09; dias de paz

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O lago dos Malfoy virou um favorito rápido de Scorpius, que nunca tinha visto nenhum lago ou o oceano ou sequer uma piscininha, ao ponto de ter ficado encantado e surpreso até com a banheira no quarto onde estava dormindo e ter arregalado os olhos tanto que eles quase caíram para fora da cabeça quando descobriu que 71% da Terra era água.

O plano dos adultos era o manter tão distraído explorando aquele tão incrível pedacinho de céu na França que iria se esquecer de pensar em Todd. Para isso, Draco pensava em uma nova atividade ao ar livre para eles fazerem todo dia.

No segundo, Draco puxou um barquinho guardado em uma cabana de tralhas antigas que havia em um canto do jardim, a tinta branca já quase completamente descascada e a madeira mofada que precisou ser arrumada com a ajuda da varinha dos dois. Depois da pausa espontânea para restauração, eles o levaram até o lago com ajuda de Harry e de magia. Igualmente, usando sua varinha para que os remos fizessem todo o trabalho sozinhos, eles levaram Scorpius para dar uma volta, apesar de que uma volta durou o dia inteiro, de tanto que o menino gostou.

Narcisa não entrou com eles, por falta de espaço e medo de cair. Não era um medo tão irracional quanto o aparente medo dela de se sujar de grama: Draco teve que segurar o próprio Scorpius o tempo todo, o menino com metade do corpo para fora de maneira bem perigosa e precária para colocar as mãos na água e encarar os peixes que passavam perto dos dedos dele, rindo e se jogando para trás nos braços do pai e jogando água para todos os lados sempre que eles roçavam na pele dele.

Lá pela tarde, Harry tirou o casaco, levantou as mangas da blusa e começou a remar sem magia, só para ver o interesse e fascínio no rosto de Scorpius, e porque já estava um pouco entediado. Draco o lançou um olhar retorcido, engolindo em seco.

O que se seguiram a viagem deles foram dias de preguiça e diversão.

Caminhadas pela propriedade, corridas pelo jardim, voltas pelo lago. Jogos, refeições, conversas sobre livros. Momentos de paz lenta roubados em um cantinho idílico e rural, escondido de todo o resto do mundo; o céu branco eterno e a grama se estendendo pelo horizonte, as risadinhas de Scorpius e sorrisos preciosos de Draco, Narcisa tirando foto dos dois com os olhos cheios d'água e um próprio sorriso muito frágil.

Harry no meio deles, um forasteiro e um protetor, dois em um.

Não dava para jogar Quadribol só com quatro pessoas, mas eles ensinaram Scorpius como voar, só bem baixinho, e o ensinaram futebol, e vôlei que Harry teve que ensinar para ele e para todos os puro-sangues e que mais envolveu ficar lançando saques um para o outro enquanto a bola passava mais tempo caindo no chão e rolando para longe do que no ar ou na mão deles. No quarto dia, Draco apareceu com um baralho que encontrou na vila mais perto onde de vez em quando ia para comprar suprimentos, ensinando jogos de carta bruxos para Harry enquanto Harry os ensinava jogos trouxas, todos que eram jogados no lado de fora.

De vez em quando Narcisa levava Scorpius para passar algumas horas na biblioteca com ela, que era quando Draco preparava o almoço ou jantar, e Harry, que só gostava de ler livros de mistério Trouxas que os Malfoys certamente não tinham, aproveitava para trabalhar, relendo os arquivos que tinha com os novos conhecimentos que aquela foto tinha o dado. As palavras eram as mesmas, as fotos se mexendo, mas nunca revelando nenhuma nova, outrora escondida figura – e mesmo assim, parecia que toda vez que tinha um tempinho para ir lá as estudar, ele aumentava as anotações dele, revelava um pouco mais da imagem completa em sua mente. Podia sentir. Tinha quase tudo, só... só uma coisinha que faltava.

Um último pedaço do quebra-cabeça.

Ele cortou caminho de novo. Mandou uma carta para Hermione perguntando se ela podia, por favor, o passar informações sobre o falecido auror, Willis Todd.

i doubt the stars are fine,  DRARRY [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora