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meus pais estavam me esperando, como sempre faziam, quando claire e seu par me deixaram em casa. eles tentaram me convencer a sair com eles depois do baile, mas eu não quis. achavam que meu desânimo tinha a ver com o fato de eu não ter sido eleita rainha do baile. talvez fosse, em parte.ou isso ou a constatação de que jules mudou seu status de carrancuda a feliz depois do anúncio do resultado. talvez meu humor tivesse mudado por eu não querer sentir o que sentia por um garoto idiota.

minha mãe se esticou toda no sofá para me olhar. demorei um instante para perceber que ela estava procurando o bradley.

— ele não veio — resmunguei.

meu pai se levantou e bocejou. eu estava em casa. ele podia ir para a cama.

— ele podia ter te acompanhado até a porta, pelo menos — meu pai falou quando me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.

francamente, eu não queria contar tudo que tinha acontecido naquela noite, mesmo sabendo que meus pais ficariam contentes com a notícia do fim do namoro.

— estou cansada. obrigada por terem esperado. — abracei minha mãe e fui para o quarto. tirei o vestido de baile e o deixei no chão, sem me dar o trabalho de pendurá-lo com cuidado. não era uma lembrança que eu queria guardar.

vesti o pijama e, descalça, fui cumprir o ritual noturno de lavar o rosto e escovar os dentes. quando voltei ao quarto e avistei o vestido, olhos cinzas brilharam em minha memória. fiquei surpresa com a recordação que minha mente decidiu associar àquela peça de roupa. por que ele aceitou ser meu namorado de mentira, aliás? ele falou que não foi por causa do meu sorriso, mas fomos interrompidos antes que ele pudesse dizer o que o havia convencido. a curiosidade queimava dentro de mim. talvez ele me achasse bonita? fiquei ótima naquele vestido.

eu o peguei do chão e, com cuidado, coloquei sobre a cadeira da escrivaninha. por que eu estava analisando os motivos dele, afinal? não tinha importância. não fazia diferença. era cansaço mental. eu precisava dormir.

mas minha cabeça não desligava. eu continuava analisando. pensava no baile e no fato de metade do colégio ter assistido à encenação do fim de namoro com o falso bradley. amanhã todo mundo estaria comentando. eu não precisava de ninguém com pena de mim. como eu poderia dar um jeito nisso? entrei no twitter.


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pronto. agora todo mundo ia saber que eu estava bem. porque eu estava mesmo. muito bem. olhei para a tela e senti crescer em mim o impulso de apagar aquele tweet. dormir. eu só precisava dormir. tudo ficaria melhor de manhã.



[...]


não ficou. minha mente decidiu preencher a noite com sonhos sobre um garoto sem nome e seus motivos misteriosos. mesmo que eu quisesse falar com ele de novo, era um garoto a quem eu só teria acesso por intermédio de uma menina que me odiava. ela nunca me ajudaria a entrarem contato com seu irmão. provavelmente ele nem queria falar comigo de novo, mesmo que eu só quisesse conversar outra vez para matar minha curiosidade.

fake; corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora