17.

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-Senhorita Lima. – ouvi a voz da mulher no final do corredor e parei, olhando para trás e vendo-a andar até mim devagar.

- Sim? – perguntei quando ela já estava perto.

- Então, está gostando da estadia por aqui? – perguntou, colocando uma mecha de sua franja para trás. Assenti lentamente sorrindo.

- Claro, está ótima.

- E Carol? Como ela está? – perguntou e eu cerrei os olhos. Porque ela estava perguntando sobre Carol? Ela deveria saber.

- Está ótima. Ela está conversando bem mais comigo ultimamente. – sorri lembrando da garota.

- Ah sim. Ela é uma ótima garota. – constatou – Mas pelas costas... – franzi o cenho sem entender – Um monstro. – sua voz se transformou em um enorme eco que fez com que eu fechasse os olhos, abrindo-os depois e logo tudo estava escuro.

Olhei para os lados, agoniada e fechei os olhos com força novamente, querendo que aquilo voltasse ao normal. Ao abri-los, percebi estar em uma sala. Não era bem uma sala, e sim um quarto. Piso de madeira, janelas abertas. Eu conhecia aquele lugar. Estava noite. Olhei para o relógio na parede e o mesmo estava parado. Escutei um barulho atrás de mim e logo virei-me, vendo aquela garota entrar no quarto batendo os pés e chorando enquanto abria o armário ao meu lado.

Eu estava tirando as roupas do meu guarda-roupa enquanto escutava minha mãe gritar do andar debaixo como "César, nós criamos um monstro. Você sabe o que é isso? Um monstro!". Tentei não prestar atenção nos gritos e só na garota que nem me via ali, parada observando-a.

Ela pegou uma mala debaixo da cama e colocou algumas mudas de roupas e alguns livros e foi ao banheiro em seguida. Mordi o lábio, indo até a mala e vendo o livro que tinha colocado ali. O mesmo que emprestei para Carol da primeira vez, sendo que, ao invés do nome do livro, tinha escrito "Monstro".

Levei uma das mãos até os olhos e senti muita raiva. Muita raiva. Algo incompreensível.

-Merda! – falei alto. Abri os olhos novamente e percebi tudo branco. Um quarto branco. O quarto de Carol.

Escutei uma respiração pesada e virei-me, vendo a garota agachada no chão, com as mãos tremendo e a cabeça baixa. Fui até ela rapidamente e ajoelhei-me em sua frente.

-Carol... – sussurrei, a garota negou com a cabeça algumas vezes – Caroline...

- Um monstro... – ela resmungou – Eu sou... Um monstro. – e então Carol levantou a cabeça.

A garota tinha um enorme sorriso nos lábios e seus olhos tinham um brilho diferente. Aquilo não era Carol, franzi o cenho, levantando-me.

-Um monstro. - Aquilo me fez sentir uma dor terrível em todo o meu corpo, o que me fez gritar e cair no chão, abraçando meu próprio corpo.

E então eu acordei. Puxei o ar com toda minha força, sentando-me rapidamente. Olhei para os lados e ainda estava bem escuro e todas dormiam.

- Thaylise... – bati na cama de cima, ainda tentando respirar.

- Oi? – a cabeça dela apareceu rapidamente, vi sua enorme cara de sono preocupada – Aconteceu alguma coisa? – perguntou assim que viu meu estado.

- Tive um pesadelo. – falei baixo e vi Thaylise desaparecer – Carol...

Logo a morena desceu da cama, fazendo-me parar de falar e deitou-se ao meu lado, me abraçando.

- O que é isso? – perguntei enquanto ela me fazia deitar também.

- Foi só um pesadelo. Não fique pensando nessas coisas. – sussurrou – Dorme Day. – quando Thaylise falou isso, meus olhos se fecharam instantaneamente.

Monster//DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora