10; imprensa marrom

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"Eu não sei quase nada sobre você," começou Harry, passando uma camada generosa de queijo cottage em um croissant ainda fresco e quente, fingindo tanta normalidade quanto era capaz de fingir enquanto lançava um sorriso suave na direção de Narcisa. "Você parece ser uma mulher tão interessante, gostaria de mudar isso."

Draco estava arrumando Scorpius, como fazia todas as manhãs: estendendo por muito mais do que necessário, se perdendo no ato de o acordar, o ajudar a escovar os dentes, arrumar o cabelo, escolher uma roupa. Todas aquelas coisinhas que pais faziam sem nem pensar duas vezes, mas que eram tão incríveis e importantes para Draco que ele demorava o dobro de tempo, aproveitando cada segundo extra, segundo novo. Harry estava se acostumando a esperar com Narcisa, apesar da mulher nunca tentar começar uma conversa.

O sorriso dela, agora que Harry tinha tentado, era frio.

"Você pode me perguntar o que quiser, Sr. Potter. Você sabe o que dizem sobre Malfoys – nós somos livros abertos."

Ninguém dizia isso, mas ninguém dizia que eles tinham bom sensos de humor e claramente Narcisa tinha um, mesmo que fosse bem seco e afiado, a frase falada sem qualquer inflição em tom de tal maneira que ela parecesse desinteressada e desinteressante. Harry arrumou os óculos, dando uma mordida no croissant.

"Você foi para escola com meus pais, não é?"

Falou com a boca cheia, derrubando algumas migalhas no pano branco e delicado em cima da mesa externa que Draco tinha tão cuidadosamente preparado. Narcisa o lançou um olhar enjoado, como se cheirando algo muito horrível saindo da direção dele.

Disse, cuidadosa: "Os dois eram mais novos, mas sim, houve uma breve época em que estivemos em Hogwarts ao mesmo tempo. Os Potter ainda faziam parte do Sagrado Vinte-Oito, mas eles não eram... próximos, de famílias como a minha. Não iam nas reuniões ou nas festas. Seu pai era.. bem... barulhento. Meu primo achava que ele era engraçado."

Parecia estar escolhendo as palavras que usava com muito cuidado, mas ele não precisava ser dito para saber que alguém como Narcisa Black Malfoy não apreciava James Potter. Não precisava nem conhecer o pai para juntar as descrições que tinha – piadas e pegadinhas, arrogância e bondade, juventude explosiva e vida adulta cortada no meio – e entender como James não se encaixava na visão que Narcisa e os Black tinham do que um puro-sangue deveria ser.

Apesar de saber disso bem, com a conexão com a irmã que tinha ajudado a voltar à tona e o apartamento que tinha ajudado o Ministério a destruir, Harry de vez em quando se esquecia que o Black de Draco e Narcisa era o mesmo de Sirius. Que o "primo" dela era, no caso, o padrinho dele.

Não conseguia imaginar os dois, ainda crianças, no mesmo cômodo. Não conseguia nunca pensar neles tendo uma reunião de família. Faria qualquer ótimo filme de comédia Trouxa parecer a coisa mais sem graça do mundo, em comparação.

Narcisa abaixou o rosto, mexendo no chá dela.

"Nunca falei com a sua mãe, é claro."

Harry não perguntou porquê. Não precisava.

"Não consigo imaginar Hogwarts naquela época," admitiu ele, sincero. "Sei que tinha muito mais alunos. Deveria ser tão diferente de quando eu estava estudando. Havia alguém mais que eu conheço com você lá?"

Narcisa encolheu os ombros, um gesto breve e elegante da parte dela. "Tinha seus pais e o primo Sirius. O lobisomem que casou com a minha sobrinha, pai do Teddy. Não consigo pensar em mais ninguém de cabeça. A maioria dos meus colegas ou foram presos ou morreram."

Razão, no caso, para Hogwarts ter menos alunos na época de Harry. Não dava para ficar se preocupando em começar uma família com uma guerra civil em movimento e, até hoje, a comunidade bruxa só estava começando a recuperar os números que tinham perdido nas últimas décadas, mais de duas gerações bruxas destruídas nas mãos de outros bruxos na tentativa de os convencer que eram os Trouxas a verdadeira preocupação.

i doubt the stars are fine,  DRARRY [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora