Capítulo dois: Bem vinda.

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Capítulo dois: Bem vinda.

By: Laura.

Eu subi até o que, de hoje em diante seria o meu quarto, na nossa nova casa, numa cidade desconhecida em um país diferente de onde eu nasci, apesar do lugar ao qual meu pai escolheu ser conhecido por abrigar a maior quantidade do nosso povo, não é o meu país e eu definitivamente não me sinto em casa.

Eu tentei não me concentrar em quão longe de casa, das minhas raízes, tradições e da minha família nós estamos agora, porque se eu começasse a chorar de saudade de todos que deixamos em Juárez eu não iria aguentar.

Troquei rapidamente a calça de moletom que eu usava por shorts e coturnos, com a blusa mais leve e aberta que eu pude encontrar, porque era como se o sol tivesse caído sobre nossas cabeças.

Eu desci as escadas rápido antes de Papá ou meu irmão gêmeo irritante decidisse que iria até o mercado comigo de qualquer jeito, apenas gritei a mamá que estava indo.

― Vaya con Dios.

― Gracias ma-mamá.

Eu caminhei pelo lado da calçada onde havia sombra, aproveitando a leve brisa em meio a aquele calor insuportável, eu não conseguia me lembrar de Juárez ser tão quente quanto esse lugar, precisava admitir que parece ser realmente uma cidade bem bacana, logo que percorri as duas quadras que meu pai havia me instruído, encontrei o pequeno mercado com fachada vermelha e nome gringo.

Lá dentro havia ar condicionado, o que me fez suspirar aliviada, havia uma pequena fila, apenas um caixa disponível e não havia muitos estandes onde eu poderia procurar por lâmpadas, então eu me arrisquei a ir olhar sozinha.

Todo o idioma que eu havia estudado parecia simplesmente ter desaparecido quando eu tentei ler qualquer coisa nas prateleiras, tudo bem, é questão de prática, disse a mim mesma.

Eu não conseguia encontrar lâmpadas e estava me sentindo completamente inútil e perdida, tudo bem, é só ir até lá e perguntar, é fácil.

― Con pe-permiso, tienes Bo-bombilla? ― Perguntei super baixo me aproximando do caixa que já estava mais vazio.

― Desculpe querida, como é? ― A senhora perguntou me olhando solidária.

― Eu... Ahnm... Lá-lámparas... Não, quero dizer...

― Ela quer lâmpadas, de iluminação ― Um garoto alto com cabelo raspado e pele negra falou se aproximando.

― Oh sim, quantas você precisa, querida?

― Seis, por favor - Falei baixo ― Dios, gra-gracias ― Falei toda sem graça para o garoto.

― Que é isso, sem problemas, acontece com todo mundo, quando vocês se mudaram? ― Perguntou sorrindo.

― Anm... Ho-hoy na ve-verdad ― Falei esperando a senhora alcançar as bomb, lâmpadas para mim.

― Ah... Bem vinda, você mora perto? ― Ele perguntou enquanto outra senhora cobrava as compras dele no caixa.

Eu o olhei meio sem graça, porque eu não estava acostumada a conversar com pessoas que eu não conhecia, a minha mãe mal me deixava sair sozinha em Juárez, então um garoto fazendo perguntas me deixou um pouco tensa.

― Aham ― Foi só o que consegui dizer.

Ele sorriu de novo e assentiu.

― Aqui, tem algo mais que você precise? ― A senhora perguntou.

― Sol-lo, só isso, me-mesmo― Falei dando a ela o dinheiro exato ― Gracias ― Falei antes de me afastar e sair pela porta.

Eu respirei fundo e comecei a caminhar tranquilamente pela sombra das árvores enquanto apreciava o céu azul naquele fim de tarde.

THE GOOD SUMMER: LIVRO I - HEAVEN Onde histórias criam vida. Descubra agora