Getaway car.

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O pavor em sua voz me faz erguer a cabeça e levantar, mas é a urgência em seus olhos que me desperta para o som de gritos e tiros ao meu redor e, assim como ela, começo a correr sem olhar para trás.

Não corro muito até me esbarrar em alguém que me segura pelos braços e me arrasta em direção diversa à que Ally ia. 

O pânico cobre meus olhos e fico momentaneamente cega.

Começo a gritar e me debater enquanto tento voltar ao meu caminho.

- PARE COM ISSO. - A voz dele grita na tentativa de ser mais alta que o som dos tiros ao nosso redor.

Meu corpo relaxa por um segundo na presença dele, porque me sinto segura com ele - por mais patético que isso seja.

Agora estou correndo com Harry. Correndo em direção à porta de saída.

Saída.

Não entendo o que está acontecendo.

Mas estou saindo daqui e isso basta. Por enquanto.

Ouço um tiro e Harry cambaleia ao meu lado, mas sem parar de correr.

Ele abre a porta e aí acontece.

Ar puro. É dia.

É dia e Londres está movimentada e absorta ao que acontece dentro do bordel que acabei de escapar.

Do lado de fora, não ouço mais os gritos e os tiros ecoando em meu ouvido, mas tão somente o burburinho de diálogos aleatórios na rua.

Harry desacelera o passo e me conduz a fazer o mesmo enquanto nos misturamos entre a multidão de pessoas ao nosso redor.

- Não olhe para trás. - Ele sussurra em meu ouvido e obedeço.

Meus olhos piscam depressa enquanto me acostumo com a luz do sol londrino e me sinto entorpecida olhando as pessoas ao meu redor, usando roupas extravagantes e óculos de sol diferentes.

Me sinto uma estranha na cidade que uma vez vivi.

- O que está acontecendo? - Indago agitada.

- Aqui não, Annabeth. - Ele rosna nervoso.

Harry segura meu braço enquanto me conduz pelas calçadas até um carro branco que não reconheço. Ele abre a porta para que eu entre e vai até o porta malas, de onde retira uma mochila preta.

Quando ele entra e senta no banco ao meu lado, dá a partida com pressa.

- Harry. O que está acontecendo? - Pergunto de novo.

- Aqui não, porra. - Ele resmunga enquanto aperta o volante com força. 

Me calo. Para variar.

Harry dirige com pressa, mas dentro do limite de velocidade até sairmos da área central de Londres. Ao chegarmos em um bairro menos movimentado, ele para o veículo e me entrega a mochila.

- Você precisa trocar de roupas. - Ele diz olhando para mim. - Do outro lado da rua tem um café. Nós vamos entrar, eu vou comprar comida e você vai ao banheiro colocar a roupa que tem dentro dessa mochila.

- Harry, por favor. Eu preciso saber - Murmuro. - O que está acontecendo?

Ele suspira e olha para frente.

- Liberdade. - Diz. - Ou a promessa dela.

E sai do carro.

Fico congelada em meu lugar por um instante e depois o sigo até o café.

Stockholm Syndrome.Onde histórias criam vida. Descubra agora