20.

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"Obrigada"

"Obrigada"

"Obrigada"

Acordei puxando o ar com toda a minha força e sentando-me na cama. Olhei para os lados e estava tudo escuro. Fechei os olhos algumas vezes, tentando me acostumar com aquilo.

Onde eu estava?

Tossi algumas vezes e tentei levar a mão até minha boca, sem sucesso. Eu estava com um tipo de algema presa na cama.

- Merda... – resmunguei tossindo mais um pouco depois. Senti uma dor surreal no meu abdômen e me contorci na cama, batendo na parede algumas vezes e sentindo-a gelada.-Alguém! – gritei, tossindo novamente – Me ajudem, por favor! – a dor era tanta que eu não aguentei segurar as lágrimas – Caralho... – E então a luz foi acesa.

Fechei os olhos por causa da claridade Muitas eram as perguntas que passavam por minha cabeça naquele momento:

Onde eu estava?

O que havia acontecido?

Onde Carol estava?

Carol era minha prioridade e eu não poderia deixá-la. A última coisa que lembrava era vê-la sendo levada por aqueles homens. Neguei com a cabeça tentando afastar aquela imagem que iria me fazer desabar uma hora ou outra. Abri os olhos vendo o teto branco do quarto. Olhei para o lado, vendo apenas uma porta. A mesma que foi aberta depois de alguns minutos, revelando a mulher que se dizia a mãe de Carol. Eu ainda não acreditava naquilo.

Trinquei o maxilar vendo-a fechar a porta e tentei sair da cama. Falhei. Só fiz com que meu abdômen doesse ainda mais.

- Calma, senhorita. – ela falou, se aproximando e parando do meu lado e agachando-se – Não me surpreende Carol ter se apaixonado por você. – tocou em meu cabelo, tirando uma mecha do meu rosto – Sua mãe também era uma mulher muito bonita. Pergunto-me como ela está hoje. – franzi o cenho.

- O que...? – perguntei com a voz mais fraca do que eu esperava – Cale a boca! Você é uma mentirosa. – ela sorriu.

- Você não acredita no que eu digo? – perguntou – Veja só... Não acredita que sou a mãe de Caroline, não é? – neguei algumas vezes.

- Não. – ela riu.

- Uma pena. – levantou-se e continuou olhando para meu rosto– Infelizmente é verdade.

Meu queixo tremia de tanta raiva. Eu avançaria no pescoço daquela mulher se não estivesse algemada. Eu não queria acreditar no que ela falava. A mulher virou-se e andou lentamente em direção à porta. Engoli seco antes de falar alto:

- Que tipo de mãe você é? – ela parou – Você é um monstro. – virou-se para mim novamente, consegui ver um sorriso em seus lábios

- Eu só queria o bem para minha filha. – falou – Só que acabou saindo do controle. - Ela se aproximou novamente – Carol era bem nova quando comecei com o primeiro teste. Uma vacina que consegui fazer quando trabalhava no setor de Casos especiais, junto a sua mãe. – arregalei os olhos, sem conseguir falar nada – Nos precisávamos de um alvo fácil, ainda em fase de crescimento. Rafael e Renan eram muito velhos para isso, e você também. Seus irmãos estavam em alguma viagem com seu pai e Caroline era a única criança disponível. Então, testamos nela. Pensávamos que seria algo que fosse inofensivo. – sorriu – Só que superou minhas expectativas. Acabei criando aquela garota. Uma verdadeira máquina de destruição. – eu respirava pesadamente, digerindo tudo aquilo. Não era possível. Minha mãe... Estava metida nisso? – Fiquei muito feliz. Mas meu marido ficou com medo por Rafael e Renan, e pela sanidade de toda a família também. Ele dizia que eu estava ficando louca com tudo aquilo e que estava transformando nossa filha em um monstro. Então eu o matei. Ele não precisava ver aquilo se tornar pior. E eu tinha que continuar com os experimentos. – deu de ombros – Acabou que Rafael e Renan foram mortos também. Mas não por mim.

Monster//DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora