02 - Reencontro

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– Estava comemorando meu aniversário. – Tento dizer, porém, soa engraçado.
– Onde você estava a essa hora da madrugada? – Sua voz está rouca.
– Madrugada? E onde você estava? – Falei lentamente não para irritá-lo, mas porque minha voz não estava me obedecendo e ele parece ficar mais bravo.
– Vá para seu quarto você não está em condição de continuar se explicando... Se é que existe explicação para isto. – Ele se virou em direção ao escritório.
– Desculpa. – Digo andando seguindo meu pai.
– Não quero conversar com você neste estado. _ Ele fala parecendo estar mais calmo, embora ele não esteja.
– Eu só estou... Bêbada! – Quando termino de dizer não consigo me conter e vomito na frente do meu pai. Ele se vira para mim, porém não me dá atenção e quando olho para ele de novo já não está na sala.

Olho para parede e cambaleio para trás de repente fico com a visão turva, tento arrastar minhas pernas e minha visão voltou junto com o enjoou. Chegando no meu quarto vou ao banheiro e despejo no vaso sanitário todo líquido que estava no meu estomago retiro minha roupa entro debaixo do chuveiro, levo alguns minutos tentando me equilibrar em pé sem ânimo para pegar o sabonete, pego a toalha me enxugo vou em direção a cama e deito sem esperança de levantar e limpar toda a bagunça que fiz.

                                                                                              ***

Ao despertar percebo que deve ser meio dia e ninguém me acordou para ir à escola, minha vontade é de levantar, porém minha cabeça dói parece que algo perfurou meu crânio, o quarto não está iluminado por sorte as cortinas estão fechadas ao menos as luzes não iram queimar meus olhos, não sinto vontade de levantar, estou faminta e sinto uma imensa vontade de beber água.

A dor de cabeça continua torturando enquanto tomo banho quente, até parece que ontem não tomei uma chuveirada, meu sono foi tão pesado suei como quem faz caminhada e praticamente hibernei. Escovo meus dentes para retirar o que restava de vestígio de álcool em mim, única coisa que resta é enfrentar os olhares reprovadores.

– Bom dia. – Digo para minha mãe como se não tivesse nenhuma culpa.
– Boa tarde. – Ela responde num tom de voz consideravelmente educada e percebi que almoçava ao invés do café da manhã. – A noite foi boa? – Pergunta ironicamente enquanto pego um litro de leite na geladeira.
– Desculpa. – Foi única coisa considerável em mente que poderia falar. – Não acontecerá novamente. – Seu olhar ainda estava cravado em mim. – Prometo. – Mesmo assim sua carranca não se desfez.
– Você acha que pode me comparar com lamentações? Você sai por aí à noite não dá notícia para Vanusa e ainda chega de madrugada em casa? – Sua voz está alterada não a ponto de gritar e seu tom de indignação me fez pensar em tudo que fiz.
– Não foi minha intenção, Rafael me levou em uma festa para comemorar meu aniversário...
– Não acredito que ele estava metido nisso também.
– Não, não foi culpa dele. Rafael perguntou que horas eu deveria estar em casa e eu simplesmente falei para não se preocupar, então esqueci o horário se não fosse por ele nem chegaria àquela hora.
– Ao menos a festa estava ótima. – Seu tom foi de ironia, não pude me defender dessa vez. – Você me decepcionou.
– Não fale assim essa foi primeira vez em 18 anos. – A interrompi e voltei morder meu pão.
– O mundo hoje em dia oferece muitos perigos Luara. – Parecia que o pão havia se transformado em pedra pesando na minha garganta. – O que te faz pensar em sair se divertindo sem medir as consequências, não deixou nenhum recado e nunca usa a porcaria do celular, você me deixou preocupada.
– Achei que não seria nada demais.
– Espero que isto não se repita, não desta maneira, você sair sem dizer para onde vai, demora horas e ainda chegar naquele estado. – Ela se levanta da cadeira e sai sem terminar de almoçar com a metade da comida ainda no prato.

A Outra Face da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora