06 - Perguntas

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Há uma luz queimando meus olhos é como se estivesse bêbada, conhecendo meu comportamento dos últimos dias é até uma ironia. Tudo é branco, o teto é branco, as paredes são brancas e minha memória está branca momentaneamente.

Estou em inércia deitada em uma cama que não é minha, não é tão macia, parece que há um peso sobre meu corpo. Esfrego meus olhos, passo a mão no meu cabelo e inclusive está como ontem, porém um pouquinho bagunçado.

– Nataly. – Digo como uma derrotada. – Nataly. – Forço um pouquinho e minha voz sai como quero.

Levanto... Cambaleio... Sento... E onde estou? Meu Deus, onde estou!?

– Nataly! – Vou até a porta, então dou murros nela grito mais uma vez. – Abre essa porra! Que merda! Não estou gostando disso, brincadeira idiota. – Ninguém responde e ninguém se importa.

Meu mundo gira, algo comparado com ficar sem chão em um quarto vazio feito sob medida para mim, onde está a pessoa que acaba com essa brincadeira? Isso é uma brincadeira? Tomara que seja.

Depois de cinco minutos sentada em perfeito estado de choque, poderia dizer que estou eletrizada por dentro, não tenho como acumular essa energia apenas em minhas mãos e quebrar estas paredes. Quero gritar, então é isso que faço. Gritos e mais gritos, xingamentos e mais xingamentos.

– Me tira daqui! Vocês já se divertiram! Seus idiotas! – Grito mais para mim mesma do que para "eles" já que ninguém responde.

Estou sentada num canto segurando minhas pernas em uma posição de medo, ódio, desespero e ainda não saiu nenhuma lágrima nem de pavor, estou tão vulnerável e me odeio. Não tem nada que eu poderia fazer para demonstrar força, sou apenas uma garota sem músculos, sem uma arma e sem saber onde estou.

Fico cansada de esperar, se passaram 5, 10, 15 minutos poderia arriscar que seria uma hora, ficar nessa posição encolhida incomoda, ser frágil me aborrece ainda mais. Olhando em volta... Uma cama, com roupas em cima e uma mesa, uma porta gigante de metal e não há dúvidas que estou presa.

Estava feliz em uma festa que iria marcar minha vida e pelo jeito já marcou só por estar aqui, depois de ontem será memorável. Procurava por Kenzo em uma parte do colégio, estava olhando a cidade da sala de dança e olha onde estou?! Como isto pode acontecer? Por que aconteceu comigo? Estão de brincadeira só pode, acho que alguém me drogou.

– Abre a porta! – Grito tão alto que minha voz sai aguda. – Abre! – Bato forte na porta de metal. – Merda! Cacete! Abre isto aqui. _ Procuro por algo e vejo uma cadeira, como não pensei nisto antes? Pego a cadeira que não é tão pesada e a lanço na porta. – Então quer dizer que vocês não iram abrir? – Tento ser irônica.

Arremesso uma, duas, três, quatro, cinco vezes e só consigo quebrar a cadeira. Por mais que não tenha nenhum espelho, sei que estou vermelha de raiva e aquelas lágrimas que guardei estão saindo agora como um rio, como um fluxo de sangue quente, como chuva de verão, como ódio evaporando. Isto é apenas um pesadelo é mais fácil pensar assim, irei ficar aqui por quanto tempo?

Já faz alguns minutos que estou sentada na cama, escorada na parede olhando para o nada. A cama onde estou é forrada por um lençol branco, há uma mesa quadrada pequena em um canto com duas cadeiras, um pequeno armário também de madeira e há um pequeno compartimento no quarto como um pequeno banheiro.

Agora quanto tempo se passou? Não sei se é dia ou noite, não sei o quanto dormi e nem o que virá. Fico ofegante e ansiosa, seguro a minha cabeça tentando lembrar de qualquer coisa que me ajude encontrar o porquê dessa situação.

Sinto um aperto no peito, quero minha família, meus amigos, onde será que Rafael, Diego ou até mesmo Kenzo estão. Queria ficar na minha casa assistindo filme ou ouvindo minhas músicas preferidas, qualquer coisa para fugir desta cena que não muda perante os meus olhos.

A Outra Face da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora