Once in a lifetime.

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Meus olhos verdes piscavam rapidamente enquanto eu tentava me acostumar com a luz.

Seria apenas mais um dia normal se eu não tivesse sido raptada por um louco psicopata. Eu tinha 17 anos. Lembro-me de acordar em uma manhã normal, me vestir para ir à escola, tomar café da manhã com meus pais Lauren e Michael Kahn, despedir-me deles e sair para ir pra escola. Eu fui. E nunca mais voltei para casa. A última pessoa com que conversei foi Ronnie, minha melhor amiga. Tenho saudades dos meus pais, saudades dos meus amigos, da minha vida e do meu cachorro Mike.

Não sei há quanto tempo estou aqui. Parei de contar após quatro meses. Creio que seja há um longo tempo pois meus cabelos castanhos que, quando cheguei aqui, estavam no comprimento pouco acima dos meus ombros, agora estão pouco acima da metade de minhas costas .

Eu costumava ter a pele levemente bronzeada, mas agora estou parecendo mais como giz. Minhas roupas preferidas eram vestidos florais e jeans claros com camisetas delicadas em tons pastel,  mas as roupas que me são proporcionadas agora parecem saídas de um prostíbulo: curtos e colados vestidos pretos ou vermelhos que acentuam minha perda de curvas. Emagreci. Não sei quantos quilos mas emagreci, percebo isso pois minhas costelas estão perceptíveis.  Meu quarto era azul celeste, longas cortinas brancas impediam a luz de fora entrar ali, e a cama parecia uma nuvem, eu adorava. Meu quarto agora deve ser um porão. É escuro, frio e sujo. Durmo em um colchão de solteiro com várias colchas cinzas para me proteger do frio. Panquecas,  lasanhas, massas e pizzas foram substituídas por pães dormidos e sobras de arroz e carne. As vezes nem como.

Sobre o cara que me sequestrou, sei que tem olhos verdes, como eu, e cabelos encaracolados. Ele é alto e forte. Mas nunca falei com ele ou o encarei demais. Sempre mantenho a cabeça baixa quando ele vem me ver. Não o quero encarar, tenho medo do que ele pode fazer. Na verdade, ele nunca me fez nada, não sei porque ele me mantém aqui. Nunca me forçou a transar com ele ou me machucou. Me pergunto até hoje o porquê dele ter me sequestrado.  Eu só quero sair daqui e voltar para meus pais e amigos. 

Uma vez, eu tive uma vida, boa e feliz e eu a quero de volta.

Stockholm Syndrome.Onde histórias criam vida. Descubra agora