9.

3.6K 313 138
                                    

A quinta-feira passou como um jato e não teve absolutamente nada e relevante. Fugi de Dani o dia inteiro, Carol quase não falou comigo e Thaylise fez as mesmas piadas, como todos os dias. Tentei o máximo não lembrar o caso da número quinze, mas foi impossível. Aquilo ficou importunando minha cabeça o dia inteiro. Eu até perguntei para o guarda que me tirou da sala aquele dia se ele sabia de algo, mas ele se enrolou todo e acabou sem responder nada. E, quando vi, já era sexta-feira novamente. Comecei o dia já agradecendo, pois ia sair desse lugar hoje. A semana passou tão rápido que eu nem tinha o que dizer sobre isso. Daqui a pouco estaríamos em junho, mês do meu aniversário. Fiz tudo o que tinha que fazer na parte da manhã: tomei banho, coloquei a roupa, escovei os dentes, tomei café, fugi de Dani, peguei o café de Carol e vim até o corredor do medo. Abri a porta, vendo Carol fazendo flexões no chão. Quis babar ao ver aquilo. A garota estava de calça de moletom e top, cabelos presos a um coque e o corpo suado, indo pra cima e pra baixo em um ritmo rápido. Seus músculos do braço estavam à mostra, mesmo tendo um braço bem fino. Fechei a porta e ela parou, sentando-se no chão e olhando para mim.

-Bom dia. – falei – Resolveu ser fitness? – perguntei, entregando seu café. Ela deu de ombros, bebendo um pouco de água.

-Não. Tenho que fazer uma sequência de exercícios diariamente. – falou, comendo uma torrada – Normalmente faço quando você não está aqui.

-Tem vergonha de mim? – perguntei e ela negou com a cabeça.

-Não me sinto confortável. – dei de ombros.

-Só finja que não estou aqui. Eu nem olho para você. – falei e ela olhou para mim com se soubesse que eu estava mentindo.

-Não, obrigada. – mordeu a goiaba que tinha em mãos – Prefiro quando estou sozinha mesmo.

-Ok. Você que sabe. – falei inocente.

Depois de um tempo, Carol terminou o café da manhã, indo ao banheiro, jogando o pote no lixo e começando a tomar banho em seguida. Enquanto isso eu tinha meus fones de ouvido, que dessa vez eu lembrei de trazer – tocando Arctic Monkeys para mim.
Sorri, fechando os olhos e batucando os dedos no chão, de acordo com a melodia da música. Pela primeira vez naqueles dias eu tinha esquecido qualquer tipo de problema, mesmo que por um curto período de tempo. Senti um frio na barriga gostoso e abri os olhos, vendo Carol me olhando, dessa vez com um sorrisinho no rosto. Tirei um dos fones, ainda olhando para a menina, e perguntei:

-O que? – ela logo tirou o sorriso do rosto, dando de ombros.

- Nunca mais escutei alguém cantar. É interessante. – falou e eu levantei as sobrancelhas.

-Sério? – ela assentiu.

-Sim. Desde que entrei aqui, tudo o que ouço são os barulhos das paredes. E agora sua voz. Pelo menos cantando ela não é tão irritante quanto falando. – cerrei os olhos e a garota sentou-se em minha frente.

-E porque você não canta? – perguntei ignorando sua alfinetada.

-Não me lembro de quase nenhuma música. A maioria das coisas que lembro são melodias. Letras mesmo são poucas. Além de eu nunca praticar. Não devo ter uma voz boa. – falou tudo com pausas. Eu sorri.

-Você poderia tentar, não importa sua voz, o que importa é o sentimento.

-Isso é ridículo. – falou e eu ri.

-Eu sei. – ela se levantou, indo até sua cama e deitando-se na mesma – Não vai mesmo tentar?

-Não. – Carol ficou olhando para o teto por um tempo, até voltar a falar novamente – Falou com sua amiga? – perguntou sem olhar para mim.

Monster//DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora