Assim como a casa, o jardim era belo.
Harry me conduziu até o jardim e ficamos ali, em pé, olhando o verde da vegetação.
A não ser pelos muros altos, o jardim era praticamente a própria floresta, com árvores altas e majestosas e um gramado do mais belo verde.
Ele me conduziu pela vegetação e paramos em frente a um singelo banco no meio das árvores, onde Harry indicou para que eu me sentasse.
- Quando estou cansado demais, gosto de sentar aqui e ler um bom livro. - Ele comentou sentando ao meu lado.
- É lindo. - Murmurei.
- É sim. - Ele disse. - Achei que você gostaria.
Ficamos em silêncio durante longos minutos.
Eu não sabia o que pensar, fazer ou falar.
Estava tão confusa sobre tudo. Odiava o que minha vida havia virado por causa dele, por causa dos meus pais, por causa de Nadine e Mark.
Queria fugir, ir à polícia e contar tudo.
Mas, ao mesmo tempo, estava deslumbrada por ter escapado daquele lugar, por causa desse lugar aqui e agora e por causa dele.
Pelo que eu poderia imaginar ser com ele, se não tivesse acontecido tudo o que aconteceu. Se ele não fosse um criminoso que me sequestrou. Burra.
Aqui e agora sentada ao lado dele, apreciando a paisagem e sentindo sua presença ao meu redor, eu queria que as coisas fossem diferentes.
E nem sei de onde isso vem.
É assustador como eu o odeio e me sinto atraída por ele ao mesmo tempo.
Harry Styles é definitivamente uma das piores pessoas que conheço; cruel, traiçoeiro e mau e, ainda assim, não consigo evitar esse turbilhão de sensações.
- Annabeth, você terá sua vida de volta. - Ele interrompe meus devaneios. - Dê-me algum tempo. Quando tudo estiver acabado, você terá sua vida de volta.
O encaro e ele devolve o olhar com tanta intensidade que estremeço.
- Q-quando o que estiver acabado?
Ele olha para frente e fica calado por alguns instantes.
- Vou encontrar um jeito de fazer Nadine e Mark pararem de caçar você. E sim, eles estão atrás de você. De acordo com os meus contatos, eles já reviraram Londres inteira atrás de você. - Ele pausou como se ponderasse o que diria a seguir. - A essa hora, eles já devem ter ido atrás de seus pais, pensando que foram eles que te resgataram. - Ele voltou seu olhar para mim, observando-me com cautela. - Anna, seus pais devem saber que você está viva.
Eu não sei por que isso me impactou tanto, mas o fez.
Mamãe e papai sabem que estou viva.
Não consigo descrever o que senti.
Não era felicidade, mas tampouco era tristeza. Só uma confusão ainda maior.
Odiei meus pais quando descobri o que eles fazem. Odiei a minha vida perfeita de mentira.
Mas eles são meus pais. Uma parte minha sente tanta falta deles. Os ama tanto.
- Annabeth, diga alguma coisa. - Harry me despertou novamente, um certo tom de urgência em sua voz.
- N-não sei o que dizer. - Falei apenas.
- Me diga como se sente. - Ele incentivou.
Como me sinto?
Como me sinto sobre minha antiga vida? Sobre o sequestro e o tempo que passei com ele? Sobre os últimos três anos? Sobre o futuro? Sobre ele?
Como me sinto?
- Eu não sei, é tudo tão confuso. - Suspirei enquanto senti meus olhos encherem de água. - Eu só quero ser livre.
Deixei as lágrimas escaparem.
Harry envolveu seus braços ao meu redor, puxando-me para seu ombro e ali solucei.
Solucei por horas até ele dizer que precisávamos entrar. Assim que o fizemos, Harry Styles me deixou sozinha na sala de estar e sumiu pelo corredor.
Uma menina que eu não havia visto antes e cujo nome não consegui gravar me levou à cozinha onde jantei um enorme prato de mac and cheese. Sozinha.
Agradeci pela comida e segui ao "meu quarto".
Estava muito frio, portanto vesti um pijama quente que encontrei no closet. Estava tão exausta para variar que deitei na cama e imediatamente adormeci.
Não sei por quanto tempo dormi até abrir os olhos e encontrá-lo parado à minha porta, com apenas uma fraca luz vinda do corredor o iluminando. Os olhos verdes brilhando.
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Stockholm Syndrome.
DiversosJá li sobre a síndrome de estocolmo, aquela em que a pessoa sequestrada desenvolve sentimentos pelo sequestrador. Tentei, mas foi impossível não me apaixonar pelo homem intenso e irresistível que me sequestrou.