Era um dia agradável que em nada combinava com a batalha de emoções e hesitações e desesperos acontecendo dentro de Harry, uma tempestade, terremoto, erupção de vulcão.
Londres era fria, ninguém podia negar. Era outono, mas eles passavam a maior parte do tempo na chuva, a razão para todos os feitiços em sua varanda terem sido uma necessidade e um dos primeiros feitiços que Harry lançou em todo o apartamento. Aquele dia não estava tão ruim assim. Havia um pouco de sol. Mínimo, mas estava ali, e quando eles estavam diretamente embaixo dele, a temperatura atingia o ponto perfeito entre quente e frio que fazia você querer ficar lá para sempre. Era um dos dias mais gostosos que eles tinham fazia um bom tempo.
Harry optou por algo mais leve, mas Draco estava usando mangas compridas e grossas, a blusa preta contratando contra a pele tão branca quanto a mais intensa e limpa neve. Scorpius estava tão animado que não conseguia parar quieto então foi Draco quem teve que escolher e pôr uma roupa nele, algo entre o estilo dos dois.
Harry riu.
"Respira fundo, Scorp. A porta não vai fugir."
Scorpius corou, olhando para os sapatos com um sorriso tímido hesitando nos lábios.
"Desculpa," disse educadamente. Ele encolheu os ombros. "Mas eu quero muito sair, senhor! Eu não vou lá fora desde quando eu e o Sr. Malfoy fomos na biblioteca."
Draco sorriu para ele, aquele sorriso tão suave que transformava o rosto de um menino tão azedo (no passado, em Hogwarts) e um homem tão quebrado (no atual pós-Scorpius e Astoria) no rosto de uma pessoa completamente diferente, alguém décadas mais novo que nunca tinha visto uma guerra, torturado, perdido tudo e todos que tinha. Alguém que apenas conhecia amor e paz.
Ele colocou uma mão no ombro de Scorpius.
"A gente pode sair todos os dias, se você quiser," disse. "Você só tem que pedir."
Quando eles saíram de casa e foram para a rua – eles iam ir andando, porque era perto e eles não queriam ser vistos Aparatando por nenhum Trouxa – os olhos de Scorpius ficaram tão arregalados que Harry não entendia como eles ainda cabiam no rosto da criança, e ele não parava de virar o rosto para lá e para cá, encarando tudo fascinado.
"Tudo é tão grande!" ele exclamou para Harry. "Tem tanta gente e tantas coisas interessantes para todos os lados, senhor. Eu nunca vou me acostumar com isso."
Ele pegou a mão de Harry, no meio da frase grudando a ele a procura de proteção enquanto olhava para as multidões com algo entre encanto e medo. Draco virou a cabeça para os dois do jeito mais discreto e hesitante possível. Se não tivesse olhado na direção dele assim que Scorpius se aproximou, nem teria notado aqueles olhares de soslaio lançados na direção das mãos interligadas, muito menos teria notado o quase imperceptível franzir dos lábios dele.
Scorpius não deveria ter percebido aquilo.
Crianças normais não deveriam estar tão atentos aos adultos ao redor deles, tão perceptíveis quando se tratava de qualquer pequena demonstração de desagrado. Havia uma inocência genuína nos olhos e ações do menino, mas também havia algo pesadamente adulto naquele rostinho.
"Senhor Malfoy," ele disse, estendendo o braço livre. "Você pode segurar a minha mão também."
Draco riu. Parecia ao mesmo tempo muito triste e muito feliz, mas ele pegou a mão de Scorpius, entrelaçando os dedos dos dois. "Obrigado," disse.
Scorpius sorriu para ele, covinhas nas bochechas adoráveis.
*
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i doubt the stars are fine, DRARRY [1]
FanfictionMalfoy perdeu um bebê. Anos depois, Harry encontrou uma criança. Demorou menos de 24 horas para descobrirem que esses dois fatos estavam conectados.