13 - Aconchego

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Ádril joga uma de suas flechas no guarda tirando a concentração dele, pego meu revólver atirando em algum lugar, Ádril corre e faço o mesmo. Escuto mais dois tiros, o guarda nos segue e tento sair de sua direção. Acompanho Ádril para não me perder e depois de minutos correndo desesperadamente paramos, acho que conseguimos distância suficiente para não sermos encontrados novamente.

– Acho que conseguimos. – Ádril diz quase sem fôlego.
– Meu tiro acertou ele? – Pergunto, com a adrenalina não pude ter certeza de muitas coisas, apenas instinto de sobrevivência pulsa pelo meu corpo.
– Não sei. Mas conseguimos, foi por pouco dessa vez. – Ele parece estar mais aliviado.
– O guarda não morreu... Afinal continuou nos seguindo. – Digo em voz alta para mim mesma do que para Ádril.
– Aprenda: você tem que seguir lutando sempre se quiser sobreviver, agora consciência pesada não vai te manter viva. – Sua voz soa um pouco severa, mas seus argumentos são apenas um conselho. – Vamos, não podemos ficar esperando sermos encontrados.
– Alguma ideia? – Pergunto enquanto andamos.

No caminho tem apenas árvores e mais árvores e posso jurar que já estou perdida até um barulho de tiro soar e não parece estar tão longe de onde estamos. Ádril corre e o acompanho, outro tiro soa e ele corre em outra direção. Paramos e de onde estamos podemos ver Rose apontando um revólver para um guarda alto e loiro que está sem nenhuma arma aparentemente e outro guarda atrás dela de cabelo castanho mira sua arma na direção dela. Encontramos Ícaro e nos juntamos a ele que parece está tendo o maior alto controle, em compensação Ádril parece meio descontrolado ou como alguém que está sem chão.

– Preciso de uma arma. – Ícaro diz sussurrando e passo o meu revólver ele que me dá seu arco e suas flechas.
– Só saia daqui se algum guarda te encontrar. – Ádril diz para mim.

Estou posicionada atenta a cada movimento, Ícaro aparece apontando sua arma na direção da cabeça do homem de cabelo castanho. Eles falam coisas que não consigo escutar e nem posso ler seus lábios. Meu corpo está tenso.

Tento pensar rapidamente pego uma flecha da aljava tento mirar da melhor forma possível, lembranças das aulas que tive passam pela minha mente e tento fazer tudo da melhor forma possível e de maneira rápida. Minhas mãos estão tremulas talvez pela tensão do meu corpo ou pela tensão do arco tracionado, não sei dizer ao certo. Respiro calmamente puxando o ar e inspiro devagar, solto a flecha e continuo segurando o arco. Olho para ver onde acertei e há uma confusão entre eles. O guarda loiro corre e abaixa para pegar um revólver que estava jogado por perto, Rose atira e o homem loiro cai novamente no chão.

Rose e Ícaro correm e eu os sigo, o mesmo faz Ádril que aparece um pouco distante, mas nos acompanha com facilidade, logo depois vejo Joe atrás de nós com o arco de Rose. Sabemos que nenhum daqueles guardas podem nos seguir, estamos um pouco longe e eles estavam machucados até onde percebi e o guarda de cabelos castanhos tinha uma flecha cravada em seu braço.

Paramos e todos estão ofegantes sem exceção, acho que estou começando a ficar boa em fugir e acertar outras pessoas se for pensar sobre o que Ádril me disse tenho que ser realista e não há tempo para ter pena de alguém, isso me entristece em parte, pois nunca quis o mal para uma pessoa, mas como não pedi para estar aqui, irei fazer o que for preciso nem que as medidas para isto sejam drásticas a ponto de ferir. Ádril escora em uma árvore com suas forças aparentemente esgotadas faço o mesmo olhando para o céu coberto por nuvens e galhos altos que fazem sombras, todos estão pensativos e tentando se recuperar do susto que tomamos.

– Qual dos dois atiraram no guarda? – Ícaro pergunta olhando enviesado para Joe e depois para mim e também olho desconfiada para eles.
– Eu atirei. – Respondo e apesar da sua pergunta ele não me agradece ou me repreende apenas fica pensativo.
– Por que? – Joe fala, pois não há motivo aparente para Ícaro fazer esta pergunta depois do que passamos.
– Isso me salvou. Estou te devendo uma Luara. – Ícaro informa.
– Não, não me deve nada. – Digo sendo séria.
– Tudo bem. Eu acho que tenho. – Ele afirma.
– Primeiro que eu não tentei... – Pauso porque não quero afirmar que pensei mais em Rose do que nele. – Na verdade, você já fez muita coisa por mim. – Digo olhando nos olhos dele e me deparo com um imã que me atrai.
– Temos que pensar em algumas coisas pendentes. – Rose me tira do meu transe interior. – Somos um grupo e fico feliz que estamos pensando como um e temos que decidir o que faremos.
– Temos que ir para o acampamento. – Ádril diz.
– Acho que já não estamos sendo seguidos, essa proposta é válida. – Joe fala de maneira calculada e como um médico preste a fazer uma cirurgia.
– Iremos para o acampamento vemos como está a situação, se os guardas estiverem lá nós lutamos. – Rose diz percebendo a obviedade. – Se as pessoas não estiverem mais lá vamos embora pegar a trilha. – Queria interromper para saber de qual trilha eles estão falando, mas ela continua. – E se os guardas ainda não chegaram até lá de qualquer maneira evacuamos o mais rápido possível.
– Tem pessoas feridas. – Joe diz parecendo ser analítico.
– É melhor irmos apesar dessas coisas que nos prendem, ficamos tempo demais por aqui. – Ádril diz, no entanto, são quatro dias que saímos de Mitridias.

A Outra Face da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora