Conect the cuts.

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Significado do título para a autora: a palavra 'cuts' significa cortes, neste contexto, significa pequenos pedaços (como cortes) espalhados. Como pedaços de um quebra cabeças. Pedaços que a Annabeth vai ter que juntar para descobrir porque ela está presa. Estes, são os primeiros pedaços, haverão mais, juntem as pistas. Boa leitura.

Não sei o que esperava ao acordar, mas estava sozinha. O frio havia ido embora, mas algo em mim ansiava para que ele estivesse aqui. Há algo errado comigo. Suspirei e um cheiro doce invadiu minhas narinas. O cheiro dele. Bom. Muito bom. Ok, há algo muito errado comigo.

Tossi. Se eu estivesse em casa, estaria tomando café com a minha família. Estaria vestindo meus pijamas preferidos com uma xícara quente de café em minhas mãos, minha mãe estaria distribuindo waffles e meu pai estaria lendo o jornal. Nunca dei valor à momentos como esse. Até agora.

A porta abriu-se interrompendo minhas lembranças e me fazendo dar um pequeno pulinho. Parado na soleira da porta como, uma estátua, estava um homem de meia idade. Seus olhos castanhos me analisavam minuciosamente. Mesmo por de baixo das cobertas, me senti nua.

- Manteve a garota saudável Styles. Bom trabalho. - Sua voz grave se dirigiu à alguém que não posso ver.

- Sempre faço bom trabalho, Mark. - Meu sequestrador.

Styles? É o nome dele? Ou o sobrenome? Apelido?

- Sei que sim. - O homem desconhecido se aproximou e eu instintivamente me encolhi. - Como vai a vida, Annabeth?

Sua voz carregada por algo mesquinho e nojento me deu repulsa. Neguei-me a responder.

- Sabe, esses treze meses em que esteve aqui foram muito divertidos. - Ele riu. - Ver seu patético pai desesperado atrás da filhinha é... No mínimo estimulante.

Treze meses. Minha cabeça latejou. Estou presa há treze meses. Parece mais tempo, mas ainda assim, eu esperava que fosse menos. Bem menos.

O homem sentou-se na cama e agarrei minhas pernas contra meu peito com mais força. As palavras dele ecoando na minha cabeça. Seu patético pai, ele disse.

- Meu pai não é patético seu miserável. - Cuspi.

Eu realmente não sei de onde sai coragem de mim em alguns momentos.

Ele soltou uma gargalhada alta fazendo meu corpo inteiro estremecer.

- Ah Annabeth, seu pai fez muitas coisas erradas nessa vida. - Ele passou a mão pelos cabelos ruivos. - Coisas pelas quais ele merece pagar. E quem melhor para usar contra ele do que sua linda e adorável filha?!

Estou sendo usada para fazer meu pai sofrer? O nó em minha garganta cresce a cada palavra.

- Eu poderia ter usado a vadia da sua mãe, mas não teria tanta graça. - Ele riu. - Seus pais não são quem você pensa que eles são.

- AH, ELES NÃO SÃO BONS? - Explodi. - ESTÁ ME MANTENDO PRESA AQUI POR TREZE MESES E MEUS PAIS QUE SÃO MAUS? - Fiquei de pé. - NÃO SEI O QUE ELES FIZERAM, SE É QUE FIZERAM ALGUMA COISA, MAS MAUS ELES NÃO SÃO!

Outra vez, não sei de onde tirei coragem para gritar com esse homem, mas a quero de volta quando ele levanta-se e fica quase duas vezes mais alto que eu com um olhar que me queima.

- Escuta aqui, seus pais não passam de vagabundos criminosos que, ao contrário de mim e dos meus homens, se fazem de santinhos. - Ele falou ríspido. - Não fale do que não sabe, menininha.

Lágrimas rolaram por minhas bochechas.

- Mal sabe o que te espera nos próximos dias. - Ele abriu um sorriso largo e maléfico. - Se achava que tua vida estava ruim, acredite, vai piorar.

Ele virou as costas para mim e andou até o homem que me tirou do conforto do lar. Os dois trocaram algumas palavras, os olhos verdes nunca desviando dos meus. O homem chamado de Mark se virou para mim mais uma vez e encarei seus olhos frios.

- Não olhe para mim como se a culpa fosse minha. - Ele disse. - Culpe aqueles que tanto defende, eles sim, merecem que os culpe.

Mais lágrimas. Como ele ousa falar assim dos meus pais? Das pessoas que sempre me trataram com carinho e que me amaram?

Não o vi sair. As lágrimas borraram minha visão e minha mente parece ter se desconectado do resto do mundo. Por que estou presa aqui?

- Annabeth? - A rouquidão em sua voz familiar me trouxe de volta à dura realidade.

Pisquei rapidamente até meus olhos se focarem no belo homem à minha frente.

- Você não deveria ter gritado com ele. - Ele puxou-me até a cama e me sentou. - Piorou as coisas.

Solucei.

- Que coisas? - Atrevi-me à perguntar.

Ele sorriu.

- És extremamente curiosa. - Ele disse e encolhi os ombros.

Ele não respondeu minha pergunta e me sinto frágil e cansada demais para refazê-la. Ficamos em silêncio. Lágrimas à rolarem pelo meu rosto e os olhos dele à fitarem a parede.

- Mas o que eu estou fazendo? - Ele sussurrou para si mesmo, mas eu ouvi.

- Como assim? - limpei as lágrimas.

Seus olhos se voltaram para mim e ele parecia estudar meu rosto.

- Nada. - O tom de voz duro. - Só.. Eu sinto muito por ter a ter deixado sem comida e água.

Com isso, levantou-se rapidamente e andou até a porta com passos largos e audíveis.

- Trarei sua janta mais tarde. Durma que amanhã virão te buscar. - E com isso ele saiu fechando a porta com um estrondo.


Eles virão te buscar. Quem? Por que? 

O medo tomou conta de mim. O que quer que seja que (quantos que's, não?! Kkk) vá me acontecer amanhã, não soou bem saindo da voz de meu belo sequestrador. E se aquele homem, Mark, está envolvido, e ele deve estar, as coisas se tornam ainda piores.

Na minha mente, as palavras dele sobre meus pais não fazem sentido. Meu pai sempre trabalhou duro para dar as melhores coisas para mim e minha mãe. E nunca nos faltou nada, aliás, sempre sobrou. 

Ocorreu-me de repente que não sei no que meu pai trabalha. 

Estaria ele metido em coisas ruins? Não. Ele é uma boa pessoa. Aquele homem nojento só quer confundir a minha cabeça. 

Será? 

De qualquer forma, o que meus pais teriam feito de tão errado para eu acabar presa durante um ano?

Um ano e um mês. Essa informação tirou o chão de meus pés. Eu sabia que fazia muito tempo desde meu último dia normal, parecia muito mais que um ano, mas eu eu esperava, torcia para que fosse menos.

Neste momento, estou desejando estar presa em um pesadelo. Desejando estar prestes à acordar.

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Primeira nota da autora, não costumo fazer isso pois... Bem, nem sei porque, mas vou passar a fazer.
Expliquei o título lá em cima, mas vou dar uma desenvolvida maior aqui.
Há pistas nesse capítulo e haverão nos demais, quero que conectem essas pistas e descubram o que mantém a Annabeth presa. Comentem suas opiniões e o que vocês acham que é.
Não sou de deixar as coisas muito na cara, pode parecer que não, mas existem pequenas pistas neste capítulo e haverão mais nos seguintes. As pistas se tornaram mais evidentes com o passar dos capítulos espero que me ajudem a desenvolver esse quebra cabeças, então, mais uma vez, comentem suas opiniões.
Sobre o Harry e a Anna (alerta de spoiler), terão momentos fofos e confusos no fim do próximo capítulo que ainda não comecei a escrever mas já tenho em mente.
Até o próximo amoras. ❤❤

Stockholm Syndrome.Onde histórias criam vida. Descubra agora