10 - Pesadelo

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Abro meus olhos assustada, Joe vem em minha direção e dá um sorrisinho, fico com vontade de matá-lo o que eles fizeram comigo? Quando minhas mãos pararem de tremer vou descontar minha raiva, não sei em quem ou no quê.

– Dormiu bem? – Ele pergunta.
– O que vocês me deram? Por que ainda estou aqui? – Digo meio grogue sem parecer indignada.
– Iríamos te dar uma "vitamina", você se descontrolou, levantou bateu em Íris. – Enquanto Joe diz acho tudo bem e a parte que mato ela? Ele prossegue. – Saiu correndo até seu quarto, acertaram um calmante em você que em seguida cambaleou, tive que te carregar até aqui o que me fez ficar com um pouquinho de raiva, cansei meus braços com isso. – Ele sorri.
– Não tenho culpa se é um fracote. Não sou gorda, o problema aqui não é comigo. – Dou de ombros olhando para minhas mãos que estão fechadas.
– O problema aqui é com você sim. – Sua voz não soa severa. – Iria deixar algum desses guardas te trazerem, como sou um cavalheiro eu mesmo decidi cuidar disso.
– Íris está viva? – Minha voz falha, lembro a cada piscar de olhos de cada tiro que dei nela
– Claro, está achando que seu soco mal colocado mataria alguém? Malmente um olho roxo. – Quase poderia sorri ao imaginá-la, seria legal, prefiro controlar minha imaginação, estava quase lamentando por ela agora a pouco. – E o que deu em você para fazer isso? _ Ele pergunta.
– Não sei. – Olho para cima tentando trazer a motivo para meu cérebro processar.

Em primeiro lugar não matei Íris, repito isso para poder me convencer, foi tudo um pesadelo é a resposta mais lógica para tudo aquilo, não estou disposta para tentar entender, não por agora que sinto vergonha de mim por surtar e além de vergonha há um medo interior.

Joe fica sentado escrevendo algumas coisas, ele está pensativo e concentrado. Devo estar acordada há uns 15 minutos, não há muito o que fazer, parece que estou de castigo, pensando nisso qual será minha punição por agressão, não pensei nos meus atos e muito menos nas consequências.
– Joe, qual será minha punição? Por bater nela?
– Não sei, mas não vai ser algo tão ruim, acho que vai ter que explicar por que bateu nela.
– Para quem vou ter que explicar isso? O dono desse lugar? – Fico curiosa.
– Não, terá que se explicar para mim. – Sua voz é suave, porém ele olha para mim como se estivesse em um tribunal e o peso da culpa posso sentir em minhas costas.
– Por que faria isso? Eu não deveria estar aqui! – Digo as últimas palavras quase gritando. Saiu andando a procura da porta quando Joe puxa meu pulso.
– Não grita, por favor. – Ele pediu "por favor" e paro, como assim?! – Você tem que explicar para mim porque sou eu quem tem que relatar esses seus problemas de bipolaridade. – Sua voz é calma não do tipo "Sei o que estou fazendo e é bom colaborar".
– Está bem. – Puxo meu braço me desvinculando dele. – Achei que ela iria fazer algum mal para mim inserindo aquela agulha, bati nela porque sou uma descontrolada e não gosto dela. – Digo tudo de uma vez e me sinto aliviada, na verdade estou assim por terem me tirado da minha família.
– Sinto muito. Irei relatar outro motivo convincente e não será punida.
– Posso ir agora? – Digo parecendo estar cansada e nem quero rebater o fato do motivo convincente.
– Não, hoje provavelmente irá dormir em outro quarto. Isolamento, para a segurança de Rose.
– Conhece Rose? – Pergunto com um ar de total curiosidade e desconfiança.
– Conheço todos aqui. Sou médico.
– Mas sabe dos colegas de quarto de todo mundo? – Essa pergunta foi melhor e precisa.
– Não, é que você está se tornando um caso complicado, tenho que saber.
– Agora preciso ir ao banheiro. – Comento, Joe explica onde é o banheiro e fica no próprio consultório.

Passo perto das macas, dos armários com os remédios e depois entro no banheiro pequeno, lavo meu rosto para poder despertar, tirar o jeito de derrotada e arrumo meu cabelo desgrenhado, vou em direção a Joe que está conversando com um garoto ao chegar eles percebem minha presença fico branca como o jaleco de Joe. O garoto amigo de Ádril que me enforcava está olhando para mim agora e posso sentir o ar faltando, estou assustada por relembrar do que fez comigo em meu pesadelo. Seu cabelo ainda está raspado como vi nas poucas vezes que estive no mesmo lugar que ele. Odeio coincidências elas podem ser traiçoeiras.

A Outra Face da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora