele mesmo menino da escola... - Onde você mora?

- Depois do píer... - respondi. Não era tão longe mas também estava longe de ser perto. Tínhamos que atravessar uma ponte enorme.

- Acho que a ponte está interditada, impossível ir para lá nesse momento. Vamos para minha casa ou você prefere ficar aqui? - ele falou e eu fiquei pensativa.

- Vamos pra sua casa! - Ok. Eu realmente não deveria ter aceitado isso, ainda mais depois do que Felipe fez com minha mãe. Confiar em homens estava longe de ser meu hobby preferido. Mas fazer o que, era ir pra casa dele, provavelmente quentinha e gostosa ou ficar aqui, dentro de um carro no meio do parque, com frio e chovendo.

- Chegamos! - ele disse ao entrarmos em uma casa enorme. Haviam mais 3 carros ali e eu estava chocada. Por que? Não sei...

- É uma casa bem grande né! - falei.

- Para 3 pessoas? É mesmo...

Será que ele não teria pai? Não teria mãe assim como eu? Joalin não moraria Aqui? Eu estava enlouquecendo por estar na casa de um estranho tentando descobrir com quem ele mora? É, com certeza.

- Meu pai foi embora quando eu tinha 3 anos... Não me lembro nem do rosto dele... - ele falou assim que sentamos em sua casa. E sim, eu estava no quarto dele.

- Não precisava contar! - falei.

- Mas eu queria! - ele rebateu.

- Você é educadinho assim sempre? - usei a mesma frase que ele. Ele me olhou sério e depois riu num suspiro.

Aquele sorriso mexeu comigo! O que eu menos queria na vida era me apaixonar, principalmente depois do ocorrido. Eu tinha medo desse sentimento. Ele não poderia surgir assim, do nada. Ainda mais por alguém que conheci a duas horas atrás. Seria isso insano?

- Por que tá me olhando assim Gabrielly? - ele perguntou me encarando.

- Como sabe meu segundo nome? - naquele momento a teoria de que ele seria um homem enviado por Felipe martelava em minha cabeça.

- Eu fui até a secretária com você quando foi pegar suas coisas... Você é maluca! - ele falou e eu voltei a olhar pra ele.

- Tem certeza que você não foi mandado por Felipe? - perguntei receosa.

- Felipe seria seu namorado ou ex? - ele perguntou.

- Felipe é meu... Ex padrasto... - falei relembrando de tudo e da cena onde eu vi o lindo vestido branco da minha mãe se manchar de sangue.

- Ei, você está chorando? - ele perguntou se aproximando de mim.

- Estou mas não é nada... - falei mentindo, óbvio. Como a morte da primeira pessoa que me amou na vida não é nada?

- Como não é nada? Alguém chora por nada? - ele perguntou indignado.

- EU choro por nada! - falei me desabando e caindo sob meus joelhos no chão.

- Não fique assim... Desabafe comigo. Sou seu amigo, Any. Pode confiar em mim, por favor. - ele pediu enquanto me abraçou ainda no chão.

- Eu só tenho a minha madrinha, Josh. - falei ainda no abraço. Me senti segura ali, como se nem Felipe e nem ninguém pudesse me fazer mal enquanto Josh estivesse me cobrindo com seus longos e musculosos braços.

- E seus pais? - ele perguntou curioso.

- Eu realmente não sei deles... Nunca conheci meus pais biológicos. Tinha 4 anos quando fui adotada por uma mulher incrível, Elisa.

- E onde Elisa está? - ele perguntou calmo. Tadinho, mal sabia de tudo o que aconteceu.

- Está morta! - falei simplesmente.

- Morta? Como assim? - neste momento ele estava assustado e pasmo.

- Eu sinto que posso confiar em você. Então vou te contar tudo, desde o começo, tudo que você precisa saber sobre mim... Meu nome é Any Gabrielly, tenho quase 17 anos e sou brasileira. Me mudei recentemente. Eu era feliz com minha mãe, Elisa. Ela me adotou em um lar para crianças e então eu passei a ama-la. Quando eu tinha 13 anos, minha mãe me apresentou Felipe. Aparentemente era incrível, fazia de tudo para nós, mesmo que não precisasse. Ela era uma mulher extremamente rica. Depois de alguns anos de namoro, decidiram se casar. Eu estava tão feliz por ela que nem percebi os planos de Felipe. No dia do casamento ela estava linda. Seu vestido era incrível, cheio de pedras e brilho. Estava distraída olhando os convidados quando escutei o disparo - neste momento lágrimas começaram a sair de meus olhos e dos de Josh também - Eu vi aquele lindo vestido se manchar pouco a pouco de sangue. O sangue da minha mãe. Ele fugiu antes que o pegassem, mas eu encontrei ele no aeroporto disfarçado. Prometi que voltaria e mataria ele!

- Eu não sei o que te dizer... - ele olhou para o chão no qual estávamos sentados.

- Não diga nada, Josh. Apenas me abrace - pedi e ele me abraçou. Sentei em suas pernas e ele me apertou contra seu corpo. Não queria sair dali nunca mais.

Tirei meu rosto de seu pescoço e o encarei. Seus lindos olhos azuis pareciam minha luz na escuridão. O que deu em mim? Não sei. Apenas o beijei. Joshua Kyle Beauchamp era a solução de tudo em minha vida e eu precisava somente dele e de Juci neste momento. Ele retribuiu o beijo o intensificando, ficamos assim até a falta de ar chegar e sermos obrigados a parar para respirar!

Josh é minha maior perdição.

Revenge Onde histórias criam vida. Descubra agora