I'll have to.

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Pensamentos profundos e escuros passam por minha mente às vezes e eu sonho. Sonho que estou desaparecendo. Por vezes chego a sonhar que estou sumindo. E eu literalmente consigo sentir minha vida saindo de meu corpo nesses sonhos; ou seriam pesadelos?

Sinto tristeza tomar conta de cada pensamento meu. Sinto dor em cada suspiro e me pergunto quanto mais consigo suportar antes de sucumbir.

Há vozes em todos os lugares. Elas chamam meu nome. E o nome dele. Elas me dizem que devo desistir para vencer; dizem que, do contrário, morrerei.

Vejo os olhos dele. A mistura verde azulada de seu olhar. Sinto seu cheiro. Estou enlouquecendo, com toda certeza do mundo. Afinal, ele fez isso; me tirou da tranquilidade do meu lar, da normalidade do meu dia a dia, da felicidade do meu mundo, e me arrastou para o fundo do limbo. E então me deixou aqui. E por quê?

Algumas vezes mencionaram meus pais. Os acusaram de serem os grandes culpados. Mas de que eles teriam culpa? Nunca feriram a ninguém, sempre foram gentis para com os outros, me deram todo amor e carinho do mundo, meus melhores amigos! Seria tudo isso motivado por inveja do quão feliz nossa família é? Ou fomos os azarados escolhidos aleatoriamente para ter as vidas arruinadas? Há algo que eu não saiba?

Talvez eu nunca chegue a descobrir.

Talvez eu esteja condenada a passar a vida presa sem ao menos saber a razão.

Certamente aqueles que me sequestraram estão contentes agora, felizes com a minha desgraça. Não consigo evitar me perguntar se ele também compartilha dessa alegria. Provavelmente sim.

De certo modo ele ficou preso em minha mente. As vezes bom, outras vezes mau, nunca sabia o que esperar quando ele aparecesse. Me deixa muito irritada comigo mesma pensar que apesar de ele ter tirado minha liberdade e me largado aqui, há algo sobre ele. Algo que não entendo muito bem o quê, mas que me instiga a querer tê-lo por perto.

Realmente estou ficando maluca.

Talvez seja culpa dos castigos que venho sofrendo por me recusar a vender meu corpo. Posso percebê-los ficando extremamente impacientes comigo. Me questiono o que farão comigo a longo prazo se eu me recusar para sempre.

Talvez me "apaguem". Talvez isso não seja assim tão ruim; pelo menos eu manteria o que sobra da minha dignidade.

É um pensamento que passa por mim. Mas o que tenho de esperança de sair daqui não fica confortável com a ideia. Constantemente me lembro das vozes ecoando em minha cabeça "desistir para vencer", mas desistir de quê?

A resposta que não me era clara antes, parece brilhar como o sol e ofuscar todo o cômodo escuro assim que a porta se abre revelando Nadine, e, de repente eu sei o que significam as vozes.

Para vencer, para viver, terei que desistir.

Terei que desistir de lutar contra.

Eu terei que ceder.

É o único jeito de eu sair daqui.

Terei que vender meu corpo.








Um bem curtinho e tristinho para hoje. Provavelmente vou postar mais um ainda hoje que também vai ser curtinho. Estou bem triste escrevendo isso pela Anna, mas juro, juro mesmo que ela ainda vai ter momentos bons e sair desse clima dark. Enfim, espero que curtam, beijoss!

Stockholm Syndrome.Onde histórias criam vida. Descubra agora