14 - Algumas respostas

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As lágrimas secam e ainda estou abraçada com Ícaro, não me afasto nem sei como irei olhar em sua face, um dia ele estava em meu pesadelo, nos meus devaneios que passavam no meu interior, agora estou aconchegada em seus braços, sendo alisada por suas mãos, aquelas mãos que apertaram meus pulsos, que segurou com força minha garganta até perder meu fôlego.

Agora em meus ombros há o peso de uma tensão, tento não viajar no labirinto da minha mente, meu corpo está parecendo que foi levado por uma tempestade, apesar de tudo não sinto que fui reduzida, talvez seja a segurança que ele me passa, sou como estilhaços e ao mesmo tempo junto os cacos tentando não me cortar, essas são as sensações que tenho, me perco nas ambiguidades com tantas diversidades que me confundem.

Não fazia muito frio antes, agora na madrugada posso sentir um clima gelado mesmo tendo um refúgio, sinto a respiração de Ícaro na minha testa, retiro meus braços que estava envolta do seu corpo e essa cena acontece em câmera lenta, inclino meu pescoço para trás para ver seus olhos e ele tem uma expressão pensativa como quando o vi em outro momento. Dou um passo para trás e ele percebe que estou me afastando, espero que diga algo, mas ele apenas me encara.

– Desculpa, não queria incomodar. – Digo baixinho.
– Não é incomodo algum. – Ele responde acariciando minha bochecha.

Ele dá um sinal para mim e percebo que é para ir para a sala, vou até o colchão que estava, deito novamente e ele faz o mesmo. Embora esteja parecendo fraca não consigo me lastimar como antes ou me achar inútil, não tenho tempo para depreciação própria. Não demora muito para meus olhos pesarem.

                                                                                       ***

Quando acordo vejo uma pequena movimentação na casa com todos fazem algo, passo minhas mãos pelos meus cabelos bagunçados, pego a minha mochila e vou até o banheiro, chegando vejo que ele é grande, me olho no espelho e começo a me ajeitar. Quando termino vou andando até a cozinha e vejo Joe.

– Dormiu bem? – Joe pergunta e penso na possibilidade de Ícaro ter dito o que aconteceu ontem.
– Em boa parte da noite sim. – Respondo sem mentir, afinal depois que fui acalmada não tive mais nenhum sonho ruim. – Acho que meu psicológico está começando a ficar fudido. – Admitindo pensando em tantos momentos de choro e desespero interno e vejo que está abalado há muito tempo.
– Sou médico pode me contar qualquer coisa. – Joe diz enquanto andamos até a cozinha.
– Não é tão sério. – Digo lembrando o ataque de lágrimas e pondero.
– Pão? – Joe me oferece e pego, queria mesmo era comer o mais rápido possível para aquietar minha fome, mas prefiro disfarçar.
– Onde conseguiu isso? – Pergunto estranhando dando a segunda mordida.
– Tenho algum dinheiro guardado. – Ele diz me passando um copo com leite.
– Se eu pudesse ajudaria também. – Digo.
– Tenho que conversar com Rose. Daqui a pouco volto. – Ele reponde enquanto anda.
– Obrigada por tudo. – Digo antes dele sair.

Aprecio meu pão não com tanta pressa como estava antes, estou escorada na pia enquanto vago meus pensamentos sobre como devo fazer para ir embora e algumas questões pendentes que quero saber, principalmente aquelas que envolve como que este grupo conseguiu sair de um lugar que parece ser tão poderoso ou o porquê de Rose ter voltado me chamando para ir com eles e não posso esquecer de conversar com Ícaro sobre ontem, mesmo não tendo tanta desculpa em relação ao meu comportamento.

Volto para a sala e começo ajudar uma garota. Estamos arrumando a casa, apenas tirando a poeira de alguns moveis, arrumando os colchões, pois possivelmente iremos ficar mais de um dia aqui e decidiremos onde cada um irá dormir. Não tem muito o que fazer na casa, há uma televisão antiga, nos quartos há armários, arrumamos um aspirador de pó velho, mas não utilizamos por enquanto que não há energia. Pensei que a casa antiga dos avós de Ádril não tivesse em bom estado, mas é muito boa apesar de tudo.

A Outra Face da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora