Trapped

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Fazem duas horas que acordei, sei disso pois há um relógio na parede ao fundo do quarto. Tenho certeza de que é um quarto porque estou sentada em uma cama redonda com lençóis e cobertas do mesmo tom prateado e há um guarda roupa, sendo que ao lado deste encontra-se um TV. Com certeza isso tudo é muito estranho.

Não vejo Harry ou qualquer sinal dele em lugar algum. E, embora eu esteja acostumada com sua falta, já que ele me deixou muito sozinha em meu último cativeiro, não posso evitar sentir sua falta nesse momento.

Ouço batidas na porta e me arregalo os olhos.

A porta abre revelando uma mulher de, aparentemente 40 anos, ruiva de olhos castanhos. Noto que ela carrega uma pequena sacola em suas mãos.

- Annabeth? - Ela pergunta e eu apenas confirmo com a cabeça assustada demais para falar. - Vim arrumar você.

Ok, sinto que preciso perguntar, mas tenho medo, ou melhor, pavor da resposta. E se for o que eu acho que... Não. Não pode ser, não é, não.

Ela se aproxima de mim e me encolho quase que imediatamente.

- Garanto que prefere que seja eu a arrumar você - Ela suspira pesadamente e ouso encará-la. - Não acho que os outros teriam tanta paciência. - Seu tom é duro e seus olhos são indecifráveis.

Ok, vou perguntar.

- Onde estou? - Minha voz sai falha. - O que vão fazer comigo?

Ela continua com a mesma expressão enquanto as palavras saem de sua boca como um tapa direto em minha cara.

- Está no La luna. Meu estabelecimento de.. - ela pausou como se escolhesse as palavras. - entretenimento masculino.

Engulo em seco e sinto meu rosto esquentar. Perco o ar, o chão, o mundo cai de minhas mãos. A resposta que eu, em meu subconsciente, cheguei a imaginar, mas tanto temia. As palavras dela haviam sido facas que me atingiram em cheio rasgando minha pele e minha alma.

- Agora vamos, - ela disse simplesmente. – preciso deixa-la com boa aparência.

Ela me puxou pelo braço e me conduziu para fora do quarto para um corredor comprido e cheio de portas. As paredes brancas contrastavam com as portas coloridas, eram sete, cada uma de uma cor. A mulher abriu a última porta à esquerda, entrando comigo em um amplo banheiro.

- Dispa-se e entre. – Ela fez sinal para o box.

Obedeci sem pestanejar, quase que automaticamente, amortecida demais pelo fato recém descoberto. Entrei no box e liguei o chuveiro sem que ela perguntasse e devastada demais para me importar que outro ser humano me visse nua, lágrimas de um choro calado desciam junto com a água.

Então era isso. Todos os meses que fiquei sobre a supervisão do homem de olhos verdes, a solidão, a torturante experiência de ser privada de liberdade... Tudo para isso. Ser transformada em prostituta contra a vontade. Nada de final feliz para mim, sem príncipe encantado para me salvar, sem pais para encontrar quando chegasse em casa nos braços de meu salvador... Estou presa em meu pesadelo, sem chance de acordar.

Preciso fugir daqui, penso.

- Mais rápido, menina.

Forço a mim mesma a pegar o tubo de shampoo do chão e aplico o produto em meus cabelos, lavo o corpo com força com o sabonete que encontro e desligo o chuveiro. Me enrolo na toalha e, com um movimento nada sutil, a mulher aperta meus cabelos com outra toalha para retirar o excesso de água. Uma vez seca, ela me entrega roupas que são agradáveis até. Uma calça preta, camiseta branca e lingerie preta. Não há nada para por nos pés, no entanto.

Stockholm Syndrome.Onde histórias criam vida. Descubra agora