Taken away.

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Não sei onde estou quando abro os olhos. É a terceira vez que me trocam de lugar e não sei o porque das mudanças. Meus olhos piscam tentando se ajustar com a pouca luz e posso reparar em algumas coisas como: esse ambiente não é tão úmido quanto o outro, embora cheire muito mais mal. Estou deitada em um colchão e há um cobertor branco para mim, a única luz que vejo vem de uma pequena janela acima de onde estou e as paredes são verde-musgo. Do outro lado, há um vaso sanitário e uma pia, mas sem espelhos. Também do outro lado olhos verdes me encaram.

Um sorriso surge em seus olhos quando nossos olhares se encontram. Sento-me inquieta e tento ignorar os calafrios que seu olhar me proporciona.

- Bom dia, bela adormecida. - A rouquidão em sua voz faz meu estomago revirar. - Deve estar se perguntando onde está e porque a transferimos. - Ele pausa e eu ainda não posso voltar meus olhos a ele. - Bom, tenho um recado para você.

Um recado?

- D-de quem? Que recado? - Pergunto.

- És uma curiosa mesmo. - Ele ri e me encolho.

Ouço seus passos se aproximando e me aperto na parede cada vez mais.

- Não te interessa quem. - Ele rosna e levanta meu queixo bruscamente. - O que deve saber é que não vai demorar muito para virem te buscar.

Me buscar? Um calafrio passou pelo meu corpo. Ele percebeu.

Harry deu as costas para mim e largou-se em uma cadeira acinzentada. Fiquei olhando-o assustada. Aterrorizada, para falar bem a verdade. Ele ergueu os olhos para mim e sustentou meu olhar por poucos segundos até eu virar o rosto.

Passei, o que pareceram horas, imóvel encarando a parede suja. Sem trocar uma palavra com o homem que me sequestrou até que...

Batidas na porta. Ele levantou e o vi sacar uma arma.

- Quem é?

- Somos nós. - Uma voz grave respondeu. - Viemos buscar a garota.

Estremeci e meu cérebro fechou. Como se eu estivesse amortecida ou sedada, mal senti quando duas mãos me puxaram pelo braço e me arrastaram do chão até a saída. Muita claridade. Senti uma pontada de dor de cabeça e a visão turva tentando me acostumar com a luz. Olhei ao redor, árvores, muitas árvores e o céu estava azul e ensolarado, fazendo minha cabeça latejar. Havia apenas o barulho de pássaros em meus ouvidos.

Quatro homens estranhos me cercavam e levavam-me em direção a um carro escuro. Tentei achar Harry, mas não o vi em lugar algum e fiquei mais nervosa. Era estranho eu estar a procurá-lo para me acalmar, devido às circunstâncias, mas ele era a única pessoa com quem eu tinha contato em meses, estar com pessoas estranhas, fazia minhas entranhas revirarem.

Rápido demais. Essa mudança veio rápido demais e estava acontecendo muito depressa.

Queria correr. Fugir deles. Gritar. Mas meu corpo não me obedecia. Por que não consigo gritar? Fugir? Qualquer coisa?! Mas meu corpo não reagia. Percebi que meu corpo havia travado quando algo duro bateu em minha cabeça.

- Anda, porra! - Alguém desconhecido disse.

Mas não consegui ver quem, nem responder e nem andar, minha visão já escurecia e eu perdia os sentidos.

Engraçado o medo, não é? Como ele desperta em alguns sentidos ágeis e habilidosos e em outros, tem o poder de paralisar e enfraquecer. Sem qualquer sorte nos últimos meses, não era difícil de acreditar a segunda opção é real para mim.

Me render ao medo significava que, por estar tanto tempo presa, já não tinha mais esperanças, já não queria mais lutar, pelo contrário. Acho que, talvez, minha vontade fosse a de desaparecer, me deixar sumir, morrer. De que adiantaria viver, se fosse para viver aprisionada?

..........

Hello there.
Após um looooongo tempo, resolvi voltar a postar aqui. E para concretizar essa vontade, estou liberando esse ep bem curtinho, mas prometo que o próximo será mais longo.
Comentem, favoritem, me mandem mensagens com sugestões.
See you soon!

Stockholm Syndrome.Onde histórias criam vida. Descubra agora