17 - Caminho certo

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Deixamos a rua em que estamos, nos dividimos e agora estou perto de Elis e Dreza umas das garotas mais fortes e me sinto segura por isso. Corremos por algum tempo até poder entrar em um coletivo, o motorista nem vê que estamos ofegantes, pagamos nossas passagens e em todo momento tentamos permanecer de cabeça baixa sem conversar muito, disfarçando ao máximo.

Caminhamos até chegarmos em casa, as mochilas estão pesadas, sinto um desconforto na metade do caminho, mas falta pouco. Olho para as meninas que parecem não se abater ou algo do tipo, respiro fundo sentindo o ar frio da noite, se fosse para correr agora acho que não conseguiria, minhas pernas não obedeceriam aos meus comandos, apesar disso permaneço firme

Quando chegamos percebo uma movimentação dentro da casa, Elis abre a porta e sou a última a entrar, todos fazem uma expressão de alívio, Rose é a primeira a vim me cumprimentar, depois Joe, ficamos aliviados por estarmos bem e nem sei como conseguimos isso. Ícaro é o último a falar comigo, não digo muita coisa, apenas afirmo que estou bem. Apesar do alívio sem maiores machucados estamos preocupados por alguma coisa poder ter acontecido, como câmeras ter nos flagrado e nos reconhecido ou algo assim.

– Onde está a Sam e o Hugo? – Dreza pergunta e me atento para ouvir a resposta.
– Ainda não chegaram, mas eles estão bem. – Rose informa.
– Sabe quando chegam? – Elis diz sentando no sofá.
– Não, não estou tendo contato com ela. – Rose responde. Percebo que ainda estou com a mochila pesada, vou em direção ao sofá e coloco a mochila lá, Ádril vem até a mim e pega a mochila.
– Vou levar para o porão. – Ele diz, pegando a mochila e colocando em suas costas.
– Te acompanho. – Apesar dele não ter me chamado, o sigo e ao todo são sete bolsas.

Voltamos para a sala e todos estão se arrumando para dormir. Simples assim, sem muita comoção nem nada, o jeito é esperar para ver se formos pegos ou não, não há outro lugar para nos refugiarmos e no fim acho que deu tudo certo, afinal já estaríamos todos presos. No fim da noite Rose e Ícaro vão para o porão, provavelmente para contar o dinheiro, deito e finjo estar dormindo.

                                                                                               ***

No dia seguinte fazemos coisas normais, acho incrível nossa capacidade de estar bem depois de tudo o que aconteceu ontem, simplesmente não consigo tirar da cabeça cada cena mesmo sendo tudo tão rápido. Fico um pouco apreensiva, sinto que a qualquer momento seremos pegos.

– Sam já está chegando? – Pergunto para Rose enquanto estamos na cozinha.
– Creio que sim. Estou um pouco ansiosa. – Ela admite.
– Também.

E assim nossa conversa acaba, fico imaginando quando chegarei na minha casa, mais uma vez não estou acreditando, porém me contenho. A porta se abre e vejo Hugo e logo depois Sam, Rose vai à direção deles e os cumprimentam logo os outros chegam estamos reunidos novamente.

– Passou a notícia sobre o assalto na TV. – Fico preocupada por um momento, no entanto se ela está aqui é porque não há nada de ruim. – Até agora não encontraram nenhuma pista, ainda desconfiam que foram pessoas da periferia.
– Ainda bem. – Rose diz aliviada.
– Preciso conversar com você. – Sam diz disfarçadamente para Rose.

Sigo Hugo para poder conversar com ele, saber se posso ver o meu e-mail, vou até seu quarto, bato na porta espero ele responder, bato de novo e ele aparece assim que termino de bater.

– Atrapalho? – Digo escorando na parede e sem nenhuma cara de quem está envergonhada por atrapalhar.
– Não. – Ele diz colocando os óculos.
– Você conseguiu internet? Tem como eu ver meu e-mail para tentar conversar com minha família?
– Não, mas eu posso tentar mais tarde, quem sabe você dá sorte.
– Obrigada, já vou. – Digo antes de sair. – Depois me avisa se conseguir.

A Outra Face da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora