Capítulo 15. Gritante

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Cap.15

Uma madrugada fria, um tanto diferente das noites quentes da Nação do Fogo, fazia qualquer um desacostumado tremer por inteiro. Sun não estava diferente e seus guardas muito menos.

Em cada uma das carruagens estacionadas, no mínimo uma pessoa estaria batendo queixo e se cobrindo ao máximo. A verdade é que nenhum deles esperava que o clima pudesse ser tão negativo depois de ultrapassar a fronteira entre a Nação da Água.

Somente Rine, por algum motivo, estava calmo acariciando Maya, que estava com a cabeça repousada em suas cochas.

— Rine! Você está acordado? — Sun pergunta, sentado no lado oposto ao outro na carruagem real. — Psiu!— Ele estava prestes a cutucar Rine, quando o mesmo o interrompeu irritado.

— Calado! Não a acorde. — Rine abre os olhos sonolentos. — Eu estava tentando dormir, idiota.

— Ah, desculpa. É que, está frio... — Justificou Sun culpado e encolhendo os braços.

— Mas o que eu tenho haver com isso? — Rine sindicou furioso por Sun perturba-lo.

— Hm... É verdade. — Sun voltou a se sentar em seu assento — Desculpe, vou dormir. — e se embrulhou num cobertor que aparentemente, não esquentava muito bem.

O vento estava forte demais lá fora, motivo pelo qual eles não conseguiram fazer uma fogueira e decidiram dormir dentro das carruagens estacionadas, mas ainda entravam rajadas gélidas de vento e areia, mesmo na carruagem de Sun, que era a melhor. Imagine então, nas carroças em que os guardas estavam.

Rine pensou nisso, gerando calafrios em seu corpo. Ele se lembrou de algo: Ele mesmo, quando criança, em uma carroça em pedaços. Estava úmida, e ele estava sem cobertor algum.

Ele franziu as sobrancelhas e mordeu o lábio inferior ao relembrar. Olhou para Maya, que parece sentir um pouco de frio mesmo sendo abraçada por ele, Rine suspirou em decisão.

— Ei!— Ele sonda se Sun ainda não dormiu e recebeu resposta através dos olhos que o outro abriu. — De fato, está frio... Pelo menos, para vocês dois. — Ele se ajeitou no assento e levantou o cobertor.

— Você... — Sun indagou, mas o Rine o interrompe.

— Se juntarmos o seu cobertor com o meu, você e a Maya não ficarão com frio! — Rine parecia querer ajudar, mas seu tom foi de ordem e seu rosto ruborizado explanava a vergonha para falar.

Olhando aquela cena a vontade de rir foi, mas Sun teve amor por sua vida e também não gostaria de arruinar a amizade que os dois mal tinham. Então ele foi ligeiro em juntar os cobertores em um bolinho quente de três pessoas.

Sun estava à direita, enquanto Maya repousava à esquerda, recostada no colo de Rine. Eles não conversaram nada, até que pegaram no sono. Bom, dois deles, sim.

Rine estava com uma sensação estranha desde o começo da viagem e isso não o deixou dormir nem por um instante durante essa madrugada.

Ele vaga em seus pensamentos, enquanto observa o sono gostoso da garotinha que ele foi obrigado a se responsabilizar. Não que ele não goste. Rine sai do seu devaneio ao sentir um peso em seu ombro direito.

Ele até pensou em empurrar, mas ao ver que Sun dormia tão profundamente, desistiu. O calor do corpo de Sun era tanto, que Rine se perguntou se o príncipe estava, realmente, com frio.

Devido ao calor intenso, e os assentos macios da carruagem, ele cochila. Mesmo com o peso de duas pessoas o privando de qualquer movimento.

Mais tardar, nas redondezas do "acampamento" onde estava as carruagens, um canto alarmante, semelhante ao de uma ave, chama a atenção de Rine.

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